Vamos lá!

Acredito em um livro como creio nos sonhos ,

dedico-me à troca de pensamentos como às pessoas que amo



sábado, 30 de junho de 2018

Revisão para a VE


Estudantes com dedicação, 
 
Nesta postagem farei uma revisão anual partindo das questões que cobrarei na VE. A prova constará de 10 questões. Vale 2,0 pontos (0,2 para cada questão). Se você ler atentamente todos os texto e itens antes de marcar a única alternativa FALSA para cada questão, terá um resultado melhor do que tentando colar do colega, pois as provas têm gabaritos diferentes. Por tanto, fique focado em suas reflexões e aprendizados nas aulas desse semestre.  

"(...) ao homem todas as coisas parecem naturais, nas quais é criado e nas quais se habitua (...)" ( Discurso sobre a servidão voluntária - La Boétie)

O trecho acima resume um ponto importante trabalhado ao longo de todo o semestre: a naturalização dos padrões aprendidos socialmente. Desde as primeiras dinâmicas sobre gostos, passando pelos texto do Paulo Freire, que dava dicas para o desenvolvimento do hábito de estudar, ressaltamos que o ser humano é construído a partir de treinamento social. Até a capacidade humana de refletir e questionar é treinada culturalmente e inicia-se com o hábito de imaginar e planejar. Para questionarmos a servidão de qualquer pessoas precisamos desnaturalizar padrões opressores. Uma função das ciências sociais no Ensino Médio é desnaturalizar o que aprendemos como óbvio. Assim, até para mudar padrões de estudo, aprendidos com a "Educação Bancária", é necessário bastante consciência, determinação e esforço de quem o faz.

 As ciências sociais  desenvolveram métodos e técnicas de pesquisas para compreender os padrões, de maneira a evitar as naturalizações trazidas na formação de quem investiga. A Antropologia urbana estuda temas próximos ao pesquisador, exigindo mais rigor metodológico. O recurso de estranhar o conhecido, desconstrói analiticamente preconceitos do senso comum. Apesar de ser um conhecimento útil na adaptação social, o senso comum é permeado de preconceitos que reproduzem opressões históricas, como as de raça e gênero. Assim, métodos sistemáticos para testar hipóteses podem ser úteis a qualquer cidadão, como vimos no filme Erin Brockovich. Quando ficam restritos à universidade, deixam de potencializar a compreensão e empoderamento de todos aqueles excluídos dela. Projetos de pesquisa e fóruns no ensino médio podem servir como meio para os alunos expressarem sua opinião cotidiana, mas devem principalmente estimular o espírito investigativo, a organização coletiva, a quebra dos preconceitos, com o estranhamento e desnaturalização dos padrões vividos.

(...) entre tantas outras discussões necessárias ou indispensáveis, é urgente, antes que se nos torne demasiado tarde, promover um debate mundial sobre a democracia e as causas da sua decadência, sobre a intervenção dos cidadãos na vida política e social, sobre as relações entre os Estados e o poder econômico e financeiro mundial (...) (José Saramago - Este mundo de injustiça globalizada - PAS/UnB)

Analisando o trecho acima à luz dos filmes "Erin Brockovich", "O risco de uma história única" e "Lute como uma menina",

Podemos reconhecer que grandes empresas muitas vezes prejudicam comunidades para obter lucro sem responsabilidade social. Isso foi visto também claramente no filme sobre a água e a Nestlé, quando fomos ao Cine Brasília. Nessa perspectiva, devemos entender a participação política e a democracia para além do voto. Para resolver todas as mazelas sociais não basta votarmos corretamente e depois das eleições cada um voltar a cuidar da sua vida pessoal. Causas Sociais sucumbem quando a socialização individualista prevalece, assim necessitamos nos mobilizar. A democracia pressupõe que o povo de fato influa nos rumos da sociedade e isso transcende o ato de votar. A democracia precisa ser discutida e principalmente treinada nas famílias, escolas, igrejas, Estado, mídia, quebrando o individualismo e as injustiças, exercitando o diálogo, a organização coletiva, o senso crítico e a responsabilidade social.

Infelizmente, há um padrão hegemônico de socialização fragmentada em nosso meio, desestimulando relações e reflexões profundas. Várias dinâmicas foram feitas nas últimas aulas para elucidar esse fato social. Partimos do questionamento do jogo "danças das cadeiras" para mostrar que muitas vezes somos socializados para "nos dar mal" com as pessoas, aumentando preconceitos e violências. Em diversos grupos sociais há socialização permeada por ideologias machistas, racistas, classistas e individualistas. As brincadeiras e jogos treinam as crianças para viver dentro do padrão social. Como vivemos em uma sociedade de solidariedade orgânica (Durkheim), existem padrões contraditórios na base de nossa socialização. Ao mesmo tempo nos dizem para amar o próximo e sermos gentis, naturalizam e estimulam a competição excludente, o isolamento, a desconfiança e a reação agressiva. Saber lidar com conflitos é aprendizado social importante em sociedades diversas e desiguais como a nossa.

A escola pode ser um bom espaço de treinamento democrático. Ao realizarmos fóruns, grupos de trabalhos, ciclos de debates, oficinas, treinamos atitudes democráticas. Técnicas de pesquisas podem auxiliar o cidadão a intervir de forma mais consciente e autônoma na sociedade. Os estudantes podem reunir condições de intervir coletivamente na construção da escola que querem estudar. Assim, além de assistir às aulas respeitosamente e fazer provas com atenção, temos diversas outras maneiras de contribuirmos para a escola e a sociedade ser melhor.

"Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL."(Trecho inicial da Constituição Brasileira)
 
"Você ri da minha roupa
Você ri do meu cabelo
Você ri da minha pele
Você ri do meu sorriso...
A verdade é que você
(Todo brasileiro tem!)
Tem sangue crioulo
Tem cabelo duro
Sarará crioulo..."(trecho canção Sandra de Sá)

A partir das aulas de Sociologia analisaremos os textos acima, relacionando com os filmes "Atlântico Negro", "O Povo Brasileiro, "Pro dia Nascer feliz" e "Lute como uma menina".

A valorização da igualdade e do bem comum é algo que vem sendo construído pela história e cultura.
O reconhecimento e respeito à pluralidade possibilita o aprendizado com a alteridade. Infelizmente, no Brasil, os jovens tem condições desiguais de educação escolar, gerando injustiça, violência e abandono. Valorizar a diversidade e superar as desigualdades é fundamental para construirmos uma escola melhor para todos.

Temos matrizes culturais diferentes formando nossa identidade, que nem sempre valorizamos. Existem contradições em nossa nação que influenciam nossas escolhas, mesmo que inconscientemente. Compreender nossa formação contraditória nos permite refletir e questionar os preconceitos aprendidos. Para a solução pacífica das controvérsias precisamos respeitar e apreiveitar as diferenças, inclusive religiosas.

O contexto social no qual o indivíduo está inserido condicionará seus hábitos e influenciará suas escolhas." Como nos tornamos quem somos?" é a questão central colocada neste ano em Sociologia e presente no PAS. O sincretismo cultural como elemento da identidade nacional, é evidenciado em algumas obras do PAS, como nos filmes citados acima e no do Jorge Amado. Esse filme explica como a ideia de um indivíduo puro, livre das influências sociais, apto a construir um país melhor, foi construída em uma época que ainda influi um pouco em nosso país. Porém, Jorge Amado é contra a eugenia e defende a democracia racial postulada por Gilberto Freire.

"Ela ia morrer mesmo. Eu só adiantei"(fala de entrevistada no filme "Pro dia nascer feliz")

 A fala acima é um alerta para a condição de anomia que vários jovens estão em sociedades como a nossa. Durkheim criou o conceito de anomia para definir a doença social que degradava as relações em sua época. A exclusão está na base da anomia, que para Durkheim pode ser superada reforçando-se as instituições sociais. Essas instituições devem socializar para a compreensão da diversidade como elemento fundamental em nossa sociedade, devendo ser apreciado. Se engajar na luta pela justiça só é possível se a pessoa trabalhar em grupo, incluindo pessoas diferentes de nós, que em geral tendemos a ter antipatia.

As ciências sociais trazem a diversidade de pensamento e de teorias como representações da realidade. A diversidade gera ambiente mais rico e criativo, porém precisamos aprender a lidar com conflitos decorrentes. Contextos de solidariedade orgânica são mais suscetíveis à anomia, construção social típica da modernidade. O fato social violência é uma construção contextual, portanto pode ser superada, desde que desnaturalizada e desconstruída, como mostrado no filme Escritores da Liberdade.
 

2 comentários:

  1. Professora Shirley agradeço por me ajudar hoje sei que talvez não leia este comentário mas gostei de suas explicações só acho que a discussão foi meio longo mas ajudou muito Grato João Pedro 1C

    ResponderExcluir
  2. Que bom!Fico muito feliz e ter podido ajudar. Bom recesso.

    ResponderExcluir