Vamos lá!

Acredito em um livro como creio nos sonhos ,

dedico-me à troca de pensamentos como às pessoas que amo



terça-feira, 21 de setembro de 2010

Textos prova interdisciplinar 3 ano - Tema: Crise de Paradigma - 3 bimestre

TEXTO I
Vida: viver a crise de paradigmas
Reconhecer a falência de nossas certezas é tomar consciência da crise paradigmática que vivemos. Nossos parâmetros de verdade – aqueles de nossos pais – não são os mesmos e não conseguimos mais agir como nossos pais, como pensava o músico e poeta. Somente a tomada de consciência da crise pode nos libertar do jugo do eterno fracasso de nossas tentativas e erros repetidos, por teimar em ajustar nossos saberes mofados à nossa vida teórico-prática. É preciso voltar a ser a criança dos por quês. Como diz Santos, em Um discurso sobre as ciências, é preciso fazer as perguntas simples de Rousseau, embora nossas respostas já não sejam tão simples. Mas precisam ser outras.
Quem sabe não seria bom sentarmos com velhos e crianças para discutir nosso futuro juntos, respeitando todas as vozes, sem o compromisso com o paradigma dominante, mas com o resgate do humanismo perdido? Enquanto não ficar mais claro para nós que nossa insistência em estabelecer um o que fazer, baseado em uma confiança epistemológica e metodológica modernas, plantadas pela razão matemática – e não estamos falando que se deva esquecê-la –, inviabiliza-se um como fazer: outro, que não precisará ser dito, como era feito na modernidade, mas criado a cada contexto pelos participantes dos problemas a serem solucionados. Daí a necessidade do ensino desenvolver a capacidade crítica e criativa.
Os novos o que fazer e como fazer serão locais e organizados por seus participantes, e devem ser registrados para diálogos globais. Decididamente descobrimos que a vida não vem com manual. A vida é uma permanente crise, construída de conflitos e imprevistos. Para vivê-la precisamos estar atentos todos os dias, sem esquecer nossa caminhada. Nossas convicções são limitadas e devem estar conscientes disso sem pesares. Daí que a solidariedade passa a ser nossa única saída, porque fazemos parte de uma mesma vida (Gaia). Morin e Kern vão dizer:
“... a Terra não é a adição de um planeta físico, mais a biosfera, mais a humanidade. A Terra é uma totalidade complexa física/biológica/antropológica, na qual a vida é uma emergência da história da Terra e o homem uma emergência da história da vida terrestre. A relação do homem com a natureza não pode ser concebida de forma redutora nem de forma separada. A humanidade é uma entidade planetária e biosférica. O ser humano, ao mesmo tempo natural e sobre-natural, tem sua origem na natureza viva e física, mas emerge dela e se distingue dela pela cultura, o pensamento e a consciência.” ( 2000:167)
A vida cotidiana nos chama a reformar nosso pensamento muito mais do que as reflexões de nossos pensadores, que fizeram isto antes de nós. O reducionismo científico que ajudou a produzir esta cultura, entendida como civilizada, desaponta nossos sonhos relutantes de um mundo melhor. Somos levados a crer que já está exposto o reconhecimento de que a dicotomia criada entre o senso comum e o senso crítico começa a diluir-se.

Por VIRGÍNIA MACHADO          
Professora do Departamento de Educação da Fundação Universidade Federal do Rio Grande. Pedagoga (FURG) e Mestre em Educação (UFRGS)


TEXTO II
O Conto Perdoando Deus, de Clarice Lispector, mais uma vez traz à tona a ótica peculiar da autora sobre a vida, o amor  e sobre Deus. Uma perspectiva que rompe com todas as estruturas quase que ‘solidificadas’ do leitor, lançando-o à aventura de se conhecer ou reconhecer. Já não há mais certezas, porém o que importa é a procura. Leia o fragmento abaixo, retirado esse conto e, depois, responda às questões.....
 
                    PERDOANDO DEUS (fragmento) Clarice Lispector
 (...)Porque eu me imaginava mais forte. Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil. É porque eu não quis o amor solene, sem compreender que a solenidade ritualiza a incompreensão e a transforma em oferenda. E é também porque sempre fui de brigar muito, meu modo é brigando. É porque sempre tento chegar pelo meu modo. É porque ainda não sei ceder. É porque no fundo eu quero amar o que eu amaria – e não o que é. É porque ainda não sou eu mesma, e então o castigo é amar um mundo que não é ele. É também porque eu me ofendo à toa. É porque talvez eu precise que me digam com brutalidade, pois sou muito teimosa. (...)
TEXTO III
“A própria evolução da história ultrapassa, hoje, a capacidade que tem os homens de se orientarem de acordo com valores que amam. E quais são esses valores? Mesmo quando não são tomados de pânico, eles vêm, com freqüência, que as velhas maneiras de pensar e sentir entraram em colapso, e que as formas incipientes são ambíguas até o ponto de estase moral. Será de espantar que os homens comuns sintam sua incapacidade de enfrentar os horizontes mais extensos à frente dos quais foram tão subitamente colocados? Que não possam compreender o sentido de sua época e de suas próprias vidas? Que – em defesa do eu – se tornem moralmente insensíveis, tentando permanecer como seres totalmente particulares? Será de espantar que se tornem possuídos de uma sensação de encurralamento?
            Não é apenas de informação que precisam – nesta Idade do Fato, a informação lhes domina com freqüência a atenção e esmaga a capacidade de assimilá-la. Não é apenas da habilidade da razão que precisam – embora sua luta para conquistá-la com freqüência lhes esgote a limitada energia moral.
            O que precisam, e o que sentem precisar, é uma qualidade de espírito que lhes ajude a usar a informação e a desenvolver a razão, a fim de perceber com lucidez, o que está ocorrendo no mundo e o que pode estar acontecendo dentro deles mesmos. É essa qualidade, afirmo, que jornalistas professores, artistas e públicos, cientistas e editores estão começando a esperar daquilo que poderemos chamar de imaginação sociológica.”

A Imaginação Sociológica de Wright Mills 1959, EUA

sábado, 18 de setembro de 2010

Textos prova interdisciplinar 2 ano - Tema: Séc. XIX e seu legado - 3 bimestre

TEXTO I

Quando a preocupação com a vida social emergiu, as bases da vida em sociedade se modificaram radicalmente na Europa. O capitalismo se constituía como modo de produção a partir do surgimento de uma nova classe social – a burguesia – promotora das grandes revoluções modernas. A vida urbana se tornava uma característica dominante no mundo, submetendo o mundo rural, assim como a indústria subordinava a agricultura aos seus interesses.
Um expansionismo sem precedentes punha em contato direto – de forma irreversível e abrangente – as mais distantes e diferentes populações do mundo, lançando as bases daquele fenômeno que chamamos hoje de globalização. Enquanto isso, a organização dos povos sob a forma de estados nacionais se universalizava.
No campo das idéias, a pesquisa científica e as descobertas tecnológicas tornavam-se uma meta cultural e social da maior importância. O individualismo emergia como valor essencial de identidade humana, relegando a segundo plano outras formas de identidade, como a família, o clã e a linguagem. Pragmatismo, imediatismo e individualismo transformam-se e princípios universais e até em dogmas religiosos.
Ao lado de instituições que se universalizavam, desenvolvesse a idéia de que a humanidade é um todo que pode ser reunido num único processo histórico universal e globalizante. Surgem para explicar esse processo as mais diversas teorias da evolução histórica da humanidade.
Todos esses elementos que compõem o que podemos chamar de civilização ocidental despontam de forma mais nítida na Idade Moderna e passam a constituir, no século XIX, o objeto da sociologia, o que faz dela a ciência da modernidade.
(Trecho retirado do livro: Sociologia –  Introdução à ciência da sociedade – autora Cristina Costa - pg 296)
TEXTO II

FRAGMENTO DA OBRA ‘QUINCAS BORBA’ DE MACHADO DE ASSIS
TEORIA HUMANITISTA DE  QUINCAS BORBA
  • "– Não há morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas, pode determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há vida, porque a supressão de uma é a condição da sobrevivência de outra, e a destruição não atinge o princípio universal e comum. Daí o caráter conservador e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para transpor a montanha e ir à outra vertente, onde há batatas em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz, nesse caso, é a destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e todos os demais efeitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas." [Síntese do Humanitismo feita por Quincas a Rubião] cap. 6
  De forma bastante resumida, a frase significa que os vencedores podem desfrutar das batatas nos campos de guerra, simplificando ao máximo o Humanitismo e seu preceito básico de que, na luta pela sobrevivência, quem vence é o mais forte. Conforme a professora Ana Maria Lisboa Mello, "a teoria do Humanitismo é pessimista e aponta para o absurdo da existência, opondo-se à filosofia do Humanismo, que valoriza o homem, colocando-o no centro de tudo".


TEXTO III
Visões de mundo, visões da natureza e a formação de paradigmas geográficos
Breves comentários sobre continuidades e mudanças no pensamento ocidental e na geografia moderna (séculos XIX e XX)

As relações entre contexto material, visões de mundo e visões da natureza presentes na geografia histórica ocidental até o século XVIII continuaram manifestando-se ao longo dos séculos subseqüentes. O século XIX caracterizou-se pela continuada ampliação do território sob a hegemonia capitalista, para garantir mercados e matérias-primas para as indústrias que se expandiam, mantendo-se ainda traços do colonialismo. A concentração e a centralização de capitais, bem como a emergência de crises, foram tendências que se particularizaram nesse século. Enquanto o capitalismo se expandia, o ideário do progresso e da evolução da humanidade, baseado no desenvolvimento da ciência e nos ganhos de um processo produtivo que se ampliava, servia de base ao pensamento da modernidade.
Na filosofia moderna do século XIX, manteve-se a dualidade entre tendências racionalistas e idealistas. Na linha racionalista, a principal corrente foi o positivismo, particularmente em sua forma evolucionista. O marxismo, surgido nessa época, influenciaria o pensamento do século seguinte. Na linha do idealismo, pode-se encontrar a filosofia da natureza, o romantismo, a hermenêutica e a fenomenologia. Também nessa época, começavam a se formular proposições que viriam a compor o ideário existencialista.
Próximo ao final do século XIX, como observam os autores espanhóis Josefina Gómez Mendoza, Julio Muñoz Jimenez e Nicolas Ortega Cantero, a racionalidade científica do modelo evolucionista entrou em crise. Esse sistema apresentava uma visão linear da evolução das sociedades, assumindo que o crescimento e o progresso se dariam de forma geral.  
            No entanto, evidências contrárias passaram a desafiar esses pressupostos, colocando em questão todo o paradigma.  As visões de natureza da época refletiam os pressupostos que serviam de base aos sistemas teóricos predominantes. Do racionalismo, vieram as idéias de separação entre sujeito e objeto e a visão da natureza como externa da natureza, internalizadas e revistas pelo positivismo. A visão determinista do século XVIII, da natureza como uma grande cadeia e da sociedade como parte dessa cadeia, seguiu as mudanças na filosofia e na ciência. O positivismo evolucionista via a lógica da natureza na dinâmica social, porém tendo o todo adquirido a forma de um grande sistema.
O marxismo, que privilegiava as relações materiais como base explicativa das mudanças sociais, via aspectos dialéticos na natureza, sendo esta concomitantemente condição e parte integrante do processo de reprodução social. Enquanto no processo de trabalho e nas relações de produção o ambiente influenciaria a sociedade, a sociedade, ao se desenvolver, progressivamente transformaria a natureza.
Nas correntes idealistas, haveria uma tendência a ver a natureza como dotada de autonomia, ligada à idéia de todo, conforme observa Gomes ao referir-se à filosofia da natureza (Gomes, 1996, p. 95-96). As variadas visões de mundo, combinadas a visões sobre a natureza ao longo do século XIX, exerceram influência fundamental sobre o pensamento geográfico da época, que foi objeto de sistematização científica.   Em seguida, desenvolveu-se um pensamento geográfico que enfatizou o determinismo ambiental e o positivismo evolucionista.
As dualidades presentes nas principais linhas de pensamento com relação à natureza também se refletiram na geografia. Por um lado, o racionalismo privilegiava a separação entre sujeito e objeto e a visão de uma natureza externa à sociedade e à cultura; por outro lado, as correntes idealistas tendiam a ver a natureza como espiritualizada e identificada com a totalidade. A geografia do século XX também manteve essas dualidades.

Lúcia Cony Faria Cidade
Professora do Departamento de Geografia do Instituto de Ciências Humanas da
Universidade de Brasília e do Centro de Desenvolvimento Sustentável – CDS/UnB.
Pesquisadora do Núcleo de Estudos Urbanos e Regionais – NEUR/CEAM/UnB.
Correio eletrônico: cony@unb.br


Textos prova interdisciplinar 1 ano - Tema: (Re) Nascimentos - 3 bimestre

TEXTO I

Tal como o sol renasce
Depois de uma tempestade
Eu renasci
Com sede de verdade

O sangue corre-me quente nas veias
Sentido o mundo, lutando por mim
Já não me conformo em observar por janelas
Já não desejo nenhum fim

Estou farta de esperar algo
Quero verdade, quero honestidade
Quero saber quem está comigo
Quero sentir a minha liberdade

Não quero ser mais a vitima da tempestade
Quero ser a sua causadora
E luto por isso com ansiedade
Sou uma eterna lutadora

Posso não saber se alguma vez fui amada
Mas sei que serei sempre admirada
E se já não o sou agora
Se-lo-ei na proxima hora

Se a disciplina antes não me dumou
Jamais me dumará agora
A fraqueza, hibernou
E agora ninguém me mandará embora!




TEXTO II
Renascimento Cultural
Renascimento é o nome que se dá a um grande movimento de mudanças culturais, que atingiu as camadas urbanas da Europa Ocidental entre os séculos XIV e XVI, caracterizado pela retomada dos valores da cultura greco-romana, ou seja, da cultura clássica. Esse momento é considerado como um importante período de transição envolvendo as estruturas feudo capitalistas.
As bases desse movimento eram proporcionadas por uma corrente filosófica reinante, o humanismo, que descartava a escolástica medieval, até então predominante, e propunha o retorno às virtudes da antiguidade. Platão, Aristóteles, Virgílio, Sêneca e outros autores greco-romanos começam a ser traduzidos e rapidamente difundidos.
O movimento renascentista envolveu uma nova sociedade e portanto novas relações sociais em seu cotidiano. A vida urbana passou a implicar um novo comportamento, pois o trabalho, a diversão, o tipo de moradia, os encontros nas ruas, implicavam por si só um novo comportamento dos homens. Isso significa que o Renascimento não foi um movimento de alguns artistas, mas uma nova concepção de vida adotada por uma parcela da sociedade, e que será exaltada e difundida nas obras de arte.
Apesar de recuperar os valores da cultura clássica, o Renascimento não foi uma cópia, pois utilizava-se dos mesmos conceitos, porém aplicados de uma nova maneira à uma nova realidade. Assim como os gregos, os homens "modernos" valorizaram o antropocentrismo: "O homem é a medida de todas as coisas"; o entendimento do mundo passava a ser feito a partir da importância do ser humano, o trabalho, as guerras, as transformações, os amores, as contradições humanas tornaram-se objetos de preocupação, compreendidos como produto da ação do homem.
 
Uma outra característica marcante foi o racionalismo, isto é, a convicção de que tudo pode ser explicado pela razão do homem e pela ciência, a recusa em acreditar em qualquer coisa que não tenha sido provada; dessa maneira o experimentalismo, a ciência, conheceram grande desenvolvimento. O individualismo também foi um dos valores renascentistas e refletiu a emergência da burguesia e de novas relações de trabalho. A idéia de que cada um é responsável pela condução de sua vida, a possibilidade de fazer opções e de manifestar-se sobre diversos assuntos acentuaram gradualmente o individualismo. É importante percebermos que essa característica não implica o isolamento do homem, que continua a viver em sociedade, em relação direta com outros homens, mas na possibilidade que cada um tem de tomar decisões.
 
Foi acentuada a importância do estudo da natureza; o naturalismo aguçou o espírito de observação do homem. O hedonismo representou o "culto ao prazer", ou seja, a idéia de que o homem pode produzir o belo, pode gerar uma obra apenas pelo prazer que isso possa lhe proporcionar, rompendo com o pragmatismo.

O Universalismo foi uma das principais características do Renascimento e considera que o homem deve desenvolver todas as áreas do saber; podemos dizer que Leonardo da Vinci é o principal modelo de "homem universal", matemático, físico, pintor e escultor, estudou inclusive aspectos da biologia humana.



TEXTO III
O Renascimento

A necessidade de voltar à Antiguidade greco-romana esteve presente em toda a Idade Média. Era como se o homem medieval nunca tivesse esquecido sua origem greco-romana. Foi assim com Santo Agostinho, Boécio, Carlos Magno e a Igreja em toda sua trajetória.
Mas essa relação com a Antiguidade não representava o desejo nostálgico de retornar a ela, mas implicitava o retorno ao Paraíso perdido por Adão e Eva. Os homens medievais sabiam que já eram “outros homens”, diferentes dos da Antiguidade. Queriam o poder, a ciência, a arte e a filosofia dos antigos adaptada ao seu mundo. Fazer renascer a produção intelectual da Antiguidade não significava retornar ao mundo antigo, significava criar a partir dos antigos.
A escolástica impulsionou muitos intelectuais, definidos como humanistas, que consultavam nas bibliotecas e nos mosteiros, manuscritos de autores da Antiguidade greco-romana para apreciar suas qualidades puramente literárias. Para tal retomaram os estudos de grego, latim e hebraico. Otimistas com relação ao mundo, os humanistas queriam retirar o conhecimento do confinamento em bibliotecas e mosteiros, tornar públicos os livros. O desenvolvimento das cidades, das universidades, favorecia o desenvolvimento de um projeto humanista, que queria fugir das interpretações que os escolásticos estabeleciam para os textos antigos, sem deixar de amar a Deus.
            Posteriormente homens como Leonardo da Vinci, contemporâneo de Michelangelo, criticaram a escolástica. Ela partiria do pressuposto que a verdade absoluta era a revelação de Deus. Essa verdade prévia impediria o homem de ‘navegar’ por onde quer que o pensamento pudesse levar. Nas pesquisas escolásticas, o resultado já seria conhecido de antemão, ou seja, antes de começar a pensar já se sabia onde se queria chegar. Para se contrapor a isso, Da Vinci afirmou: “A experiência não engana jamais”. Mas é impossível ignorar a presença da escolástica, da busca de conciliar razão e fé, no saber de homens como Da Vinci e Michelangelo.
            O Renascimento, cuja gênese (origem) se deu nas cidades italianas, ultrapassou fronteiras e favoreceu o surgimento de manifestações intelectuais e artísticas originais. Shakespeare, Erasmo de Roterdã, Thomas Morus, influenciados pelos italianos, renovaram, segundo as tradições do Norte, o pensamento do século XVI.  Porém a religiosidade não foi abalada com as inovações dos mestres italianos. A onipresença de Deus ainda determinaria as obras dos homens.

Adaptado de: Flavio de Campos e Renan Garcia. Oficina de História