Escola, divisão de tarefas, inclusão e união

Gente,

mais uma vez atrasei a postagem por causa das eleições. Felizmente correu tudo bem e estou com saúde para começar a semana. Nas aulas passadas trabalhamos os seguintes filmes em cada série:
1º ano: terminamos "Pro dia nascer Feliz"
2º ano: começamos "The Wall"
Mesmo trazendo questões diferentes eles tratam os seguintes aspectos em comum: educação escolar e seus problemas, violência e exclusão. A partir disso, relacionei os filmes anteriores e os trabalhos de turma utilizando o conceito de Solidariedade Orgânica de Durkheim. Nos primeiros anos aprofundei a questão trazendo o problema da anomia e fiz dinâmicas que questionassem na prática a naturalização da exclusão. Nos segundos anos, houve apresentações de grupos das leituras sobre Brasil e trouxemos análises distintas acerca da estrutura e conjuntura do nosso país. Em todas as turmas tentei reforçar a união, cooperação e o diálogo com a diversidade, como força básica do funcionamento da sociedade e possibilidade de construir alternativas às mazelas sociais. Os vídeos das turmas foram apresentados e discutimos como foi a vivência do trabalho em turma. Várias tiveram dificuldades de trabalhar efetivamente em coletividade, mas todos apresentaram os trabalhos. Acredito que vamos melhorando a cada trabalho, aprendendo a dividir melhor as tarefas e cada um tendo mais responsabilidade com o coletivo.

Avaliando o processo: painéis e recuperação

Bom dia,

hoje adiantei a postagem porque estou no atendimento aos pais e somente 10 responsáveis apareceram. Esperava ter um fila de pais questionando o rendimento baixo de seus filhos, pois em algumas turmas, como vi pelos gráficos que fizeram, o maior índice de reprovação foi na minha matéria. Começamos a discutir sobre isso nas últimas aulas e continuaremos na próxima semana, analisando os vídeos e painéis produzidos por vocês. Vejo que o maior problema para os resultados ruins foi a falta de leitura e escrita reflexiva, além da dificuldade de organização coletiva. Esses três aspectos serão trabalhados tanto no quarto bimestre, quanto na recuperação continuada. Aqueles que ficaram nos grupos 1, 2 e 3 podem entregar trabalho escrito com resumo crítico dos capítulos do livro didático dados no bimestre anterior, junto com as respostas dos exercícios ao final. É fundamental que todos os escritos sejam autorais, ou seja, elaborados pelo próprio estudante, sem cópias. Além disso, atividades culturais fotografadas com os colegas continuam valendo ponto extra, assim como o respectivo comentário crítico no caderno.
Sinto que as turmas estão bem chateadas comigo, mas entendo que isso faz parte do processo. Preciso tirar vocês da zona de conforto para ajudá-los a crescer. O trabalho de turma assusta e o pouco tempo para realizá-lo força que mais gente colabore para a produção sair no prazo. Dois painéis foram afixados e mais dois estão sendo elaborados agora. Todos têm coisas para acrescentar, mas já começaram o processo e isso é muito importante. Devagar e juntos chegaremos longe!

Eleições, adoecimentos e postura de pesquisador

Amores,

demorei 15 dias para escrever novamente por conta de um adoecimento que tive após as eleições. Fui convocada para trabalhar como mesária no primeiro turno e fiquei muito abalada física e mentalmente. Fiquei 4 dias de cama e ainda sinto enjoo e dores na barriga. Minha mente só pensava em calamidades públicas ocorrendo por conta da histeria coletiva em torno da polarização ideológica que está ocorrendo. Muitas notícias falsas, misturadas com verdadeiras, deixam todos apreensivos. O medo do outro, do diferente, da alteridade, cresceu muito, junto com a desconfiança. Tive que lidar com pessoas visivelmente alteradas e também fiquei tensa. Essa problemática também apareceu nos trabalhos individuais do primeiro ano, que aproveitei o período de licença para corrigir. Vários estudantes trouxeram preocupação com as polarizações atuais. Outros procuraram apenas expressar uma opinião sobre um assunto, sem se ocupar em pesquisar. Teve ainda os que simplesmente copiaram da internet opiniões e dados sem nenhuma análise ou mediação, como vemos várias vezes nas redes sociais. A abertura para visões diferentes, com postura de pesquisador reflexivo, é fundamental para quebrarmos esses ciclos viciosos de ignorância e violência que reproduzimos há séculos. A internet pode auxiliar na pesquisa ou prejudicar profundamente, dependendo da forma que a usamos. Se tivermos preguiça de ler e buscar várias fontes, estaremos fadados ao fracasso e à prisão em nossas próprias bolhas. O que tento treinar com nossas aulas é ampliar nossa compreensão social, de modo a criarmos soluções mais efetivas e benéficas do que simplesmente embater, renegar o outro que age ou pensa diferente do padrão adquirido por nós. Para tanto, é necessário ler, pesquisar, desenvolver empatia, se expressar de maneira respeitosa, ouvir com abertura e reflexão. Espero que melhoremos isso no quarto bimestre.