Vamos lá!

Acredito em um livro como creio nos sonhos ,

dedico-me à troca de pensamentos como às pessoas que amo



segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

Fechando o ano

Amores, mais um ano se encerra. Esse achei mais desafiador do que os anteriores. Foi bastante confuso e com muitas parcerias. Foram tantas, que nem consegui tempo para escrever a contento. Terminava um projeto engatada em outro. Pouco tempo para me organizar e refletir sobre os efeitos da minha atuação. Esse escrito final é para resgatar vários eventos que participamos nesse último mês e fazer uma breve autoavaliação.
No dia da VG (10/11), logo após a prova, já tivemos uma roda de conversa no auditório com estudantes do IESB de Saúde Mental. Foi um pedido de uma das turmas de PV, porque sentem falta de um espaço de diálogo sobre questões psicológicas. Poucos compareceram, aliás isso foi algo que também aconteceu nos outros projetos de saúde mental.
O projeto engajadamente terminou com a utilização do jogo on-line na aula de PV de quinta-feira. Infelizmente houve problemas técnicos e somente foi possível jogar pelo instagram. Talvez por isso a adesão tenha sido baixa. Mas quem jogou gostou. Segue o link para quem desejar jogar. É pelo chat do instagram: https://instagram.com/cade_o_kaue?igshid=YmMyMTA2M2Y=
Outro grupo do IESB trabalhou com uma pequena turma de PV da terça. Somente 8 estudantes aproveitaram e desses 2 participaram de todos os encontros. A princípio fiquei envergonhada e triste com a falta de engajamento estudantil, mas fiquei satisfeita com o trabalho das meninas. Me fez refletir em como posso lidar melhor com essas emoções desagradáveis de maneira útil à minha saúde e à minha profissão.
O GT de Saúde mental do nosso Simpósio foi o que teve maior número de inscrições. Mostrando que realmente é uma temática muito importante para nossa escola trabalhar. No próximo ano, os PVs serão em uma turma fechada ao longo do ano com um professor só para cada turma. A ideia é haver maior vínculo para podermos aprofundar em projetos sensíveis e urgentes como esses.
Outra parceria que tivemos nas aulas de PV foi o projeto TRIBOS. Ficou bastante desorganizado, como quase tudo nesse segundo semestre, porém enriqueceu nossa experiência escolar. As fotos e o passeio, com camisas e lanche, me deram uma sensação de sairmos do lugar comum e nos abrirmos para novos espaços e perspectivas.
Fiquei aborrecida de ver o desânimo viceral da maioria que aproveitou tão pouco ou nada dos projetos, que dão tanto trabalho para realizarmos... Porém, me enche de alegria ver quem aproveitou todas as oportunidades que lhes foram dadas.
No sábado letivo (19/12) de comemoração do dia da Consciênica Negra tivemos 30 minutos de apresentações bem marcantes para mim. Foi bonito ver o quanto estudantes ganharam confiança e desenvoltura ao longo do ano. Também é bom termos eventos de culminância para reforçarmos iniciativas e fortalecer a comunidade escolar.
Por isso, continuei aceitando apoio para eventos até o final. Nos ofereceram ônibus e lanche para irmos ao Circuito Nacional de Ciência e Tecnologia já em semana de copa, feriado e provas. Mesmo assim, achei que valia a pena encarar o desafio de achar interessados em cima da hora e em condições tão adversas.
Consegui 23 estudantes para ir, sendo somente 5 do vespertino. Mesmo assim foi muito bom! Conheci melhor a professora de matemática do matutino e vi várias oportunidades tantos para meu trabalho quanto para a minha família, que acabei levando depois em mais dois dias.
Meu filho, minha filha, meu marido, colegas e primos aproveitaram muito. Me sinto super bem quando meu trabalho contribui culturalmente para a minha vida pessoal. Essa é uma das coisas que mais gosto de ser professora!
Também inclui meu filho mais velho em nosso último projeto na escola que envolveu várias disciplinas: o Simpósio de Direitos humanos e Cultura da Paz.
A ideia inicial era ter um espaço para apresentação das pesquisas de vocês, com orientação dos estagiários que não tiveram aulas para exercitarem muito a docência. Além disso, era uma boa oportunidade para treinarmos o diálogo dentro de uma cultura de paz, com temas polêmicos que tanto pediram.
Foram 12 Grupos de Trabalho/ Debates com temas escolhidos por vocês. A adesão foi ótima! A maioria dos GTs fluiu bem. Os pequenos incidentes a gente procurou resolver com diálogo e com a culminância na mesa central:
Gostei dos relatos e mais ainda da coragem daqueles que enfrentaram a escola para colocarem suas ideias. Isso fomenta o protagonismo e o respeito à diversidade. Sei que o evento no auditório acabou ficando longo e alguns dispersaram no segundo momento, mesmo tendo visitantes tão ilustres com repertório musical/cultural tão belo e rico. Nos próximos anos, pretendo fazer somente um GT por dia, em que eu possa participar profundamente de todos e tenha como contribuir mais. Procurei contribuir com o debate trazendo 3 clipes que dialogavam diretamente com as temáticas propostas e as interligavam. O primeiro foi "Brasil com P", baseado na canção do Gog, rapper de Sobradinho -DF. Trata de injustiças estruturais no Brasil contra o negro, o pobre e a mulher. Também denuncia a violência policial e a política como espaço de corrupção que atenta contra a democracia. Essa música foi lançada em 2000, deixando visível que o problemas de 20 anos atrás continuam prementes. O segundo clipe, é mais leve. A música "Sal da Terra" de Beto Guedes foi lançada em 1981, trazendo problemas estruturais também, como a desigualdade e a questão sócio-ambiental, porém com um tom de esperança na união humana planetária. Esta é a nossa principal intenção com eventos como esse: a união consciente de nossa comunidade escolar. Por fim, passei esse clipe de uma música que sempre me emociona. Parece folclórica de natal e ano novo, mas na realidade é um hino de resistência contra as Guerras. Lennon e Yoko Ono escreveram "Happy Xmas War Is Over" em 1971, no auge da Guerra do Vietnam. Foram hostilizados pelo estado americano e quase deportados por conta dessa militância pacifista. Um filme muito interessante que conta essa história é "EUA contra John Lennon". Ele mostra o quanto é difícil pregar a paz em sociedades tão violentas. Por outro lado, a música bela e tocante, que hoje é sempre ouvida em todo o mundo nos finais de ano, mostra que podemos resistir e transformar com arte, amor e fé na humanidade. Feliz Natal e um maravilhoso 2023 para todos nós!!

domingo, 6 de novembro de 2022

Revisão para a VG com obras do PAS e projetos

Nesta semana teremos a nossa Verificação Geral (VG) que servirá como treino para provas do PAS-UnB. Será a mesma prova para todos do vespertino e valerá 2,0 na média para as disciplinas do bloco vigente e como recuperação para as do bloco finalizado. Para ajudá-los, faço aqui nossa tradicional revisão das questões de Sociologia, relacionadas com as obras do PAS e intercalada com fotos de projetos para deixar o texto mais agradável. Segue a primeira obra na qual tem 6 questões tipo A de Sociologia na VG: O entendimento de chuva que aparece na obra mistura diversos tipos de conhecimento como o artístico, o mítico, o científico e o senso comum. A própria ideia de sustentabilidade é transdisciplinar. O problema da água e ou da sustentabilidade é uma questão real e muito atual. Apesar do debate ideológico trazer opiniões diversas e as vezes antagônicas de como lidar com o meio ambiente, podemos encontrar soluções coletivas unificadas, desde que haja diálogo. Cada tipo de conhecimento cumpre um papel importante para a humanidade, a obra mostra bem como uma abordagem transdisciplinar acrescenta na compreensão do nosso mundo. Essa percepção ampliada da natureza em diversas perspectivas pode gerar soluções para a degradação ambiental. A memória coletiva pode ajudar na preservação da água ou da sustentabilidade, pois nos conecta e nos possibilita trabalharmos melhor coletivamente. Por isso, o clipe traz simbologias de diversas culturas em diálogo com as imagens de recursos naturais. A sustentabilidade é uma questão ecológica associada à cultura. O clipe traz diversos cenários e figurinos, evidenciando que a água está em todo lugar, levando-nos a conectarmos com essa beleza para querermos cuidar. A visão expressa na obra “Chuva” traz a diversidade etnica de nosso povo, mestiço e sincrético. Está presente elementos dos povos originários, das visões africanas e europeias sobre a natureza. Nesse sentido, busca ser sustentável, já que promove o diálogo e a cultura de paz. Em relação a essa obra do PAS fiz 3 questões tipo A, relacionando com conteúdos do Capítulo 6 do livro Natureza em Transformação. A “Tristeza do Jeca” não traz uma dor meramente individual, sem representatividade em outras músicas brasileiras. Ela se remete a muitas vidas que se modificaram a partir de políticas públicas de modernização da sociedade brasileira. O Brasil é um país que foi urbanizado rapidamente, com pouco planejamento e sem cuidado com os laços afetivos das pessoas. A partir da década de 1960 o êxodo rural foi intenso no Brasil, fomentado por uma lógica desenvolvimentista global. Gerou-se grandes impactos sociais e ecológicos com essa opção geopolítica internacional nos países periféricos. A “Revolução Verde” iniciada em países em desenvolvimento na década de 1960, aumentou os impactos ambientais, sem acabar com a fome, aumentando os riscos de sobrevivência ao planeta Terra e desenraizando diversas famílias do campo. Essa questão também é abordada em outra obra do PAS 1 : : Fiz 2 questões TIPO C a partir da obra acima e do que foi visto a partir das aulas e das leituras, para marcar a única alternativa FALSA. No clipe, o pai abandona a criança por falta de escolha, já que as condições no campo pioraram muito depois da entrada da tecnologia e da monocultura nos países em desenvolvimento. A dor da família, evidenciada no clipe, é comungada por várias que também tiveram que migrar do campo para a cidade, deixando para trás os modos de vida e laços que tinham. A “Revolução Verde” iniciada na década de 1960 no Brasil gerou uma grande onda de migração, na qual gerou crescimento desordenado das capitais e diversas mazelas sociais mostradas rapidamente no clipe. Além de gerar problemas sociais, a “Revolução Verde” também acarretou em desequilíbrio ecológico ao diminuir a diversidade vegetal e animal, utilizar agrotóxicos e extrair muita água e nutrientes da terra. Ainda analisando a Obra do PAS “Aos olhos de uma criança”, em diálogo com o texto de Ailton Krenak - "Ideias para adiar o fim do mundo" e “A Imaginação Sociológica” fiz a segunda questão tipo C, para assinalar o item FALSO. A música mostra diversas informações soltas que dificultam a compreensão da criança. Essa condição na modernidade é alvo de estudo de vários sociólogos. A biografia da criança está ligada à história mundial, de produção e distribuição de riquezas. Desigualdade, migração e problemas ambientais são questões estruturais, acima dos méritos pessoais. Assim, a tecnologia nem sempre ajuda a todos em todas as situações. Portanto, o que precisamos é inventar mais soluções sociais para acabarmos com a miséria, a degradação ambiental e a ignorância, aproveitando culturas arcaicas em diálogo com a modernidade. Estudar de maneira aberta e reflexiva, inclusive problematizando o conceito de "progresso", pode ser um primeiro passo para consertarmos erros históricos. A tecnologia intensifica processos de transformação e muitas vezes também a dominação. Aprender a utilizar a tecnologia em prol do cuidado global, mantendo a conexão com a natureza, é um desafio cada vez mais premente, que exige diálogo de diversas pessoas e visões. A Imaginação Sociológica, articulando diferentes formas de conhecimento (artes, filosofia, ciências, mito e senso comum), pode contribuir para soluções criativas e sustentáveis, de modo a construirmos um mundo mais colorido, interessante e esperançoso, como o é aos olhos de uma criança.
É procurando ampliar esse horizontes de conhecimento e diálogo que fazemos projetos e visitas para além dos muros da nossa escola. Nessa última sexta, uma das atividades foi a culminância artística do TJC no TRT, para a qual levamos 40 estudantes. Foi lindo, motivador e rico. Para quem ficou, tivemos nas aulas de PV o projeto TRIBOS e o projeto de Saúde Mental.
No sábado tivemos uma excelente palestra na UnB sobre democratização do acesso às universidade com dicas para o PAS e o ENEM com o professor Bruno Borges. Apesar de nenhum estudante da nossa escola ter ido, ficou a gravação pelo instagram: https://www.instagram.com/p/CknxP2GuciT/?igshid=YmMyMTA2M2Y=
Além de ampliar nossos horizontes de compreensão, esses projetos nos ampliam recursos sociais para agirmos melhor coletivamente e construirmos uma sociedade mais democrática. A última questão tipo C que cobrei na VG foi dentro dessa temática. Relacionando Democracia com Sustentabilidade, pedi para julgarem os itens e assinalarem a sequência de V (verdadeiro) e F (falso) correta ao final da questão.
Os governantes tenderão a se envolver efetivamente em políticas públicas mais sustentáveis quando a população votante considerar a questão ambiental como imprescindível. A questão ambiental é importante, e podemos fazer algo para mudar o destino fatídico que nos aguarda. Os governos serão menos corruptos e cuidadosos quanto mais participativos formos e evitarmos anular nossos votos e nossas vozes. Os problemas ambientais são tão emergentes quanto a corrupção e a fome mundial. Os governos devem investir na conservação da natureza inclusive como condição de alimentar pessoas e cuidar responsavelmente delas. Para resolver tudo isso, não adianta termos um líder forte para colocar ordem e gerar o progresso, precisamos de envolvimento efetivo de todos. Vários grupos hoje já sofrem com a degradação ambiental e muitas pessoas morrem por conta da falta de cuidado coletivo. Para melhorarmos essa questão precisamos nos conectar, dialogar com diversas vozes e construirmos soluções sistêmicas coletivamente. Os problemas ambientais não atingem todos igualmente hoje, por isso é importante falarmos de racismo ambiental. Sustentabilidade tem a ver com democracia, política, cultura, ideologia e economia, jamais uma questão meramente ecológica. Sendo um problema sistêmico, a degradação ambiental atingirá a todos em breve, mas por enquanto, a elite mundial opta pelos ganhos ações insustentáveis, já que os custos ambientais imediatos ficam para as comunidades mais vulneráveis. A democracia efetiva é fundamental para colocar os mais desfavorecidos no debate das decisões ecológicas.