essa semana foi para finalizações das pesquisas, mostrar resultados de vídeos, painéis e propagandas. Porém, todas as turmas continuam no processo de articulação coletiva para os fechamentos dos trabalhos. É realmente difícil se organizar coletivamente em uma sociedade que nos treina cotidianamente a sermos individualistas e alienados da nossa condição coletiva. Por outro lado, a solidariedade é a base de qualquer grupo social e ela persiste. Seguem vídeos que passei em algumas turmas tratando da questão:
1º ano:
1º ano:
Duas turmas (1ºL e 1º J) apresentaram bons vídeos. Infelizmente não consigo colocar aqui, mas enviarei pelo WhatsApp. Nos 2ºs anos, boas propagandas foram feitas e serão transformadas em campanhas coletivas com programação viabilizando ações práticas, para entregar na próxima terça.
Uma das campanhas já começou a ser realizada hoje com o manejo da agrofloresta do Centro Acadêmico de Ciências Ambientais na UnB. Foram 25 adolescentes, mesmo com a chuva. Como sempre, fiquei bem impressionada com a disposição e postura dos estudantes, o que me anima a continuar fazendo projetos e ser professora. A seguir algumas fotos:
Os universitários do CAAMB se colocaram à disposição de todos que quiserem visitar e participar dos manejos. No face eles divulgam as atividades: https://www.facebook.com/caambunb
Também falaram sobre um concurso para a logo da agrofloresta deles (Gaia). O vencedor ganhará uma camisa com a logo. Interessados em participar devem enviar sua criação ao e-mail: diretoriadocaamb@gmail.com
Na próxima semana farei mais um passeio, provavelmente dia 29/11 logo após as provas, agora ao Cine Brasília para ver o festival de cinema internacional LOBO FEST. A ideia é alugarmos um ônibus e vermos a sessão das 17h. Mas esse festival tem outras atrações interessantes. Sugiro que busquem no site: http://www.lobofest.com.br/ . As atividades são gratuitas. Uma legal é a seguinte:
Bom, agora vamos para a revisão voltada à última VE de cada série:
1º ano:
A prova constará de 10 questões. Vale 2,0 pontos (0,2 para cada questão). Se você ler atentamente todos os texto e itens antes de marcar a única alternativa FALSA para cada questão, terá um resultado melhor do que tentando colar do colega, pois as provas têm gabaritos diferentes. Por tanto, fique focado em suas reflexões e aprendizados nas aulas desse semestre.
"(...) ao homem
todas as coisas parecem naturais, nas quais é criado e nas quais se habitua
(...)" ( Discurso sobre a servidão voluntária - La Boétie)
O
trecho acima resume um ponto importante trabalhado ao longo de todo o
semestre: a naturalização dos padrões aprendidos socialmente. Desde as
primeiras dinâmicas sobre gostos, passando pelos texto do Paulo Freire,
que dava dicas para o desenvolvimento do hábito
de estudar, ressaltamos que o ser humano é construído a partir de
treinamento social. Até a capacidade humana de refletir e
questionar é treinada culturalmente e inicia-se com o hábito de imaginar
e
planejar. Para questionarmos a servidão
de qualquer pessoas precisamos desnaturalizar padrões opressores. Uma
função das ciências sociais
no Ensino Médio é desnaturalizar o que aprendemos como óbvio. Assim, até
para mudar padrões de estudo, aprendidos com a "Educação Bancária", é
necessário bastante consciência, determinação e esforço de quem o faz.
(...) entre tantas outras discussões necessárias ou
indispensáveis, é urgente, antes que se nos torne demasiado tarde, promover um
debate mundial sobre a democracia e as causas da sua decadência, sobre a
intervenção dos cidadãos na vida política e social, sobre as relações entre os
Estados e o poder econômico e financeiro mundial (...) (José Saramago - Este
mundo de injustiça globalizada - PAS/UnB)
Analisando o trecho acima à luz dos filmes "Erin
Brockovich", "O risco de uma história única" e
"Lute como uma menina",
Podemos
reconhecer que grandes empresas muitas vezes prejudicam comunidades
para
obter lucro sem responsabilidade social. Isso foi visto também
claramente no filme sobre a água e a Nestlé, quando fomos ao Cine
Brasília. Nessa perspectiva, devemos entender a participação política e a
democracia para além do voto. Para resolver todas as mazelas sociais
não basta votarmos
corretamente e depois das eleições cada um voltar a cuidar da sua vida
pessoal. Causas Sociais sucumbem quando a socialização
individualista prevalece, assim necessitamos nos mobilizar. A democracia
pressupõe que o povo de fato influa nos
rumos da sociedade e isso transcende o ato de votar. A democracia
precisa ser discutida e principalmente treinada nas famílias, escolas,
igrejas, Estado, mídia, quebrando o individualismo e as injustiças,
exercitando o diálogo, a organização coletiva, o senso crítico e a
responsabilidade social.
Infelizmente,
há um padrão hegemônico de socialização fragmentada em nosso meio,
desestimulando
relações e reflexões profundas. Várias dinâmicas foram feitas nas
últimas aulas para elucidar esse fato social. Partimos do questionamento
do jogo "danças das cadeiras" para mostrar que muitas vezes somos
socializados para "nos dar mal" com as pessoas, aumentando preconceitos e
violências. Em diversos grupos sociais há socialização permeada por
ideologias machistas, racistas, classistas e individualistas. As
brincadeiras e jogos treinam as crianças para viver dentro do padrão
social. Como vivemos em uma sociedade de solidariedade orgânica
(Durkheim), existem padrões contraditórios na base de nossa
socialização. Ao mesmo tempo nos dizem para amar o próximo e sermos
gentis, naturalizam e estimulam a competição excludente, o isolamento, a
desconfiança e a reação agressiva. Saber lidar com conflitos é
aprendizado social importante
em sociedades diversas e desiguais como a nossa.
A
escola pode ser um bom espaço de treinamento democrático. Ao
realizarmos fóruns, grupos de trabalhos, ciclos de
debates, oficinas, treinamos atitudes democráticas. Técnicas de
pesquisas podem auxiliar o cidadão a intervir
de forma mais consciente e autônoma na sociedade. Os estudantes podem
reunir condições de intervir
coletivamente na construção da escola que querem estudar. Assim, além de
assistir às aulas respeitosamente e fazer provas com atenção, temos
diversas outras maneiras de contribuirmos para a escola e a sociedade
ser melhor.
"Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia
Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a
assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a
segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores
supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na
harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução
pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL."(Trecho inicial da
Constituição Brasileira)
"Você ri da
minha roupa
Você ri do meu cabelo
Você ri da minha pele
Você ri do meu sorriso...
Você ri do meu cabelo
Você ri da minha pele
Você ri do meu sorriso...
A verdade é que você
(Todo brasileiro tem!)
Tem sangue crioulo
Tem cabelo duro
Sarará crioulo..."(trecho canção Sandra de Sá)
(Todo brasileiro tem!)
Tem sangue crioulo
Tem cabelo duro
Sarará crioulo..."(trecho canção Sandra de Sá)
A partir das aulas de Sociologia analisaremos os textos acima,
relacionando com os filmes "Atlântico Negro", "O Povo Brasileiro,
"Pro dia Nascer feliz" e "Lute como uma menina".
A valorização da igualdade e do bem comum é algo que
vem sendo construído pela história e cultura.
O reconhecimento e respeito à pluralidade possibilita o
aprendizado com a alteridade. Infelizmente, no Brasil, os jovens tem condições desiguais de
educação escolar, gerando injustiça, violência e abandono. Valorizar a diversidade e superar as desigualdades é
fundamental para construirmos uma escola melhor para todos.
Temos matrizes culturais diferentes formando nossa
identidade, que nem sempre valorizamos. Existem contradições em nossa
nação que influenciam nossas escolhas, mesmo que inconscientemente. Compreender nossa formação contraditória nos permite
refletir e questionar os preconceitos aprendidos. Para a solução pacífica das controvérsias precisamos
respeitar e apreiveitar as diferenças, inclusive religiosas.
O
contexto social no qual o indivíduo está inserido
condicionará seus hábitos e influenciará suas escolhas." Como nos
tornamos quem somos?" é a questão
central colocada neste ano em Sociologia e presente no PAS. O
sincretismo cultural como elemento da identidade
nacional, é evidenciado em algumas obras do PAS, como nos filmes citados
acima e no do Jorge Amado. Esse filme explica como a ideia de um
indivíduo puro, livre das
influências sociais, apto a construir um país melhor, foi construída em
uma época que ainda influi um pouco em nosso país. Porém, Jorge Amado é
contra a eugenia e defende a democracia racial postulada por Gilberto
Freire.
"Ela ia morrer
mesmo. Eu só adiantei"(fala de entrevistada no filme "Pro dia nascer
feliz")
A
fala acima é um
alerta para a condição de anomia que vários jovens estão em sociedades
como a
nossa. Durkheim criou o conceito de anomia para definir a doença
social que degradava as relações em sua época. A exclusão está na base
da anomia, que para Durkheim pode
ser superada reforçando-se as instituições sociais. Essas instituições
devem socializar para a compreensão da diversidade como elemento
fundamental em nossa sociedade, devendo ser apreciado. Se engajar na
luta pela justiça só é possível se a pessoa
trabalhar em grupo, incluindo pessoas diferentes de nós, que em geral
tendemos a ter antipatia.
As
ciências sociais trazem a diversidade de pensamento e
de teorias como representações da realidade. A diversidade gera ambiente
mais rico e criativo, porém
precisamos aprender a lidar com conflitos decorrentes. Contextos de
solidariedade orgânica são mais suscetíveis
à anomia, construção social típica da modernidade. O fato social
violência é uma construção contextual, portanto pode ser superada, desde
que desnaturalizada e desconstruída, como mostrado no filme
Escritores da Liberdade.
2º ANO:
A prova consta de 15 questões, de
0,2 cada, totalizando 3,0 pontos. Leia atentamente as questões,
julgue-as como verdadeiras (v) ou falsas (f), depois assinale a
sequência de v e f correta no final
desta prova para cada questão e marque a alternativa correspondente no
gabarito; Avalie de acordo com o que foi visto em aulas, filmes e livros nesse
semestre. Somente o gabarito terá efeito para correção. Questões
rasuradas ou à lápis não poderão ser questionadas após a correção. Boa Prova!
As ciências sociais somente estudam fatos sociais. A
exclusão e a ecologia são analisadas pela Sociologia como fato social: geral,
exterior e coercitivo. Mesmo a democracia e a ecologia muitas vezes sendo
consideradas utopias, são temas importantes às ciências sociais sempre voltadas
para a pesquisa e análise da realidade, com vistas à desnaturalização dos
padrões construídos. Existem fatos sociais indesejáveis aos valores
hegemônicos, tais como a violência e a degradação ambiental, que precisam ser
investigados para pensarmos em soluções.
O
consumismo, a competição excludente e o individualismo são típicos do
Capitalismo. O individualismo excludente é treinado e naturalizado desde a
infância, por jogos, ditos e ações sutis. Assim, ecologia, como o racismo e o
machismo, são temas importantes para refletirmos sobre as contradições da nossa
sociedade.
O
crescimento técnico e econômico nem sempre gera benefícios a todos, pois
depende da forma que é feito e aproveitado. No Brasil o crescimento econômico geralmente
gerou maior concentração de riquezas e de bens simbólicos. Com os dados
históricos, podemos discordar com o dito: "É preciso crescer o bolo para
depois dividir". Historicamente no Brasil, vemos que o salário mínimo
diminuiu ou se manteve igual a despeito do crescimento do PIB. Na época do
"Milagre Econômico", na ditadura militar, foi a época em que o
salário mínimo foi mais baixo, proporcionalmente.
No filme
"O menino e o mundo", vimos que o protagonista sempre foi pobre, com
poucas escolhas pessoais e desvalorização de sua qualificação. O
subdesenvolvimento é um lugar perene na divisão internacional do trabalho dada
historicamente. A dependência é perpetuada desde a colonização, sob o domínio
do capital estrangeiro no Brasil. Por isso, é errôneo, pelos olhos das ciências
sociais, afirmar que "somos dependentes simplesmente porque temos mais
preguiçosos e corruptos do que outros países".
A crise de 1929, potencializou a industrialização
brasileira. Porém, quando nos industrializamos, nos mantivemos dependentes, enquanto
capitalistas periféricos, com muitas contradições. Nossa industrialização não
significou rompimento com nossa condição de dependência, porque se sustentou
com o capital e empresas internacionais. Getúlio Vargas teve papel importante
no reordenamento da economia nacional, nesse momento de crise. Em momentos de
crises mundiais, em vários países o Estado assumiu a economia, como fez Getúlio.
A URSS, ficou fora da crise naquele momento, pois vivia uma economia
planificada. Nas economias planificadas o Estado gerencia a produção e a
distribuição econômica.
Desde pequenos adquirimos informações e valores que nos
levam a crer que os produtos europeus ou norte-americanos são melhores que os
nossos, como Carina no filme "A Máquina". A dominação cultural,
propagada pelas instituições sociais, tem papel importante na dominação e
concentração socioeconômica. "Nordestina" era pouco valorizada por
isso estava "morrendo". Por isso, muitos brasileiros acreditam
erroneamente que tudo que vem do Brasil é pior que nos outros países, achando
melhor importar produtos e cultura para nos modernizarmos, como visto no filme
"A máquina". Esse pensamento alimenta o ciclo da dependência iniciado
desde a colonização, pois desvaloriza nosso povo e piorando nossas condições de
trabalho.
O trabalho é um bem
coletivo, já que só pode ser realizado a partir de todo um legado
socioeconômico. Temos um desemprego estrutural naturalizado que prejudica
inclusive várias pessoas com boa formação. Trabalho infantil e escravo, assim
como abandono e insustentabilidade são problemas persistentes que precisam ser
estudados para produzirmos políticas públicas de correção ou superação.
Tendo em
vista os conteúdos abordados em sala, o dia da Consciência Negra e o capítulo
sobre Sociologia Brasileira analise as questões a seguir:
O Dia Nacional da Consciência
Negra é celebrado, no Brasil, em 20 de novembro. A ocasião é dedicada à
reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. A data foi
escolhida por coincidir com o dia atribuído à morte de Zumbi dos
Palmares, em 1695. A
palavra quilombo faz referência ao idioma banto, sendo uma referência para “
guerreiro de floresta”. A Sociologia tem como preocupação entender de que forma
as relações raciais foram construídas historicamente e seus reflexos na
atualidade. O preconceito racial existente no Brasil não é por “gota de sangue”, ou seja, racismo de marca, no qual se
seu avô é negro você pode ser alvo de preconceito racial. O racismo aqui é mais
voltado para a aparência e a identidade cultural do negro. De acordo com as
noções da pigmentocracia/ colorismo quanto mais escura for sua pele ou mais
marcados forem seus traços, mais racismo você irá sofrer, uma vez que o racismo
no contexto brasileiro é a partir do fenótipo do indivíduo. O conceito de democracia racial é questionado
hoje como um mito culturalista sem evidência estatística. O movimento negro
condena esse conceito por mascarar o racismo, assim como entende a categoria
"pardo" como sendo uma alternativa ruim para intitular a população miscigenada,
por motivo semelhante. A forma como a história da população negra foi contada é
baseada na narrativa da população branca, esse fenômeno pode ser intitulado
como história única. Vários filmes passados neste bimestre, mesmo quando tratam
de temáticas diferentes da racial, fazem paralelo ou reflexão sobre essa
questão. Por exemplo, podemos citar os filmes: "The Wall", "Que
horas ela volta" e "A Máquina", além de pequenos vídeos vistos
como a música "Manifestação".
Fazendo
um paralelo entre os filmes “Que horas ela volta”e os outros vistos neste
bimestre, vimos que as desigualdades e violências reproduzidas por séculos no
mundo ainda permanece em alguma medida. Todos evidenciam contradições de um
sistema alienante e violento para que haja reflexão disso. Relacionar informações, leituras, filmes,
experiências, amplia nossos conhecimentos e possibilidades.
De acordo com Florestan Fernandes a desigualdade social está
relacionada a escravidão. O empoderamento das mulheres, negros e de outras
minorias contribui para a democracia. O
livro didático tem posicionamento a favor das cotas raciais, já que contesta
quem a considera errada mostrando resultados positivos da política pública de
pesquisas feitas. Tendência ideológica ou moral em materiais didáticos ou no
processo ensino-aprendizagem são, na realidade, inevitáveis. O melhor que podemos
fazer é abrir espaço para a pluralidade de pensamentos por meio do debate, algo
feito constantemente ao longo do semestre. O debate deve partir de análises atuais baseadas em índices
demonstrativos estatísticos que orientam políticas públicas. Há diversas fases
de análise da desigualdade social no Brasil, de acordo com o contexto de cada
época. Os analistas sociais nem sempre
se colocaram ao lado do povo brasileiro, ou contra o racismo e a dominação.
Intelectuais são pessoas suscetíveis às ideologias vigentes de sua época, assim
como nós, por isso precisamos nos manter críticos, buscando diversas fontes
para incrementar nossa reflexão.