Vamos lá!

Acredito em um livro como creio nos sonhos ,

dedico-me à troca de pensamentos como às pessoas que amo



sábado, 27 de fevereiro de 2016

Estou de volta!

    Mais um ano se inicia. Mas este tem entusiasmo, ansiedade e sensações conflitantes a mais: volto depois de um ano de licença maternidade. Agora são 4 filhos para dividir minha atenção com as minhas 13 turmas de 38 estudantes cada (sendo que mais da metade não conhece meu jeito)! Isso me dá medo por um lado: será que vou conseguir ser boa mãe e professora? Por outro, me empolga, pois isso é o que sempre quis: vários filhos e pessoas para trocarmos ideias, afeto, experiências e crescermos juntos. Adoro desafios, diversidade e novidades!

   Então começou a semana pedagógica… Os professores vão chegando cada um no seu tempo. Se abraçam, beijam e trocam amenidades. Começa a primeira reunião de trabalho. Uma dinâmica de apresentação ocorre com desejos de paz, amor, tolerância e abertura ao outro. Depois um trecho da bíblia e uma oração cristã “abençoam” o grupo. A partir daí as agruras de ser professor vão se evidenciando paulatinamente.
   O diretor apresenta as leis que regem nosso edílico sistema educacional e chama atenção dos colegas para a responsabilidade com horários, coordenações e cargas. Lembra que o ministério público está investigando funcionários estatais e que está tentando rever a “regalia” das coordenações externas. Nas entrelinhas entendo: existem pessoas estudadas e poderosas que consideram o professor um “privilegiado” por ter “liberação” de 6 horas semanais para trabalhar em casa preparando aulas e corrigindo produções dos alunos. Neste momento tenho raiva! Sinto-me incompreendida, injustiçada e desvalorizada como profissional. Dedico muito mais tempo que isso fora da escola para conseguir um padrão de qualidade pedagógico razoável e ainda me acham folgada! Porém, consigo levar de maneira bem-humorada começando a escrever esta crônica e fazendo minha autoestima de leonina prevalecer.
   Agora começa o momento mais conflituoso: a discussão do calendário. Todo o projeto e ações coletivas do ano são decididas nesse momento. Ficamos um tempo quase insuportável discutindo reposições aos sábados… Aquele espírito de paz, harmonia e de ouvir o outro quase se esvai por completo… Felizmente as pessoas retomam o prumo e as questões, mesmo com posicionamentos as vezes acalorados, vão avançando. Os pontos mais controversos são: conselho de classe participativo, avaliações com pontuações, formas de executar projetos diversificados e datas de eventos que custem menos ao processo letivo e surtam maior efeito pedagógico. As votações são feitas. Perco algumas, ganho outras.
   No fim, tudo termina bem com lanche coletivo e reunião já com a coordenadora pedagógica escolhida democraticamente. Ideias vão surgindo e sendo trocadas, articulações de trabalho começam a se estabelecer, as parcerias nutrem, sinto-me revigorada, criativa de novo! Que venham as aulas!