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domingo, 25 de agosto de 2019

Poder, dominação e recursos

Amores,

nessa semana trabalhamos o texto "A fábula dos porcos assados" e o TED do músico Jarbas Agneli de 2009. Segue os dois materiais para análise seguinte:




A FÁBULA DOS PORCOS ASSADOS
 Original de G. Cirigliano - Trad. e Adaptação Silvio Laganá

Uma das possíveis variantes do velho conto sobre a origem do churrasco é esta: Certa vez aconteceu um incêndio em uma floresta onde havia porcos. Naturalmente ficaram assados. Os homens, acostumados a comer carne crua, provaram e os acharam muito gostosos. A partir daí, todas as vezes que queriam comer porcos assados ateavam fogo numa floresta... Até que descobriram um novo método. O que eu quero contar aqui, no entanto, é o que aconteceu quando tentou-se modificar o SISTEMA, para implantar um novo.
Já fazia algum tempo que as coisas não andavam bem; os animais muitas vezes se carbonizam, outras ficavam parcialmente crus, outras vezes ficavam de tal maneira queimados que se tornava impossível utilizá-los na alimentação.Considerando que era um procedimento montado em grande escala preocupava muito a todos, pois se o Sistema falhava tanto, as perdas eram muito grandes. Milhares de pessoas alimentavam-se desta carne assada, e também eram milhares os que tinham ocupações ligadas a esta atividade. Consequentemente o SISTEMA não deveria falhar. Curiosamente, no entanto, à mediada que a escala aumentava, mais parecia falhar e maiores perdas causava. Em função das deficiências, aumentavam as queixas. Já era um requisito geral a necessidade de reformar profundamente O SISTEMA. Tanta era esta necessidade que todos os anos se realizavam Congressos, Seminários, conferências, Jornadas para achar a solução. Apesar disso, parece que não se conseguia achar uma forma para melhorar o mecanismo, porque no ano seguinte voltavam a acontecer os Congressos, seminários, Conferências, Jornadas etc.
As causas do fracasso do SISTEMA, de acordo com os especialistas, deviam atribuir-se ou à Indisciplina dos porcos ou à inconstante natureza do fogo (tão difícil de controlar), às arvores excessivamente verdes, ou à umidade da terra, ou ainda ao Serviço de Informações Meteorológicas que não acertava com o lugar, o momento ou a quantidade de Chuvas, ou...As causas eram – como se vê – difíceis de determinar porque na verdade O SISTEMA para assar porcos era muito complexo: havia-se montado uma grande estrutura; uma grande maquinaria com inumeráveis variáveis, havia-se institucionalizado. Havia Indivíduos encarregados de acender: os Igníferos, que por sua vez eram especialistas setoriais. Acendedores de zona norte, de zona oeste, etc., acendedor noturno, diurno com especialização matinal ou vespertina, acendedor de verão, de inverno (com várias disputas sindicais sobre as jurisdições do outono e da primavera). Havia especialistas em vento: os anemotécnicos. Havia um Diretor Geral de Assamento e Alimentação Assada, um Diretor de Técnicas Ígneas (com seu Conselho Geral de Assessores), um administrador Geral de Florestamento Incendiável, uma Comissão Nacional de treinamento Profissional em Porcologia, um Instituto superior de Cultura e Técnicas Alimentares (I.S.C.T.A.) e a AGORIO (Agencia Orientadora de Reformas Ígneo-Operativas).
A AGORIO era tão grande que tinha um Inspetor de Reformas por Ca 7.000 porcos, aproximadamente. Era precisamente a AGORIO quem proporcionava anualmente os congressos, Seminários, Conferencias e Jornadas. No entanto estas ações pareciam só aumentar a burocracia da AGORIO. Havia-se projetado e se achava em pleno desenvolvimento a formação de novos bosques e selvas, seguindo as últimas orientações técnicas (em regiões especialmente escolhidas, em função de determinadas orientações, onde os ventos não sopravam mais que três horas seguidas, onde era reduzido o percentual de umidade, etc.). Havia milhares de pessoas trabalhando na preparação destes bosques que deveriam estar prontos para incendiar em determinadas datas. Havia especialistas da Europa e dos Estados Unidos, estudando a Importação dos melhores arbustos, árvores, madeiras e sementes; de melhores e mais potentes fogos; estudando idéias operativas – (ex.: como fazer poços para que caíssem os porcos), etc. Além disso, havia grandes instalações para conservar os porcos antes do incêndio, mecanismos para deixá-los sair no momento preciso técnicos em sua alimentação.
Havia especialistas na construção de estábulos para os porcos; professores formadores de especialistas na construção de estábulos para os porcos; universidades que preparavam os professores formadores dos especialistas em construção de estábulos para os porcos; pesquisadores que oferecem o fruto do seu trabalho as universidades que preparam os professores formadores dos especialistas em construções de estábulos para os porcos, fundações que apoiavam os pesquisadores que ofereciam o fruto do seu trabalho às universidades que preparavam os professores formadores dos especialistas em construção de estábulos para os porcos, etc.
As soluções que os Congressos sugeriam eram exemplos: aplicar triangularmente o fogo de V a-1 pela velocidade do vento sul; soltar os porcos quinze minutos antes que o fogo médio do bosque alcance os 47oC; outros diziam que era necessário instalar grandes ventiladores que serviram para orientar a direção do fogo.  E outras sugestões similares. Nem precisa dizer que pouquíssimos especialistas estavam de acordo entre si, e cada um deles tinha pesquisas e dados para comprovar suas afirmações.
Certo dia o Ignífero categoria SO/D-M/V-Ch (ou seja, acendedor de bosques com especialidade sudoeste, diurno-matinal, especializado em verão-chuvoso) chamado de João Bom Senso, disse que o problema era muito fácil de resolver. Tudo se resumia, segundo ele, que em primeiro lugar se matasse o porco escolhido, se limpasse e cortasse adequadamente e em seguida o dispusesse numa grelha metálica ou armação sobre umas brasas até que por efeito do calor e não de chama, cozinhasse e assasse ao ponto.
 – MATAR? - exclamou indignado o Administrador de Florestamento. - Como vamos conseguir que as pessoas matem? Hoje em dia quem mata é o fogo! Nós matarmos? Nunca!!!
Informado, o Diretor Geral de Assado, mandou-o chamar. Perguntou-lhe que coisas estranhas andava falando por aí e depois de escutá-lo, disse-lhe:
 – O que o Senhor diz está correto, mas só na teoria. Não irá nunca funcionar na prática, na verdade é impraticável. Vejamos, o que fará o senhor com os Anemotécnicos se por acaso se acatar a sua sugestão?
– Não sei. - Respondeu o João.
– Onde vão trabalhar os acendedores das diferentes especialidades?
– Não sei.
– E os especialistas em sementes, em madeiras? E os planejadores de estábulos de sete andares, com suas novas máquinas limpadoras e as pulverizadoras automáticas de perfume?
– Não sei
– E os indivíduos que foram ao exterior para aperfeiçoar-se durante anos. E cuja formação custou tanto ao país, - vou colocá-los a limpar porquinhos?
– Não sei.
– E os que se especializaram na participação e organização de Congressos, Seminários, Jornadas para a Reforma e o Melhoramento do Sistema, se o seu resolve tudo, que faço com eles?
– Não sei.
– O senhor se dá conta agora que a sua não é a solução que todos necessitamos? O senhor não acha que se tudo fosse tão simples os nossos especialistas já não teriam sugerido esta solução? Vejamos – quais os autores que dizem isto? Quais as autoridades que podem apoiar a sua sugestão? O senhor deve imaginar que eu não posso chegar para os Engenheiros em Anemotécnica e dizer que tudo é uma questão de colocar umas brasas sem chamas. Que é que eu faço com os bosques que foram preparados e estão prontos para serem queimados? Que só dispõem de madeira apta para o fogo e cujas árvores não produzem frutos, cuja escassez de folhas não serve para fazer sombra? Que é que eu faço? Diga-me!
– Não sei.
– Que é que eu faço com a Comissão Redatora do Programa do Assado, com seus Departamentos de classificação e Seleção de Porcos, Arquitetura Funcional de Estábulos, estatística e População, etc.?
– Não sei.
– Diga-me uma coisa. O Engenheiro em porcopirotecnia, o Professor Doutor J.C. da Grande Figura é uma personalidade científica extraordinária?
– É parece que sim.
– Bom o simples fato de contar com valiosos e extraordinários engenheiros em porcopirotecnia já indica que O SISTEMA é bom. Que é que eu faço com Indivíduos tão valiosos?
– Viu? O que o senhor tem que me trazer é uma solução para melhor utilizar os anemotécnicos, como conseguir mais rapidamente acendedores do oeste que é nossa maior dificuldade, como fazer melhores estábulos de oito andares em vez de somente sete como agora. DEVE-SE MELHORAR O QUE JÁ TEMOS E NUNCA MUDÁ-LO. Traga-me uma proposta para que nossos bolsistas na Europa custem menos, ou como fazer uma boa revista para estimular uma analise profunda do problema da reforma do Assado. É isto o que necessitamos. É isto que o país necessita. O que lhe falta é sensatez, meu caro Senhor Bom Senso. Diga-me, por exemplo, que é que eu faço com meu bom amigo (e parente) o Presidente da Comissão para o estudo do Aproveitamento Integral dos Resíduos dos Ex-Bosques?
– Na verdade, estou perplexo. – Disse João Bom Senso.
– Bom. Agora que conhece bem o problema, não vá por aí dizendo que o senhor resolve tudo. Agora o senhor vê que o problema é muito mais sério e não tão simples como imaginava. Uma pessoa de baixo e de fora diz. – “Eu ajeito tudo.”, deve-se estar dentro para conhecer o problema e as dificuldades. Cá entre nós, recomendo que não insista na sua idéia porque poderá trazer-lhe dificuldades com o seu cargo. Não é por mim! Falo Isto para seu bem, porque eu até entendo seu plano, mas poderá encontrar outro superior menos compreensivo, o Senhor sabe como são às vezes, não é?
O pobre João Bom Senso não abriu mais o bico. Sem despedir-se, entre assustado e aparvalhado, com a sensação de estar andando cabisbaixo, saiu e nunca mais foi encontrado. Não se sabe para onde foi.
Por isto que se diz que nas tarefas de reforma e melhoramento do Sistema, falta BOM SENSO.

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Tanto o músico quanto o João Bom Senso tiveram boas invenções, porém somente o primeiro foi reconhecido. Questionei em sala o porquê e obtive ótimas respostas. A partir das duas situações analisamos as dificuldades e possibilidades das inovações se estabelecerem. Vimos que alguns tem mais recursos que outros para influenciar em seu meio social. Porém, com as músicas do Chico Buarque, refletimos sobre o fato de que todos nós temos algum recurso que pode influenciar nas relações de poder em  nossa sociedade. Além disso, podemos adquirir novos recursos articulando o de outro e nos unindo: 




Para refletirmos o quanto sentimos poderosos ou não em diferentes contextos fiz uma dinâmica de "poderômetro" em quase todas as turmas (só faltou no 3ºG que farei por escrito) seguindo a tabela a seguir:



TABELA PARA AVALIAÇÃO DA SUA PERCEPÇÃO DE PODER EM DIFERENTES SITUAÇÕES:
O quanto sente que tem poder
bastante
algum
nenhum
Total *
trabalho




ESCOLA




família




colegas




espaços culturais




Igreja




Mídia (tv, cinema, propagandas)




INTERNET




Na sua quadra ou condomínio




partidos




CLFERDERAL




CLDF




Administração do bairro




Administração da cidade




Administração do país




Administração mundial




Enquanto consumidor




Como eleitor




Em questões legais ou jurídicas




em serviços médicos




Somatório das respostas (somar a quantidade de respostas, ou na coluna total os números correspondentes à explicação abaixo)










índice de percepção de poder: SOMA TOTAL/20=
*Colocar na coluna total para cada situação: 2 (se marcou bastante), 1 (se marcou algum) ou 0 (se marcou nenhum)

Na próxima postagem, colocarei o gráfico comparativo dos índices da turmas com algumas análises qualitativas mais detalhadas, a partir das próximas aulas. De qualquer maneira, peço para cada um fazer o seu "poderômetro" em casa e trazer nesta semana com a sua análise pessoal dessa experiência. Quem fizer isso ganhará décimos extras. 
A pesquisa é um grande recurso de poder, que treinaremos neste ano também. Ele desenvolve conhecimento sistemático para compreendermos melhor os problemas e criar possíveis soluções. 
Em sociedades como a nossa e a do João Bom Senso, hegemonicamente de DOMINAÇÃO BUROCRÁTICA, a pesquisa pode ser o ponto de partida para desenvolvermos recursos de enfrentamento dos obstáculos postos constantemente às tentativas de inovações. A DOMINAÇÃO TRADICIONAL também dificulta enormemente as invenções que questionam o status quo. Historicamente, grandes invenções só foram implementadas por meio de DOMINAÇÃO CARISMÁTICA, onde indivíduos com a capacidade de articular recursos e elementos diversos conseguem levantar multidões em prol do bem comum proposto. Exemplo de figuras que instituíram, por algum tempo esse tipo de dominação foram: Jesus, Maomé, Lutero, Gandhi, Hitler (nem todo carisma leva ao bem da humanidade), Mandela, Getúlio Vargas, JK, Lula e Bolsonaro. A dominação carismática mesmo trazendo promessas de inovação, tendem à rotinização e por fim torna-se tradicional ou burocrática. (Ler capítulo 11 do livro didático mais detalhes sobre esse assunto). 
Por fim, dei as questões a seguir para os grupos responderem em forma de redação integrada para leitura nesta semana. Espero que sejam criativos, inovadores e articulados em seus textos.




Exercício:

1)    Que críticas a sátira acima faz a nossa sociedade?
2)    Por que a idéia de João Bom Senso não foi levada a diante?
3)    Compare as canções de Chico Buarque (Apesar de você e Todos Juntos) com as questões levantadas pela fábula.
4)    Discuta o conceito de poder e matrizes de poder, na análise da problemática apresentada.
5)    O que poderia fazer João Bom Senso para que sua idéia virasse política pública? Defina passo a passo o que poderia ser feito.
6)    Em que medida a pesquisa de campo pode ser útil em casos como o do João Bom Senso?

Após as aulas, fizemos nosso 1º Sarau ecológico. A princípio fiquei desanimada por ver poucos estudantes. Porém 17h30 encheu e foi muito lindo! Fiquei emocionada com as habilidades artísticas dos que apresentaram e a educação de quem assistiu. Também adorei as deliciosas comidas que as meninas do 2C e do CEMA fizeram. Seguem as fotos: 




















Ao final do sarau divulguei sobre as vagas gratuitas na peça de teatro da cidade. Somente 10 alunos me deram o nome, mas posso entregar até essa segunda os nomes dos interessados. Portanto, me procurem! Iremos na sexta-feira dia 30/8 na sessão das 17h. Os interessados devem me encontrar no Sesc da 913 sul por conta própria, mas devem me dar o nome antes. Segue o flyer e os dados da peça: 



 Legenda: Malecón de Havana. Neste espaço simbólico, que habita o imaginário de pessoas ao redor do mundo, dois homens de diferentes nacionalidades se encontram por acaso. Ambos têm suas raízes em Cuba e acabam de chegar a Havana, onde cada um conhece uma mulher pela qual se apaixonam. Tudo estaria bem não fosse o fato de o noticiário alardear a chegada premente de um furacão devastador. Este é o ambiente em que se desenvolve a trama de Furacão Carmen, espetáculo ibero-americano, que faz sua estreia durante o 20º Cena Contemporânea  – Festival Internacional de Teatro de Brasília, quando se apresenta de 22 de agosto a 1º de setembro, em diferentes unidades do SESC e segue em temporada no Teatro SESC Garagem, de 05 a 08 de setembro.

No dia seguinte ao sarau (sábado 24/8), tivemos a reunião de pais com entrega de boletins. A fala da direção desagradou alguns pais, pois pareceu a eles que a escola apoiava a militarização que vem ocorrendo. Então, percebi que precisamos de mais debates com toda a comunidade escolar, para nos compreendermos melhor e conseguirmos afinar os desejos, planejamentos e ações. A professora de Educação Física irá trazer uma terapeuta para palestrar e a Gabriella do 3ºB propôs um debate sobre democracia.  Apoiarei os dois eventos inclusive avaliando com décimos extras. Inclusive nesta semana ocorrerá debates sobre EDUCAÇÃO E DEMOCRACIA   propostos pelo CISU- UnB no ICS às 12h. Na quinta também terá às 14h uma mesa sobre militarização das escola que irei e computarei a presença de quem também for. Segue o flyer:

Enquanto ocorria a reunião e o atendimento personalizado, nosso bazar e as comidinhas continuaram a vender, angariando recursos para nossos projetos.



 Às 10h30 poucos se reuniram na frente do auditório para a oficina de bioconstrução. Isso me frustrou bastante, mas já estou calejada para as coisas que saem diferente do que eu gostaria. Discutimos possibilidades e resolvemos o seguinte: 
1) A próxima tarefa da gincana será a construção de um espaço de vivência para cerca de 30 pessoas, com materiais recicláveis. Os paletes que trouxemos assim como alguns cortes de árvores estão à disposição das turmas: 



2) Pegamos alguns troncos mais grossos na quadra da professora Andrea e fizemos uma ágora embaixo do piquizeiro, de modo que possamos fazer encontros e aulas lá:

3) Conseguimos apoio da direção para a próxima oficina de bioconstrução a ser realizada no dia 6/9 (sexta-feira) a partir das 14h30 na área das quadras poliesportivas da escola. Com R$ 200,00 arrecadados com a reciclagem de papel e plástico, disponibilizados pelo Mauro, compramos bambus tratados para fazer a estrutura de um espaço de vivência para 40 pessoas ao lado da jaqueira na Educação Física:
4) Esse dinheiro deve ser reposto com mais campanha de coleta seletiva de papel, plástico e óleo, que também valerá pontos para a gincana.
5) Cada turma deve buscar o máximo de parcerias e recursos possíveis para realizar as tarefas e construirmos a escola que queremos!
Todos Juntos Somos Fortes!