aqui estou sofrendo em família, assistindo o primeiro tempo do jogo final da Libertadores. Escrever me acalma e me ajuda a curtir mais o sábado em comunidade. Estou feliz e cansada. Adoro ter muita gente em minha volta e foi isso que eu tive intensamente ao longo de toda a semana. Na segunda-feira estava tensa por causa dos projetos de vocês. Tinha medo de não conseguirem realizar em medida alguma os seus sonhos. Acho que era também um pouco de neurose minha em querer ter sempre o controle das coisas. Com terapia e o curso Comunidade de Aprendizagem tenho aprendido a descentralizar cada vez mais e entender que puxar tudo para mim é ruim, pois me exaure e desempodera vocês. Me manter imparcial na disputa da direção da escola também foi um dilema cansativo no começo da semana, mas estou terminando bem resolvida com isso. Gosto de me posicionar, ser proativa, fazer a diferença, mas entendi que as vezes contribuímos mais só ouvindo, apoiando emocionalmente as pessoas e mostrando o lado positivo das diferentes posições. Na realidade, alguém tem que fazer a mediação e sinto que esse papel ficou para mim neste contexto. Além de dar a chance dos outros fazerem suas escolhas sem a minha intervenção direta, percebo que esse papel de mediação ou tutoria (no caso dos projetos) me treina para ser mais humana, comedida, respeitosa comigo e com os outros. Algumas vezes discordei dos encaminhamentos das turmas e até do grêmio,
mas quando aceito que a escolha é toda dos estudantes e cabe a mim
apenas ajudá-los a realizar seus sonhos, dar dicas e gerar reflexões
para o aprendizado, tudo fica mais leve e flui. Também me permite ampliar minha compreensão das relações e do mundo, aumentando inclusive minhas possibilidades de parcerias. Quando aceito de peito aberto os projetos de vocês, enfrentando minhas inseguranças e reconhecendo minhas fragilidades, viro parceira no que de fato querem e consigo articular mais pessoas para ajudá-los. Os professores de artes, filosofia, geografia, inglês, a Paloma, a Lucimar, a Salete, a Gabriella com sua equipe e estudantes universitários contribuíram para abrilhantar as realizações de vocês.
Goooooolllll!!!
Somos brasileiros e não desistimos nunca!!
Goooooooooooooolllll!!!
Persistimos e vamos vencer de virada!!
Ganhaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaamos!!!!
Bom agora só vou enviar as fotos depois que terminar a comemoração aqui.
O primeiro projeto de turma a se realizar foi o do 3ºA. Decidiram fazer um horário cultural para descontraírem e trazer a diversidade da turma de maneira divertida com união.
Teve origami
Teatro
Dança, canções e recital de poemas
Isso tudo foi na quinta-feira no último horário antes do trote. No mesmo dia de tarde, um grupo do 3ºF fez uma roda de conversa com a chapa 2 e no dia seguinte com a Chapa 1. Achava melhor ser feito com todos juntos, mas o grupo preferiu assim e mas parece que deu certo.
Na sexta e no sábado fomos à UnB. Isso contemplava o projeto do 3ºD que era ter aulas ao ar livre e que estimulassem a ecologia, as atividades físicas e a melhora da qualidade de vida. Também é a turma onde tem mais alunos participando do projeto da Fiocruz sobre saúde coletiva. Por isso, iremos na aula dela na próxima sexta caminhando até à fundação para uma palestra de encerramento do projeto. Minha maior preocupação é com a chuva, que nas duas caminhadas dessa semana ocorreu. Se tiver com tempestade deixarei a turma vendo filme e levarei somente os 4 alunos do projeto. Agora as fotos das aventuras:
MANEJO AGROFLORESTAL NO CA das Ciências Ambientais (sexta 22/11)
Colmeia de abelha jataí
INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS - EXPOSIÇÃO TIMOR LESTE
AULÃO DE ARTES OBRAS DO PAS UnB 3ª ETAPA
Azulejos da faculdade de educação
Esquecemos de tirar fotos no Beijódromo. Estava chovendo muito e o esquema de fazer duas levas de carro acabou ocupando nossa atenção. Mas foi tudo maravilhoso! Depois fui ao churrasco do 3ºG . Esse não era projeto de sociologia, apenas confraternização deles. Essa turma, assim como o 3ºC e o 3ºE optaram por feira de profissões e apresentarão na próxima aula. O 3ºB começou com um projeto de ação solidária, mas metade da turma depois optou por profissões. O importante é cada um pagar o preço dos seus sonhos e dar os passos que podemos neste pequeno período. Segue a foto do churras:
Tive que sair logo do churrasco porque meu marido ia competir no torneio de judô na Candangolândia. Ele tirou o primeiro lugar. #orgulhodomaridão.
Acabei encontrando outros alunos na competição de judô:
Logo após fui para casa assistir a final do jogo da Libertadores com a família.
estamos na reta final. Serão praticamente mais duas semanas de aulas e depois provas, recuperações, formatura, férias! Esse é o momento de fecharmos com chave de ouro, deixando nossas marcas, construindo nosso futuro a partir do agora!
As aulas dessa semana foram esvaziadas. Tanto o estagiário quanto a psicóloga do projeto de incubadora se ressentiram disso, mas falaram super bem de quem foi. Na VG as salas estavam lotadas. A última postagem de revisão da VG tiveram 80 acessos, um quarto dos meus alunos. Sinto que estão dando mais importância a provas do que ao aprendizado em si. Parece contraditório para mim. O que está acontecendo? Sei que esse é um fenômeno recorrente nos meus 20 anos dando aulas para os 3ºs anos. Entendo que as pressões sociais são mais fortes sobre vocês neste período. Também compreendo que estamos todos cansados. Porém, também aprendi que se engajar em projetos coletivos que acreditamos nos energizam e nos empoderam. Por isso, quero eliminar a VE desse bimestre focando só na presença, participação e envolvimento nos projetos propostos por vocês e de quem mais aparecer. Na quinta, logo após a prova teve um duelo de rimas no auditório, no qual valorizei. Como era em horário de aula valeu 0,2 na média. O astral estava ótimo e a galera do grêmio segurou a onda da organização, inclusive as críticas da coordenação e de alguns professores. Parabéns a todos que acreditaram e contribuíram no evento!
É muito bom poder contar com parceiros! A escola ajuda muito nisso. Aproveitem esse tempo-espaço para ampliarem as redes comunitárias de você. Assim serão mais capazes de construir a sociedade que querem. A gincana e a incubadora de sonhos foi resultado de uma parceria bem sucedida com diversos profissionais de dentro e fora da escola:
Outros parceiros fui construindo a partir de encontros culturais, de família, em manifestações, na universidade, o importante é estarmos abertos às pessoas e possibilidades. Atuando com amor, diálogo e boa vontade sempre avançamos e conseguimos apoio de muita gente. A seguir mais um projeto que tive acesso por conta de uma parceira amiga de uma ex-professora do colégio. É um evento super legal que levei meus alunos no ano passado e que neste ano estou dando 0,2 extra para quem for e tirar selfie. Segue o link para acessar a programação. O Festival termina amanhã:
Fui hoje com meu marido e filho de 10 anos e gostamos muito. Amanhã iremos a partir das 17h. Neste ano está sendo no Núcleo Bandeirantes. A princípio achei chato ter que me deslocar tanto, mais achei sensacional assistir com pessoas humildes que jamais viram esses tipos de filmes.
Na próxima aula verei os projetos de vocês, tanto os individuais nos cadernos quanto as apresentações de grupo (máximo 2 minutos para cada grupo). Estou curiosa! Espero que tenham se dedicado aos sonhos de vocês. Eu estou me dedicando agora ao meu...
No próximo sábado (23/11) , teremos reposição. Às 8h sairei com quem quiser para uma palestra na UnB sobre uma pesquisa no Timor Leste (valerá 0,3) e voltaremos às 10h para as apresentações culturais no auditório (valerá mais 0,2 para quem assiste e 0,3 para quem apresentar). O tema central desse dia é Consciência Negra. Participem!!
nessa semana vimos mais duas obras audiovisuais do PAS 3º etapa que cairão na VG:
MAN
ESTAMIRA
Ambas tratam de questões ecológicas, focando principalmente no desperdício e na falta de cuidado com o outro e o meio. Nesse sentido, dialogam com o poema abaixo não só na questão ecológica, mas também social da preocupação com o que é de todos e com os excessos que violentam diminuindo a qualidade de vida. No poema abaixo, há uma valorização do que é simples, humilde, desinteressado, dos restos, como Estamira.
APANHADOR DE DESPERDÍCIOS - MANOEL DE
BARROS (OBRA DO PAS)
Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato
de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.
Relacionando o poema "Apanhador de desperdícios" com os audiovisuais
"Estamira"de Marcos Prado e "Man" de Steve Cutts, é correto
inferir que Estamira, assim como Manuel de Barros, valoriza o
lixo, o que é "desimportante", pois são apanhadores de desperdícios. O consumismo move nossa economia, por
isso as três obras o questionam. Man e Poética de maneira curta e bem humorada, Estamira com roteiro longo e denso, trata de outras temáticas também. A crítica ao descuido, excessos e à alienação, bases dos desperdícios, também foi feita em outras obras. As músicas 'Geração Coca Cola' da banda Legião Urbana e
'Beba Coca Cola' de Gilberto Mendes abordam, entre outras coisas, questões
referentes ao contexto contemporâneo associado à globalização, como a
publicidade, o consumismo e o imperialismo norte-americano. Mas todas essas obras abrem espaço para a criação de alternativas a partir da reflexão para uma ação diferente da que estamos tomando. Nesse sentido, casa com a proposta da gincana cuidar, que todas as turmas se envolveram apanhando desperdícios, dialogando com a diversidade, se conectando com o meio e os outros para construirmos uma escola e um mundo melhor. Segue a pontuação final das turmas:
colocação
turma
eventos
coleta
tar.turma
total
nota máxima
1ª
3A
104
9,6
82
195,6
1,00
2ª
3F
87
29,6
75
191,6
1,00
3ª
3B
99
4
85
188
1,00
4ª
3D
70
46,9
60
176,9
1,00
5ª
3G
56,5
20
80
156,5
1,00
6ª
3E
66,5
40
50
156,5
1,00
7ª
2D
26
10,5
70
106,5
1,00
8ª
2A
42
4
60
106
1,00
9ª
3C
29
2
55
86
1,00
10ª
2C
56
0,1
5
61,1
0,80
11ª
2B
28
5
0
33
0,70
12ª
2G
29
1,5
0
30,5
0,70
13ª
2E
16
1
5
22
0,80
14ª
2F
17
1
0
18
0,70
A turma vencedora ganhará um passeio ecológico, junto com os estudantes que mais pontuaram individualmente nas outras turmas. Estou buscando parcerias para conseguirmos uma incursão mais legal e barata, pois com a gincana arrecadamos apenas R$ 130 reais. Se conseguirmos o transporte gratuito dá para usar esse dinheiro na comprar de serragem e melhorar os espaços de vivência e a composteira. Quem tiver sugestões ou energia para buscar comigo parceiros será uma satisfação. O que eu mais gostei nessa gincana foram as parcerias construídas e a confirmação de que nós podemos! O ser humano é inventivo, só precisa se conhecer e se conectar, já dizia o poeta:
Em algumas turmas consegui passar também um pequeno vídeo referente ao poema de Drummond "O homem, as viagens", também obra da 3ªetapa.
Esse poema traz a inutilidade da tecnologia para a felicidade humana sem autoconhecimento e convivência. Isso dialoga com o texto que passei a todos e também será cobrado na VG:
A IMAGINAÇÃO SOCIOLÓGICA (WRIGHT MILLS 1959 EUA)
Hoje em dia, os homens sentem,
frequentemente, suas vidas privadas como uma série de armadilhas. Percebem que
dentro dos mundos cotidianos, não podem superar suas preocupações, e quase
sempre têm razão nesse sentimento: tudo aquilo de que os homens comuns têm
consciência direta e tudo o que tentam fazer está limitado pelas órbitas
privadas em que vivem. Sua visão, sua capacidade, estão limitadas pelo cenário
próximo: o emprego, a família os vizinhos, e permanecem espectadores. E quanto
mais consciência têm, mesmo vagamente, das ambições e ameaças que transcendem
seus cenários imediatos, mais encurralados parecem sentir-se.
Subjacentes
a essa sensação de estar encurralados estão mudanças aparentemente impessoais
na estrutura mesma de sociedades e que se estendem por continentes inteiros. As
realidades da história contemporânea constituem também realidades para o êxito
e o fracasso de homens e mulheres, individualmente. Quando uma sociedade se
industrializa, o camponês se transforma em trabalhador; o senhor feudal
desaparece, ou passa a ser homem de negócios. Quando as classes ascendem ou
caem, o homem tem emprego ou fica desempregado; quando a taxa de investimento
se eleva ou desce, o homem se entusiasma, ou se desanima. Quando há guerras, o
corretor de seguros se transforma no lançador de foguetes; o caixeiro de loja,
em homem do radar; a mulher vive só, a criança cresce sem pai. A vida do
indivíduo e a história da sociedade não podem ser compreendidas sem
compreendermos essas alternativas.
E
apesar disso, os homens não definem, habitualmente, suas ansiedades em termos
de transformação histórica e contradição institucional. O bem estar que
desfrutam, não o atribuem habitualmente aos grandes altos e baixos das
sociedades em que vivem. Raramente têm consciência da complexa ligação entre
suas vidas e o curso da história mundial; por isso, os homens comuns não sabem,
quase sempre, o que essa ligação significa para os tipos de ser em que se estão
transformando e para o tipo de evolução histórica de que podem participar. Não
dispõem da qualidade intelectual básica para sentir o jogo que se processa
entre os homens e a sociedade, a biografia e a história, o eu e o mundo. Não
podem enfrentar suas preocupações pessoais de modo a controlar sempre as
transformações estruturais que habitualmente estão atrás deles.
Isto
não causa surpresa. Em que período da história tantos homens estiveram tão
expostos, e de forma tão total, a transformações tão rápidas e completas? O
fato de não terem os americanos conhecido modificações tão catastróficas quanto
homens e mulheres de outras sociedades se deve a fatos históricas que se estão
tornando, rapidamente “apenas história”. A história que atinge todo homem,
hoje, é a história mundial. Dentro deste cenário e deste período, no curso de
uma única geração, um sexto da humanidade passou de tudo o que era feudal e
atrasado para tudo o que é moderno, avançado, terrível. As colônias políticas
estão libertadas; instalaram-se novas formas de imperialismos, menos evidentes.
Ocorrem revoluções; os homens sentem de perto a pressão de novos tipos de
autoridade. Surgem sociedades totalitárias, e são esmagadas desfazendo-se em
pedaços – ou obtêm êxito fabuloso. Depois de dois séculos de ascendência, o
capitalismo é visto apenas como um processo de transformar a sociedade num
aparato industrial. Depois de dois séculos de esperanças, até mesmo a
democracia forma está limitada a uma pequena parcela da humanidade. Em todo o
mundo subdesenvolvido, os velhos modos de vida se rompem e esperanças antes
vagas se transformam em exigências prementes. Em todo o mundo super desenvolvido, os meios da autoridade e violência tornam-se totais no
alcance e burocráticos na forma. A própria humanidade se desdobra hoje à nossa
frente, concentrando cada super nação, em seu respectivo polo, seus esforços
coordenados e maciços na preparação da Terceira Guerra mundial.
A
própria evolução da história ultrapassa, hoje, a capacidade que tem os homens
de se orientarem de acordo com valores que amam. E quais são esses valores?
Mesmo quando não são tomados de pânico, eles vêm, com frequência, que as velhas
maneiras de pensar e sentir entraram em colapso, e que as formas incipientes
são ambíguas até o ponto de estase moral. Será de espantar que os homens comuns
sintam sua incapacidade de enfrentar os horizontes mais extensos à frente dos
quais foram tão subitamente colocados? Que não possam compreender o sentido de
sua época e de suas próprias vidas? Que – em defesa do eu – se tornem
moralmente insensíveis, tentando permanecer como seres totalmente particulares?
Será de espantar que se tornem possuídos de uma sensação de encurralamento?
Não
é apenas de informação que precisam – nesta Idade do Fato, a informação lhes
domina com frequência a atenção e esmaga a capacidade de assimilá-la. Não é
apenas da habilidade da razão que precisam – embora sua luta para conquistá-la
com frequência lhes esgote a limitada energia moral.
O
que precisam, e o que sentem precisar, é uma qualidade de espírito que lhes
ajude a usar a informação e a desenvolver a razão, a fim de perceber com
lucidez, o que está ocorrendo no mundo e o que pode estar acontecendo dentro
deles mesmos. É essa qualidade, afirmo, que jornalistas professores, artistas e
públicos, cientistas e editores estão começando a esperar daquilo que poderemos
chamar de imaginação sociológica.
1.
A imaginação sociológica capacita seu
possuidor a compreender o cenário histórico mais amplo, em termos de seu
significado para a vida íntima e para a carreira exterior de numerosos
indivíduos. Permite-lhe levar em conta como os indivíduos, na agitação de sua
experiência diária, adquirem frequentemente uma consciência falsa de suas
posições sociais. Dentro dessa agitação, busca-se a estrutura da sociedade
moderna, e dentro dessa estrutura são formuladas as psicologias de diferentes
homens e mulheres. Através disso, a ansiedade pessoal dos indivíduos é
focalizada sobre fatos explícitos e a indiferença do público se transforma em
participação nas questões públicas.
O
primeiro fruto dessa imaginação – e a primeira lição da ciência social que a
incorpora – é a ideia de que o indivíduo só pode compreender sua própria
experiência e avaliar seu próprio destino localizando-se dentro de seu período;
só pode conhecer suas possibilidades na vida tornando-se cônscio das
possibilidades de todas as pessoas, nas mesmas circunstâncias em que ele. Sob
muitos aspectos, é uma lição temível; sob muitos outros, magnífica. (...)
Questões
1-Qual a causa social para o
sentimento de encurralamento?
2-O que é Imaginação Sociológica e qual a sua promessa?
3-Qual a relação entre o texto Imaginação sociológica e as
demais obras vistas ?
Cobrarei
a resposta dessas questões no caderno nas próximas aulas, mas cobrei em
debate avaliativo a relação entre esse textos e as obras anteriores. CONTINUA ABAIXO NA PARTE AZUL, CONFIRA!!! PROBLEMA NA FORMATAÇÃO
A questão chave é entender que tudo tem um contexto e estão em constante interação. Não basta termos a informação sem inter-relacioná-la. Temos ela em excesso, como a tecnologia e as mudanças. Precisamos de compreensão das influências mútuas entre a biografia e a história, para nos conhecermos, dialogarmos e agirmos mais efetivamente na realidade.
A história é vivida e contada. Vozes são exaltadas e outras sequestradas, ou desvalorizadas. Essa é uma questão presente no audiovisual
O PAPEL E O MAR
O vídeo
'O papel e o mar' evidencia narrativas geralmente invisibilizadas pela história
oficial e a mídia do Brasil, como as da escritora Carolina Maria de Jesus e de
João Cândido, líder da Revolta da Chibata. Trata-se de um diálogo fictício entre essas duas figuras importantes na história e literatura brasileira, que acabam sendo pouco conhecidas pela maioria da população porque são negras e pobres. Essa discussão da voz sequestrada foi bastante trabalhada por FOUCAULT em seu livro Microfísica do Poder. Será cobrado o seguinte trecho na VG:
“Ora, o que os intelectuais descobriram
recentemente é que as massas não necessitam deles para saber; elas sabem
perfeitamente, claramente, muito melhor do que eles; e elas o dizem muito bem.
Mas existe um sistema de poder que barra, proíbe, invalida esse discurso e esse
saber. Poder que não se encontra somente nas instâncias superiores da censura,
mas que penetra muito profundamente, muito sutilmente em toda a trama da
sociedade. Os próprios intelectuais fazem parte deste sistema de poder, a idéia
de que eles são agentes da “consciência” e do discurso também faz parte desse
sistema. O papel do intelectual não é mais o de se colocar “um pouco na frente
ou um pouco de lado” para dizer a muda verdade de todos; é antes o de lutar
contra as formas de poder exatamente onde ele é, ao mesmo tempo, o objeto e o
instrumento: na ordem do saber, da “verdade”, da “consciência”, do
discurso.”(Foucault, Microfísica do Poder , 2001)
Tanto o diretor desse filme quanto o do Estamira, deram voz / visibilidade para pessoas e discursos à margem do padrão social hegemônico. Manuel Bandeira na obra do PAS a seguir traz um questionamento aos padrões que dialoga com a crítica de Foucault aos intelectuais mantenedores do sistema de exclusão:
POÉTICA - Manuel Bandeira
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. Diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o
cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de excepção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora
de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário
do amante exemplar com cem modelos de cartas
e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc.
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
– Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
Bauman é outro autor, presente na dissertação de mestrado estudada neste bimestre e cobrado na VG, que analisa a questão da opressão e exclusão ocorridas em nome da manutenção de um padrão moderno:
“A intolerância é, portanto, a inclinação natural da prática moderna. A
construção da ordem coloca os limites à incorporação e à admissão. Ela exige a
negação dos direitos e das razões de tudo que não pode ser assimilado – a
deslegitimação do outro” (Bauman, Modernidade e Ambivalência, 1999)
Assim, relacionando esses 3 autores inferimos que Manoel Bandeira critica produções padronizadas que
prendem o escritor e as pessoas. Instituições acadêmicas definem critérios para
valorização, aceitação ou exclusão de vozes.
Diversos segmentos sociais ficam fora dos escritos, tendo
sua voz e história sequestrados. A
escola tem conflitos, disputas de poder, sem abarcar opiniões de toda a comunidade em suas
decisões. Porém, a resistência é presente tanto nos filmes quanto na escola. Esta VG, assim como as obras do PAS, são tentativas de abranger a pluralidade de maneira articulada:
Indivíduo, cultura,
estado e participação política (Trechos retirados do objeto 2 do PAS 3ª etapa - cobrado na VG)
"(...) Nesta
etapa, exige-se uma conscientização sobre a organização e a participação
política do ser humano.
Obras como A Ponte,
de Lenine e GOG, Geração Coca-Cola, de Renato Russo, Encontro com Milton
Santos, de Sílvio Tendler, Estamira, de Marcos Prado, e O papel e o mar, de
Luiz Antonio Pilar, remetem-nos a reflexões sobre a participação política em
questões como educação, saúde, segurança, emprego, equidade e justiça social.
Nesse sentido, cabe o estudo do texto da Constituição Federal – Título II,
capítulo IV, artigos 14 a 16; capítulo V, artigo 17 e Título IV, capítulo I,
seções I a V, artigos 44 a 56.
A obra Liberdade, Liberdade, de Millôr
Fernandes e Flávio Rangel, representa a possibilidade de usar o teatro como
meio para a conscientização política. O diretor do espetáculo, na época da
estreia, declarou ao jornal The New York Times: “Neste mo-mento, é dever do
artista protestar”. Cabe ao estudante conhecer o contexto em que esta frase se
insere e se ela continua atual. (...)
O ser humano, pensado como indivíduo,
integrante de grupos sociais, econômicos e culturais, com uma identidade em
formação no tempo histórico e biográfico, estabelece relações com gerações
passadas e presentes, o que favorece a análise crítica de situações diversas.
Diferentes olhares estão expressos no curta The land is mine, de Nina Paley;
nos poemas Poética, de Manuel Bandeira, em O apanhador de desperdícios, de
Manoel de Barros, e na linoleogravura Jogo do osso, de Glênio Bian-chetti. Como
vivemos em um contexto sociocultural complexo, é imprescindível que os textos
literários sejam entendidos como integrantes desse contexto e como instrumentos
de autoconhecimento, de socialização e da construção de identidades.
(...)
"Politicamente
não existimos isolados, mas coexistimos.(...) podemos pensar por conta própria,
só podemos agir em conjunto" ( Hannah Arendt)
Tanto o objeto do PAS quanto a fala de Hannah Arendt evidenciam a diversidade como parte da condição humana. Já a igualdade é uma construção política em torno do conceito de cidadania. Nesse sentido, uma obra não é produzida exclusivamente a
partir da criatividade do autor. Ela dependente do contexto ou da identidade
coletiva na qual ele comunga. Isso nos remete novamente ao conceito de Imaginação Sociológica de Mills. O eu e o mundo estão imbricados e compreender profundamente essas relações é fundamental na atualidade.A tecnologia as vezes nos
leva a uma socialização fragmentada, desestimulando relações e reflexões
profundas. Nossa socialização é individualista e com muita informação desconexas. Em um mundo mutante e diverso é impossível ficarmos sempre
em consenso. As divergências aparecem toda hora e precisamos aprender a lidar com elas de maneira inteligente e amorosa, como sugeriu Sakamoto em seu livro "O que aprendi sendo xingado na internet". O programa do PAS procura
selecionar pessoas com compreensão profunda e interdisciplinar das questões
prementes, que busquem orientar suas ações de maneira ética. Na “era do fato” em que vivemos,
precisamos de uma educação mais crítica e menos conteudista, já que informações
temos em excesso, faltando-nos principalmente capacidade de relacioná-las e ressignificá-las.
Sobre a dificuldade humana de lidar com a pluralidade, temos a reflexão de Nina na obra
The Land is
Mine
Segue vídeo que ajuda na análise histórica dessa obra do PAS.
Essa professora foi nossa coordenadora em 2017 e 2018.
A
disputa pelo território que atualmente é denominado como Faixa de Gaza, foi um
conflito iniciado muito antes do século XX, entre povos diferentes da Palestina e Israel. O contexto histórico é fundamental para entender essas disputas, mas é a reflexão artística, filosófica e sociológica que nos remete à condição humana para entendermos o que temos a ver com isso. A ideia
central do vídeo “This land is mine”, é o de mostrar através de fatos
históricos, que a Faixa de Gaza é da humanidade, mas que por falta de diálogo e compreensão da pluralidade acaba pertencendo ao anjo da morte, portanto a nenhum ser humano. Quando
um determinado grupo atua na busca exclusiva de seus interesses em detrimento
de interesses de outros grupos, com ênfase num discurso nacionalista, tem-se a
definição de fascismo, que definimos em aula como um tipo de politicagem. A política, que é a arte de governar o público, necessita de diálogo e acordos. A politicagem privilegia o privado em detrimento do público na esfera pública. O
conceito de Deus, em muitos momentos na história, foi usado com fins políticos,
para construção de identidade coletiva, porém, com contornos fascistas,
justificaram a dominação de um povo sobre outro, causando mortes e destruição.
Relacionando o "This land is mine" com o poema de Drummond e outras obras analisadas anteriormente, observamos que a evolução tecnológica pode ajudar o ser humano a se humanizar sendo mais cuidadoso com o meio ambiente e consigo
mesmo, porém isso ainda não aconteceu de maneira geral nem inequívoca. Ao invés de explorar mais
territórios para termos recursos abundantes, talvez seja mais interessante focarmos no que temos de maneira mais humilde buscando a
felicidade nas coisas simples. Fizemos viagens que nos renderam experiências, informação e recursos,
precisamos agora aprender a conviver, desenvolver autoconhecimento, cuidado e
diálogo. O autoconhecimento nunca é estritamente pessoal, porque a viagem de cada um é influenciada pelos outros. Em nada adianta tentar entender a si sem a compreensão
social e histórica da humanidade, refletindo em que ela pode nos ajudar neste objetivo.
Para convivermos bem com a pluralidade de pessoas e desejos, de modo a trabalharmos juntos, leis são fundamentais, enquanto acordos coletivos. Nossa lei máxima é a Constituição Federal, na qual todas as outras leis no Brasil devem se inspirar e se adequar. Com relação às garantias sociopolíticas, será cobrado na VG:
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
– (3ª ETAPA PAS - trechos)
TÍTULO II – das
garantias sociais
Capítulo IV
Dos Direitos
Políticos
art. 14.
A soberania popular
será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e
secreto, com valor
igual para todos, e, nos termos da lei (...)
Capítulo V
Dos Partidos
Políticos
art. 17.
É livre a criação,
fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a soberania
nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais
da pessoa humana e observados os seguintes preceitos: (...)
§ 1º
É assegurada aos
partidos políticos autonomia para definir sua estrutura
interna, organização
e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o
regime de suas
coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre
as candidaturas em
âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo
seus estatutos
estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária.
§ 2º
Os partidos
políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei
civil, registrarão
seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.
§ 3º
Os partidos políticos
têm direito a recursos do fundo partidário e acesso
gratuito ao rádio e à
televisão, na forma da lei.
§ 4º
É vedada a utilização
pelos partidos políticos de organização paramilitar. (...)
TÍtulo IV
Da organização dos
Poderes
Capítulo I
Do Poder legislativo
Seção I
Do Congresso Nacional
art. 44.
O Poder Legislativo é
exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da
Câmara dos Deputados
e do Senado Federal.
Parágrafo único.
Cada legislatura terá
a duração de quatro anos.
art. 45.
A Câmara dos
Deputados compõe-se de representantes do povo, eleitos, pelo
sistema proporcional,
em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal.
§ 1º
O número total de
Deputados, bem como a representação por Estado e pelo
Distrito Federal,
será estabelecido por lei complementar, proporcionalmente
à população,
procedendo-se aos ajustes necessários, no ano anterior às elei-
ções, para que
nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos de
oito ou mais de
setenta Deputados. (...)
De
acordo com a Constituição Federal Brasileira, a pluralidade, igualdade e autonomia são
princípios base dos direitos políticos, no Brasil atual. O voto é um direito dos cidadãos brasileiros e os iguala, pois nenhum tem maior valor do que o de outros. Cada Estado elege o
número de representantes proporcionalmente ao número de habitantes para a Câmara dos Deputados. Os partidos são livres, porém jamais podem
fomentar discursos de ódio e a violência, pois essa última é monopólio do Estado. Tentar fazer "justiça com suas próprias mãos" é considerado atividade paramilitar, proibida em outros países também. A liberdade permite o dissenso e a proatividade pacífica de todos. Os espaços públicos são locais de
construção da democracia e, por isso, cabe ao Estado respeitar e garantir a segurança da
participação de toda a população. Nesse sentido, os movimentos sociais também são garantidos por lei, como o movimento feminista
Ni un paso atrás
Lo extendido del movimiento feminista y su poder
para llegar a cualquier rincón de planeta produce pavor en sectores
conservadores. (trecho inicial do texto em espanhol que cairá na VG)
O movimento feminista atual é constitucional, pois é pacífico. Seu discurso de resistência apesar de incomodar, pois denunciam a violência contra as mulheres, podem ajudar pessoas, famílias e a sociedade a refletir e respeitar a pluralidade. Ana, no conto Amor de Clarice Lispector, por causa de um episódio inusitado, tem uma epifania e começa a ter outra percepção do mundo, das relações e de seu papel social. O movimento feminista pode ter um efeito parecido na vida da pessoas lhes permitindo maior possibilidades de escolhas, inclusive a de se manter no mesmo padrão estabelecido, como o fez Ana optando pelo amor de sua família após sua epifania. As escolhas pessoais serão mais autênticas na medida em que o meio social oportuniza maior abertura de consciência, inclusive para se estabelecer novas relações. A obra Estamira traz a voz de uma mulher
violentada ao longo de sua vida. Seu discurso é de resistência, mas sem um
movimento social que dê vazão e recursos para sua reflexão e ação. A sororidade de um movimento feminista poderia ter ajudado Estamira a canalizar melhor a sua dor, enraizada em padrões de violência machistas.
Outros padrões que violentam foram analisados em aula e em obras anteriores. A seguir trabalharemos mais dois textos em espanhol da VG, que tratam da questão, à luz da Sociologia:
La escuela de Arturo Barea en el Madrid de principios del siglo XX
Lo primero que se aprende es a estar en fila, en silencio: ¡Orden!
¡Silencio!, gritan los sacerdotes, capitanes y carceleros. El puesto adquirido
en la fila es un privilegio. El número uno se siente orgulloso y va con la
cabeza alta mirando a la gente de la calle. Los últimos van en la cola con la
cabeza baja contemplando la espalda del penúltimo, seguros de que nadie los ve,
porque ellos no ven a nadie. Antes que aprender la letra A se aprende a
estar en fila, callado. Luego se aprende a leer. Tan estúpidamente como
se leen al pasar por la calle los anuncios luminosos de forma mecánica, sin
saber lo que dicen; igual que se coge un puesto en la fila de la vida y
mecánicamente se sigue detrás de los que van delante y delante de los que van
detrás sin rebelarse. Pobres de los que intentan ganar puestos. El orden que
todos los demás aprendieron en la escuela, en la iglesia, en el cuartel y en la
cárcel, estalla.
Inestabilidad estable
Los que llevan toda
la vida esforzándose por conseguir un pensamiento estable, con suficiente
solidez como para evitar que la incertidumbre se apodere de sus habilidades,
todas esas lecciones sobre cómo asegurarse el porvenir, aquellos que nos
aconsejaban que nos dejáramos de bagatelas poéticas y encontráramos un trabajo
fijo y etcétera, abuelos, padres, maestros, suegros, bancos y
seguradoras, nos estaban dando gato por liebre.
Y el mundo, este
mundo que nos han creado, que al tocarlo en la pantalla creemos estar
transformando a medida de nuestro deseo, nos está modelando según un
coeficiente de rentabilidad, nos está licuando para integrarnos a su
metabolismo reflejo.
FERÑANDEZ ROJANO, G.
Disponível em:http://diariojaen.es. Acesso em: 23 maio 2012
O texto La escuela de Arturo Barea en el Madrid de principios del siglo XX
dialoga com a crítica trazida por Bauman, Foucault e o poema
Poética, enquanto o texto Inestabilidad
estable tem relação direta com a análise
social de Wrigth Mills em sua obra “ Imaginação Sociológica. Outro temática importante para a cidadania e a qualidade de vida tratada por outras obras do PAS no começo da VG e retomada nos textos em espanhol é a questão dos resíduos:
Los residuos urbanos se componen principalmente
de residuos de alimentos, papel, cartón, plástico, vidrio y metales, entre
otros artículos. La composición de los residuos refleja los hábitos de ciertos
grupos sociales de las personas. La recogida selectiva es una manera para que
los ciudadanos contribuyen a disminuir el impacto de los residuos sobre el
medio ambiente y mejorar la salud de la comunidad.
O problema do
lixo urbano está presente na obra Estamira, assim como a importância da
reciclagem tanto na perspectiva pessoal quanto na esfera pública. Assim, Estamira é uma obra complexa que relaciona-se com diversas questões importantes e pode ser cobrada em relação inclusive a obras satíricas como "Zwkrshjistão" de Bruno Palma:
O
Zwkrshjistão: uma joia ignorada pelos atlas geográficos, situado na Ásia
Central, na região do Paquistão, Quirguistão, Curdistão, Tadjiquistão,
Turcomenistão, Cazaquistão, Uzbequistão, Afeganistão etc, o Zwkrshjistão é uma
jóia engastada na bela e radioativa cordilheira de Zwkrsh. O país é uma grande
depressão envolvida por todos os lados por um emaranhado intransponível de
montanhas, penhascos e chaminés de usinas de beneficiamento de urânio.A
capital, Z'zträkosk, foi planejada por urbanistas para estar exatamente no
centro da depressão, trezentos metros abaixo do nível dos paredões da
cordilheira. Por essa razão venta muito pouco lá e as temperaturas podem
atingir, durante o dia, a casa dos 50 graus Celsius. A maior parte da população
zwkrshjistanesa vive na capital Z'zträkosk ou no eixo urbano entre as aldeias
de Blzÿkrshtjr e Tblïshjkra. Ao norte, no planalto de T ́äktrhjt, encontram-se
as pequenas fazendas de cebola e criação de mulas. Os tuberculosos em
quarentena moram em Zkt. Os outros 37% da população está exilado em campos de
concentração estrangeiros cedidos por ditadores amigos. Cerca de 95% da
vegetação original já foi derrubada para alimentar a outrora fortíssima
indústria nacional de palitos de dente. Porém, depois da falência da fábrica,
quando da grande epidemia de gengivite aviária que assolou o país em 1999, o
governo estuda um projeto pioneiro para reflorestar o país com plantas de
plástico.Devido à instabilidade das suas fronteiras –por motivos de ética
profissional, os cartógrafos só trabalham depois da ingerir duas garrafas de
vodka de cebola–, marcadas e remarcadas constantemente, o Zwkrshjistão não
aparece em atlas oficiais, mas consta do Guinness book como o "nome de
república quase democrática com maior número de consoantes seguidas".
(trecho do conto Zwkrshjistão - blog de Bruno Palma - OBRA DO PAS)
Bruno mistura elementos da realidade com fantasias, fazendo intertextualidades
com a ironia de Machado de Assis e Clarice Lispector na crítica a
elementos cotidianos. Traz a distorção da percepção da realidade por
conta da falta de conhecimento, mostrando como é fácil construir um
texto coerente, com alguma informação realística,
Portanto o trecho daquele blog não é
literal, estando entre as obras do PAS para desenvolvermos recursos de análise dos discursos construídos sobre o mundo em que vivemos. Bruno Palma produz uma “fake news” aos moldes
analisados por Sakamoto, porém o objetivo é satirizar elementos da realidade
para ampliar nossa criticidade, como feito pela “Fábula dos Porcos Assados”,
discutida no bimestre anterior.
Dessa vez a revisão para a VG ocorreu misturadas com as informações sobre o andamento das aulas e projetos. A ideia é fazer com que leiam tudo de maneira articulada, pois essa é a principal habilidade cobrada em provas interdisciplinares como as do PAS. Além disso, esse é um objetivo da Sociologia na escola, para empoderá-los como cidadãos. Compreender relações e articular pessoas, conceitos, ideias, vontades nos fortalece para construirmos a sociedade que queremos. Os roteiros do trabalho deste mês de novembro vão também no sentido de treinar essas habilidades teórico-práticas:
ROTEIRO INCUBADORA DE
SONHOS E PESQUISA-AÇÃO
OBJETIVO: Oportunizar vivências de
pesquisa-ação, organização de grupo, iniciativa e responsabilidade social,
solução de conflitos, criação de alternativas a situações problemas,
visualizando novas possibilidades de ser e agir em nossa sociedade.
JUSTIFICATIVA: Em nossa sociedade globalizada
e mutante, cada vez mais complexa e diversificada, os desafios apresentados aos
indivíduos parecem muitas vezes insuperáveis no que se refere a uma compreensão
e intervenção na esfera social. A crescente desigualdade e exclusão acirram a
competição e o individualismo, tornando cada vez maior o sentimento de
impotência frente às questões públicas. No âmbito privado não conseguimos
muitas vezes resolver problemas que nos afligem, pois estão entrelaçados em
redes sociais gerais que transcendem nossos cenários imediatos. Neste sentido,
precisamos de uma capacidade de abstração, mas também de inter-relacionar o
micro com o macro, o teórico com o prático, vivenciando com mais consciência a
relação dialética entre o eu e o mundo. Assim, estes projetos são exercícios de
cidadania, que buscam instrumentalizar melhor os estudantes, e talvez a
comunidade escolar como um todo, para participarem efetivamente na construção de
um ambiente mais democrático, consciente e responsável
. PASSO A PASSO:
PERÍODO
TAREFA
6 a 10 de
novembro
Responder
questionário individual de auto conhecimento e definir o seu grupo de 3 a 8
integrantes.
11 a 17 de
novembro
Reunir com
o grupo para construir o roteiro de reconhecimento e articulação do grupo do
que querem fazer e como apresentar o projeto. Aulas com o estagiário de
revisão para a VG com avaliações.
1º aula da
semana entre 18 e 20/11
Apresentar
a proposta do grupo para a turma em no máximo 2min. Debate e definição
coletiva de somente um projeto para toda a turma.
De 20 a 24
de novembro
Processo
de construção e realização do projeto da turma, com parcerias sendo
articuladas.
De 25 a 29
de novembro
Apresentação
e discussão dos resultados do projeto e de todo o processo de aprendizagem em
Sociologia
O QUE VOCÊ QUER APRENDER PARA LHE AJUDAR A SER O QUE QUER?
(PERGUNTAS CHAVES)
O QUE VOCÊ PODE FAZER EM DUAS SEMANAS DE AULAS DE SOCIOLOGIA
QUE LHE AJUDARIA A DESENVOLVER RECURSOS PARA SER O QUE VOCÊ QUER? (DETALHE O
MÁXIMO POSSÍVEL SEU PROJETO DE PESQUISA- AÇÃO)
RECONHECENDO O GRUPO E SE ARTICULANDO PARA CONSTRUIR O QUE
QUEREM
GRUPOS: de 3 a 8 componentes
TURMA:__________ INTEGRANTES EM ORDEM NÚMERICA CRESCENTE
Nº
NOME
O QUE QUER
A PARTIR DA PLURALIDADE DE VOCÊS, CONSTRUAM PELO MENOS UM CONSENSO
QUE CONTEMPLE EM ALGUMA MEDIDA AS DIVERSAS VONTADES PRESENTES NO GRUPO:
O QUE PRETENDEM FAZER NAS DUAS SEMANAS DE AULAS DE
SOCIOLOGIA DE NOVEMBRO?
QUAIS RECURSOS VOCÊS JÁ DISPÕEM?
QUAIS RECURSOS PRECISARÃO ADQUIRIR OU ARTICULAR?
DETALHEM O CRONOGRAMA DE AÇÕES PASSO A PASSO DIVIDINDO
TAREFAS
(INCLUIR NAS TAREFAS A APRESENTAÇÃO DO PROJETO PARA A TURMA:
DATA
AÇÃO
QUEM FARÁ
Todos devem me entregar esses roteiros preenchidos na primeira aula da semana do dia 18 a 20, mesmo dia das apresentações dos projetos dos grupos. Somente a turma 3F está dispensada dessas tarefas, pois elas estão sendo feitas em aula com acompanhamento da equipe multidisciplinar da psicóloga Gabriella. Essa é uma experiência piloto para ampliarmos a todas as turmas do próximo ano. A seguir, fotos das dinâmicas realizadas com a turma:
Quem foi, teve uma atitude bem legal. A foto acima mostra os estudantes na dinâmica de meditação para identificar seu sonho. Depois fomos trabalhando na construção coletiva desses sonhos. Todas as turmas estão sendo avaliadas pela postura em cada aula. A nota coletiva será modulada individualmente de acordo com a presença. Mesmo as aulas da próxima semana, que estarei de abono, o estagiário e a equipe da incubadora farão chamada e avaliarão a atitude da turma. Participem ativamente e aproveitem esses últimos momentos do Ensino Médio!