Vamos lá!

Acredito em um livro como creio nos sonhos ,

dedico-me à troca de pensamentos como às pessoas que amo



sexta-feira, 24 de março de 2023

Semana da água

Amores, 22/03 é o dia internacional da água. O professor de biologia e eu nos prontificamos a trabalhar a temática em nossas aulas, pegando todas as turmas do matutino. Além de ser um tema definido por lei como fundamental no currículo da educação básica, é uma das questões mais urgentes no mundo atual. Esse vídeo trabalhei somente nos 2º anos, nesta semana. Ele é curto, objetivo, claro e mais agradável para a maioria. Ele mostra didaticamente como os dematamentos, tanto na Amazônia quanto no Cerrado, afetam na disponibilidade de água potável. Também traz o conceito de "água virtual" de modo a conscientizar sobre o problema do consumismo de produtos que a princípio nos parecem estar fora do ciclo da água. Analisar esses problemas como crises estruturais é importante para readequarmos mais efetivamente nossas ações e relações. Essa compreensão das relações entre o macro e o micro social é complexa e aprofundaremos ao longo do semestre, relacionando diversos exemplos, conceitos e temáticas. Outro vídeo exibido, agora nas duas séries (2º e 3º), foi o AMANHÃ É HOJE. Esse documentário é mais lento e muitos alunos se desinteressaram, porém ele tem o mérito de mostrar os efeitos do aquecimento global nos cotidianos de pessoas reais, de diferentes classes socias e contextos no Brasil. Ressalta a importância da ciência nesse debate. Isso permite relacionarmos com as incursões à UnB e ao SESILAB na semana passada. O letramento científico é fundamental para termos instrumentos de reflexão e intervenção nessa questão tão urgente e vital que é a SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL. Esse tema é chato para a maioria. Por que? Por que os temas sobre INJUSTIÇA E VIOLÊNCIA são tão interessantes para a maioria, enquanto o de CUIDADO AMBIENTAL nem tanto? Qual a RELAÇÃO entre essas temáticas? Essas foram as perguntas que coloquei para as turmas com o intuito de aprofundarmos a discussão dos TREINAMENTOS SOCIAIS e MUDANÇAS nas próximas aulas. As músicas acima, trazidas por estudantes do 3º ano, reforçam a crítica da desigualdade social, tanto relembrada por vocês. Com rítmos e contextos diferentes, tratam da resistência às injustiças sócio-econômicas tão presentes em nossa estrutura social, que tencionam nossas relações e deterioram nossa qualidade de vida. No clipe abaixo, isso é aprofundado com maestria pelos diversos artistas presentes: Esse material, trazido por 3 grupos de turmas diferentes, amplia a voz da favela questionando esteriótipos e reforçando a importância da união e ação dos periféricos. A frase que sintetiza isso para mim é "quero mais líderes do que seguidores". Também mostra a força do diálogo intergeracional no enraizamento da comunidade, das utopias e das conquistas. Isso dialoga diretamente com os filmes que vimos no Cinedebate sobre movimentos sociais feministas que ocorreram na história mundial recente. Os direitos humanos estão presentes nas diversas temática em que trabalhamos: ambiental, racial, periferia e gênero. Todas trazem problemas estruturais que só podem ser resolvidos com compreensão e organização coletiva. Reconhecer as violências e contradições do sistema é o primeiro passo, que vocês já estão dando ao trazerem as questões que lhes incomodam para o debate: Violências enfrentadas por mulheres antigamente foram em parte superadas, mas também reproduzidas em grande medida até hoje. Porém, celebrar e usufruir da liberdade política de expressão e organização nos empodera, permitindo novos avanços Vamos aprofundando na compreensão e engajamento social para garantirmos e ampliarmos nossos direitos civis, políticos e sociais. Continuarei passando vídeos, olhando cadernos e dialogando com vocês nas próximas aulas.

domingo, 19 de março de 2023

Reconhecendo e ampliando nossas possibilidades

Amores, nessa semana vários professores adoeceram e ainda teve a paralização na terça por conta da assembleia dos professores. Além disso, a direção foi pressionada a evitar subidas de aulas. Dessa maneira, muitos estudantes faltaram e a escola ficou bastante desorganizada. Cheguei a dar aula para 2 estudantes em uma turma. Isso nos faz questionar sobre o que estamos fazendo no espaço escolar, o que queremos e o que podemos fazer.
A assembleia é uma forma dos professores se unirem em ideais comuns de defesa da profissão e da educação. Está dentro da temática política que estamos trabalhando no 3º ano e do enfoque econômico que vemos no 2º ano. Então, aproveitar o horário de aula para fazer pesquisa presencial de uma manifestação de categoria profissional, se coloca como possibilidade de ampliação da compreensão dos fenômenos estudados.
É muito diferente ir ver com os próprios olhos um movimento social. Ao assistir pela televisão, ler reportagens, ou ouvir de terceiros, você sempre terá uma versão com a elaboração de quem comunica, que pode ser diferente da sua.
Para mim, as assembleias são um momento de encontros, diálogos, reflexões e organização. Um suspiro em cotidiano tão corrido e fragmentado. Paramos para analisarmos o que queremos e quais as nossas possibilidades. O mesmo eu gostaria que vocês fizessem em relação à escola quando estão sem aulas formais.
Vivemos em uma ESTRUTURA SOCIAL que estimula muito a competição individualista, naturalizando a exclusão e a APATIA. Diversas vezes nos encontramos em uma LOCALIZAÇÃO social desprivilegiada, nos dando a sensação de que nada podemos fazer. Porém, estamos aqui para perceber e ampliar nossas possibilidades de ação e relações. Por isso, estimulo o ENGAJAMENTO de vocês também em ATIVIDADES EXTRACLASSES, tanto propostas pela escola, quanto criadas por vocês.
Esse debate foi levado como questão central nas turmas de 3º ano, relacionando com o conceito de PODER e POLÍTICA. Já nas de 2º ano, foi mencionado apenas nos INFORMES das atividades CULTURAIS proporcionadas pelas escolas e nas circuvizinhanças.
De qualquer forma, as oportunidades de engajamento são inúmeras para todas as séries. Nessa semana, ocorreram dois "passeios" (incursões pedagógicas) para o matutino. A primeira foi na quinta para o SESILAB:
Na mesma circunstância, proveitaram para emendar na visitação do circuito de robótica no estádio, também promovido pelo SESI:
Nesse dia, fiquei na escola, pois era no horário de nossas aulas regulares e eu tinha que atender os que ficaram. Mesmo assim, estimulei estudantes a irem para depois contarem aos outros como foi em nossa próxima aula. Levarei no contraturno quem não pode ir desta vez, pois no sábado fui convidada para uma formação de professores no SESILAB, de modo a orientar agendamentos futuros.
Quem ficou para as aulas, também aproveitou as dinâmicas, debates e trocas. Outros grupos dos 3º anos trouxeram músicas interessantes para a discussão: Esse clipe do Michael Jackson, trazido por grupos de turmas diferentes, ressalta crítica à apatia, principalmente da elite e do governo frente aos mais necessitados. A DESIGUALDADE SOCIAL é sempre o ponto forte da discussão alimentada por vocês, até porque é uma questão ESTRUTURAL de ONDE ESTAMOS. Violência, injustiça estão recorrentemente presentes nas representações que vocês trazem de política. Até porque, para muitos, a noção de política está restrita ao ESTADO. Poucos a reconhecem nas outras instituições e espaços sociais como a FAMÍLIA, ESCOLA, IGREJA, EMPRESAS, MÍDIA ... Parece que toda e qualquer organização coletiva é determinada pelas disputas eleitorais e partidárias: Achei muito engraçado o clipe acima, trazido por um grupo que não gosta de política. De fato, nessa perspectiva é difícil querer se engajar politicamente, considerado que a mera discussão leva ao rompimento. A desunião tem a ver com incompreensão e inconsciência. Essas estão na base de toda a violência e apatia social. Para superá-las, precisamos reconhecer que todos têm e conseguem ampliar seus instrumentos de poder. O conhecimento e a união são os principais, principalmente para quem está em uma localização inferiorizada na sociedade. Nisso é que estamos focando nosso trabalho: Precisamos reconhecer as injustiças tanto quanto nossas possibilidades de enfrentá-las. As próprias músicas são formas de enfrentamento de problemas sociais, quando discutidas na busca de soluções coletivas. Os filmes também têm esse poder, principalmente os que contam histórias reais de engajamentos coletivos que surtiram efeitos na humanidade: Esse filme foi passado no CINEDEBATE DE HUMANAS nessa segunda-feira. Infelizmente somente 3 estudantes compareceram. Espero que os outros vejam em casa e façam relatórios críticos para incrementar os debates em aula.Nesta segunda (20/3), passaremos outro longa-metragem baseado em fatos reais no contraturno. Ele dialoga com o conteúdo tanto do 2º quanto do 3º ano:
Ele trata de uma greve das mulheres trabalhadoras da Ford na década de 1960, lutando para ganharem o mesmo que os homens. Volta no ponto que começamos esta postagem: a assembleia de docentes e o poder da união. Além disso, aprofunda a temática das lutas feministas no mês da mulher. Esses temas de direitos humanos, com datas definidas legalmente, são cobrados nas três etapas do PAS/UnB, além de serem recorrentes também no ENEM. O ingresso em universidades é uma alternativa de empoderamento, que infelizmente parte significativa dos alunos descartam a priori. Para motivar e ampliar a percepção das possibilidades, costumamos levar vocês ao máximo de exposições que conseguimos. Na sexta-feira fomos à UnB conferir a exposição do laboratório de biologia sobre cérebros:
Fomos caminhando e parando para ouvir histórias que os professores e universitários contavam. Levamos 1h30 para chegar ao Instituto de Biologia, de modo a aproveitarmos melhor o caminho de descobertas. Encontramos diversos universitários egressos da escola pública, incluindo um ex-aluno nosso que nos acolheu no CA de geografia. Também encontramos com o prefeito da UnB e o Chiquinho, um livreiro simples e simpático, patrimônio cultural da nossa cidade que já foi até homenageado em filme:
No museu do cérebro, que terá exposição permanente no Instituto de Biologia, fomos bem acolhidos por monitores, que nos explicaram e nos conduziram em 4 momentos da incursão.
Foi realmente muito prazeiroso e produtivo. Recomendo que vão em grupos por conta própria e tragam suas impressões para dialogarmos em aula.
Sugiro que façam isso com outros eventos e projetos também, de modo a cada vez mais ampliarem os horizontes de possibilidades.

sexta-feira, 10 de março de 2023

Direitos humanos, qualidade de vida e atenção plena

Amores, entramos no mês da mulher e na semana da inclusão. Procurei dialogar com essas temáticas em minhas aulas, o que na realidade é bem fácil, considerando que estão dentro da grande temática dos DIREITOS HUMANOS, trabalhados constantemente nas três séries do ensino médio.Nas aulas do 3º ano foi mais tranquilo, porque temos duas na semana e o enfoque político é mais direto.
No 2º ano, com uma aula só, tive que terminar de relacionar as últimas questões da prova diagnóstica, sobre sustentabilidade e fatos sociais, com o filme passado anteriormente: Ilha das Flores. É claro que a questão da inclusão e das mulheres estão super presentes no filme e nas temáticas da prova, mas isso precisa ser melhor elucidado. Por isso, pedi para cada estudante analisar o vídeo nessa perspectiva e trazer na próxima aula, de preferência com dados de pesquisas quantitativas sobre as desigualdades sociais com recorte de gênero, raça e minorias.
Estudantes do 3º ano também foram estimulados a trazerem músicas, filmes, reportagens, pesquisas que dialoguem com o que estamos trabalhando. Essa troca de materiais enriquece a reflexão e o debate, deixando a aula inclusive mais atrativa. Esse clipe, trazido por estudantes do 3ºano, dialoga também com a temática da desigualdade socioeconômica da estrutura capitalista, trabalhada no 2º ano. Além disso, discute as utopias de paz e educação presentes nas frases da Malala, trazidas por mim:
A troca diversa, com diálogo empático, é a base da educação em que acredito ser o instrumento político de construção de uma sociedade mais justa e pacífica. É bom reconhecer como esse sonho coletivo é sonhado há muito tempo por diversas pessoas. Porém, também é inquietante entrar em contato com tantas denúncias de violações dos direitos humanos:
Alunas ficaram bastante mexidas com a frase acima. Essa questão é bastante sensível na discussão feminista atual no Brasil. Hoje já podemos estudar, votar e trabalhar, mas nos sentimos um tanto cerceadas em nossas liberdades individuais e de segurança. O mesmo acontece com negros e pobres em nosso país como mostram os clipes trazidos por estudantes do terceirão. Nessa canção, Adriana Calcanhotto lembra da trajédia com o filho negro da empregada que caiu do prédio na pandemia. Traz luz à falta de empatia e cuidado em uma sociedade divida e alienada. A música do Emicida é mais contundente nesse sentido: Todas as músicas trazidas por estudantes do 3º ano e os vídeos que eu trouxe para o 2º ano, fazem fortes críticas sociais à alienação, violência, injustiças e doenças sociais. De fato, olhar para os problemas sociais é importante para podermos resolvê-los, por isso comecei minha eletiva de SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA com o seguinte vídeo: Arte, ciência e filosofia nos ajudam a refletir sobre nossa realidade em perspectivas distintas do que estamos treinados, de modo a ampliarmos nossa compreensão e criarmos novas possibilidades de ação/relação. Assim, temos o material que precisamos em nosso próprio cotidiano, só falta trazer à luz da atenção plena, da reflexão, da troca e do diálogo, nos fortalecendo individualmente e coletivamente.
Faremos isso em todas as aulas de maneira teórica e prática, instigando a contribuição estudantil com materiais, experiências, seminários e oficinas. Também estimularemos que continuem a busca extraclasse, por isso valoramos a participação de vocês em projetos, cinedebates, grupos de estudos, pesquisas de campo e idas a exposições. Atenção às informações na rádio da escola e nos grupos de WhatsApp. Muitas oportunidades são divulgadas nesse canais. Abaixo, divulgo dois projetos gratuitos retomados na escola, que acompanharei e valorizarei inclusive com pontuação:
Quem trabalha ou tem outras atribuições no turno contrário, pode buscar alternativas nos finais de semana e até nos horários vagos, quando há ausência de professores. Quanto mais projetos conseguirem participar ou criar, maior será o aprendizado e as possibilidades. Dessa maneira, diversas pessoas inspiradoras construíram seus caminhos, superando obstáculos sociais que pareciam intransponíveis:
Acreditar e investir em nós mesmos, na força da união e da consciência, nos permite realizar sonhos antigos e novos:
Os direitos humanos são uma construção política da humanidade, ainda em processo de realização. Eles dependem da nossa atenção plena e engajamento, para melhorar a qualidade de vida geral de modo sustentável.
No 2º ano estudamos detalhes da nossa estrutura social para compreendermos como ela funciona, se mantém e se modifica.
No 3º ano buscamos instrumentos de intervenção nesse sistema complexo.
Na eletiva e projetos extraclasse, trabalho as duas perspectivas de maneira prática e colaborativa. Vamos seguindo treinando a atenção plena, ampliando direitos e garantido qualidade de vida.

domingo, 5 de março de 2023

Consciência e escolhas

Amores, nessa semana finalizamos o mês de fevereiro relacionando os textos que produziram em grupo com discursos audiovisuais. Nas turmas de 2º ano, começamos a análise do filme "Ilha das Flores", a partir da primeira questão da prova diagnóstica: Esse curta metragem é de 1989 e foi muito premiado internacionalmente. Ele conecta elementos da realidade e conceitos produzidos pela humanidade de modo irônico para evidenciar as contradições e alienações de nosso sistema social capitalista. É um bom recurso para enterdermos a temática do conhecimento como informação conectada e de como a fragmentação individualista nos aliena ao ponto da desumanização.
Nas aulas estamos sempre relacionando diversas informações e perspectiva de maneira a compreender efetivamente o sistema social. O conteúdo da prova diagnóstica vai sendo resgatado de modo a aprofundarmos respostas para a questão central deste ano. Essa é a maneira de ampliarmos nossa consciência e escolhas, pessoais e coletivas.
Por que falamos e queremos tanto a PAZ mundial e acabar com a DESIGUALDADE, mas enquanto sociedade investimos no oposto? Por que ideias simples para melhorar o mundo para todos são descartadas tão rapidamente? Essa análise foi feita mais profundamente nos 3º anos, a partir da satira "A FÁBULA DOS PORCOS ASSADOS" em relação com a música do John Lennon, "IMAGINE": Nesse clipe, a utopia da paz, justiça social e solidariedade é colocada de maneira bela e simples. Porém, a realidade social é complexa e muito debate surgiu. Em uma turma tivemos argumentações acaloradas sobre discriminações religiosas, em outras debatemos as dificuldades de mudanças sociais, por questões culturais, econômicas e políticas. Mas como fazer com problemas que nos incomodam tanto quanto a exclusão econômica?
Como lidar com o problema mais grave da atualidade que é a questão da sustentabilidade, se o sistema de produção é tão degradante e alienante, a ponto de nos sentirmos impotentes?
No 3º ano vimos que qualquer ser humano tem escolha, porque têm consciência de sua existência (Sartre). Quanto maior consciência do sistema e das nossas condições nele, mais escolhas temos para intervir efetivamente. Podemos desenvolver nossas forças e influenciar mais conscientemente nas relações e nas escolhas alheias. O poder de "Construir a Sociedade que Queremos" é constituído diariamente no diálogo com o mundo.
Vamos valorizar nosso BOM SENSO, nos fortalecendo a cada conexão que fazemos, ampliando nossa consciência, nossas escolhas, nossa saúde e qualidade de vida. Continuaremos exercitando o diálogo, a cooperação em consensos transitórios, a criticidade e a criatividade.