resolvi fazer a postagem desta semana antes de seu término, para disponibilizar a revisão da VE antes da aula de sábado, onde poderei tirar as dúvidas após a brincadeira do jogo da memória. Quem tem problemas para vir no sábado, pode fazer as perguntas por aqui que responderei antes da prova. A maioria de vocês está muito relapsa nos estudos, então avisem os colegas desse resumo para evitarmos um índice alto de reprovação.
Bom estudo a todos!
Texto
de revisão para a VE:
O evolucionismo eurocêntrico
foi hegemônico na primeira fase da Antropologia Brasileira, mas a
partir de 1930 começou a ser questionado e hoje é combatido. Nossa
cultura é diversificada e mutante, portanto os estudos
antropológicos espelham isso, portanto as fases da Antropologia
brasileira trazem visões dispares, o que fica evidente a ausência
de verdades universais. No começo acreditava-se em uma história
única do Brasil, o estereotipando. Houve hegemonia europeia ou
norte-americana nas primeiras fases, porém a produção atual é
múltipla e de grande alcance, contém vozes anticolonialistas e
afirmativas. O pós-modernismo e o pós-colonialismo antropológico
discutem a autoridade etnográfica, que antes era tida como
inquestionável e única a produzir conhecimento válido. Um exemplo
foi o texto dos SONACIREMA, estudado no bimestre passado, satirizando
a prepotência etnográfica. A observação participante, proposta
por Malinowsk, busca compreender o diferente se colocando no lugar
dele, diminuindo assim a distância da autoridade etnográfica. Para
falar sobre o outro é preciso fazer o exercício da alteridade,
evitando assim o aprisionamento dele
em estereótipos, ainda que bem-intencionados.
Dialogar e
fazer junto com o outro permite maior aprendizado e empoderamento de
ambas as partes. Compreender padrões diferentes permite
desnaturalizar os nossos e termos mais escolhas.
O estruturalismo e o
funcionalismo questionavam o aspecto histórico do evolucionismo,
focando no retrato do agora. Usavam a comparação para entender as
diferenças ou para identificar semelhanças, como o evolucionismo,
mas sem se preocupar com a evolução histórica dos povos. Buscavam
entender as diferentes estruturas sociais e as funções dos sujeitos
e objetos nelas. Durkheim era um funcionalista que influenciou muito
as ciências sociais. Ele comparou as sociedades classificando-as
pela predominância de 2 tipos de solidariedade: a orgânica e a
mecânica. Segundo ele, as sociedades do primeiro tipo são mais
heterogêneas, maiores e evoluídas (a nossa sociedade tem mais este
tipo de solidariedade). As sociedades do segundo tipo são menores,
mais homogêneas e coesas ( as sociedades indígenas estariam mais
nesse tipo). A anomia, fato social onde várias pessoas ficam
perdidas acerca da identidade e papel social, é mais frequente no
primeiro tipo, onde as regras são mais diversas e mutantes. Outros
autores influenciados por Durkheim, encontraram elementos comum a
todas as culturas como Mauss e Lévi-Strauss. Para Marcel Mauss, a
aliança baseada na troca é o fundamento de qualquer sociedade.
Lévi-Strauss justifica o tabu do incesto, presente em todas as
sociedades, como troca social.
O Relativismo de Franz Boas
(norte americano), influenciou Gilberto Freire que defendeu a
democracia racial (2ªfase da antropologia brasileira). A
miscigenação, mal vista até 1930, foi depois valorizada como
superação do racismo. Jorge Amado, escritor brasileiro do mesmo
período, se mostra favorável ao sincretismo cultural como base da
identidade brasileira. No documentário sobre sua vida, vimos o
questionamento do racismo reproduzido ainda hoje por meio de piadas e
o padrão de beleza racista. A canção cujo refrão começa com “o
teu cabelo não nega mulata” é racista e machista. Essas são uma
discussão iniciada a partir da década de 1960. Na 3ª fase da
antropologia brasileiras, pesquisas quantitativas questionam o mito
da democracia racial. Mesmo superado o racismo biológico do sec.XIX,
o de cunho social se mantém até hoje. Nessa fase estudou-se os
processos de aculturação. Aculturação significa perda cultural ou
assimilação de uma cultura por outra dominante. A história mostra
que sempre grupos menores são assimilados por grupos de maior
número. O conceito de etnicidade surge para pensar os grupos em
contraposição à etnia dominante.
A Antropologia, assim como as
outras ciências sociais, servem para questionar o óbvio e as regras
sociais. Nossas identidades são desenvolvidas a partir do meio em
que vivemos e das nossas escolhas. Políticas eugênicas no Brasil
influenciaram no que somos hoje, mas podemos reorientá-las. Essa
finalidade das Ciências Sociais de desnaturalizar os padrões
repetidos inconscientemente, nos leva a analisar atentamente
elementos do nosso cotidiano. Por meio de jogos inocentes como a
dança das cadeiras, são reproduzidos e naturalizados padrões
individualistas, excludentes e machistas, que dificultam a cooperação
para a mudança. Isso explica porque muitas pessoas acham que a
mulher tem uma tendência natural inquestionável para ceder e o
homem para a disputar, mesmo sendo construções históricas e
sociais bastante claras quando analisamos a diversidade cultural.
Assim, nem mesmo uma brincadeira é neutra, quanto mais uma ciência.
A neutralidade é impossível, pois somos influenciados pelo meio e
o influenciamos. Mesmo assim, o cientista deve procurar fazer uma
análise responsável, de modo a produzir algo para além da mera
opinião que já tem. O antropólogo deve dialogar com experiências
distintas, buscando e respeitando a alteridade. Jamais suas respostas
científicas serão a verdade única, última, inquestionável ou
imutável. Ela será uma verdade contextual, útil a determinado
contexto. Por outro lado, o recurso de estranhar o conhecido,
desconstrói analiticamente preconceitos do senso comum. Isso pode
ser útil a qualquer um que quiser ampliar sua percepção da
realidade. Métodos sistemáticos para testar hipóteses podem ser
muito úteis ao cidadão comum. Projetos de pesquisa no ensino médio
devem servir para muito além da mera expressão da opinião
cotidiana dos alunos. Esses precisam se apropriar do rigor
metodológico da antropologia urbana, que estuda temas próximos ao
pesquisador. As pesquisas atuais das ciências sociais utilizam muito
o conceito de identidade, que tem sentido bastante diferente do de
personalidade. A primeira é fundamentada em grupos sociais, mesmo
havendo alguma margem para escolha pessoal enquanto reconhecimento de
si como pertencendo ao grupo. Já a segunda refere-se às
características psicológicas pessoais, mesmo sofrendo alguma
influência do meio. Ambas podem ser alteradas seja por vetores do
meio, seja por decisões individuais.