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quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Revisão para a VE 3º bimestre

Amores,

resolvi fazer a postagem desta semana antes de seu término, para disponibilizar a revisão da VE antes da aula de sábado, onde poderei tirar as dúvidas após a brincadeira do jogo da memória. Quem tem problemas para vir no sábado, pode fazer as perguntas por aqui que responderei antes da prova. A maioria de vocês está muito relapsa nos estudos, então avisem os colegas desse resumo para evitarmos um índice alto de reprovação.
Bom estudo a todos!

Texto de revisão para a VE:

O evolucionismo eurocêntrico foi hegemônico na primeira fase da Antropologia Brasileira, mas a partir de 1930 começou a ser questionado e hoje é combatido. Nossa cultura é diversificada e mutante, portanto os estudos antropológicos espelham isso, portanto as fases da Antropologia brasileira trazem visões dispares, o que fica evidente a ausência de verdades universais. No começo acreditava-se em uma história única do Brasil, o estereotipando. Houve hegemonia europeia ou norte-americana nas primeiras fases, porém a produção atual é múltipla e de grande alcance, contém vozes anticolonialistas e afirmativas. O pós-modernismo e o pós-colonialismo antropológico discutem a autoridade etnográfica, que antes era tida como inquestionável e única a produzir conhecimento válido. Um exemplo foi o texto dos SONACIREMA, estudado no bimestre passado, satirizando a prepotência etnográfica. A observação participante, proposta por Malinowsk, busca compreender o diferente se colocando no lugar dele, diminuindo assim a distância da autoridade etnográfica. Para falar sobre o outro é preciso fazer o exercício da alteridade, evitando assim o aprisionamento dele em estereótipos, ainda que bem-intencionados. Dialogar e fazer junto com o outro permite maior aprendizado e empoderamento de ambas as partes. Compreender padrões diferentes permite desnaturalizar os nossos e termos mais escolhas.

O estruturalismo e o funcionalismo questionavam o aspecto histórico do evolucionismo, focando no retrato do agora. Usavam a comparação para entender as diferenças ou para identificar semelhanças, como o evolucionismo, mas sem se preocupar com a evolução histórica dos povos. Buscavam entender as diferentes estruturas sociais e as funções dos sujeitos e objetos nelas. Durkheim era um funcionalista que influenciou muito as ciências sociais. Ele comparou as sociedades classificando-as pela predominância de 2 tipos de solidariedade: a orgânica e a mecânica. Segundo ele, as sociedades do primeiro tipo são mais heterogêneas, maiores e evoluídas (a nossa sociedade tem mais este tipo de solidariedade). As sociedades do segundo tipo são menores, mais homogêneas e coesas ( as sociedades indígenas estariam mais nesse tipo). A anomia, fato social onde várias pessoas ficam perdidas acerca da identidade e papel social, é mais frequente no primeiro tipo, onde as regras são mais diversas e mutantes. Outros autores influenciados por Durkheim, encontraram elementos comum a todas as culturas como Mauss e Lévi-Strauss. Para Marcel Mauss, a aliança baseada na troca é o fundamento de qualquer sociedade. Lévi-Strauss justifica o tabu do incesto, presente em todas as sociedades, como troca social.

O Relativismo de Franz Boas (norte americano), influenciou Gilberto Freire que defendeu a democracia racial (2ªfase da antropologia brasileira). A miscigenação, mal vista até 1930, foi depois valorizada como superação do racismo. Jorge Amado, escritor brasileiro do mesmo período, se mostra favorável ao sincretismo cultural como base da identidade brasileira. No documentário sobre sua vida, vimos o questionamento do racismo reproduzido ainda hoje por meio de piadas e o padrão de beleza racista. A canção cujo refrão começa com “o teu cabelo não nega mulata” é racista e machista. Essas são uma discussão iniciada a partir da década de 1960. Na 3ª fase da antropologia brasileiras, pesquisas quantitativas questionam o mito da democracia racial. Mesmo superado o racismo biológico do sec.XIX, o de cunho social se mantém até hoje. Nessa fase estudou-se os processos de aculturação. Aculturação significa perda cultural ou assimilação de uma cultura por outra dominante. A história mostra que sempre grupos menores são assimilados por grupos de maior número. O conceito de etnicidade surge para pensar os grupos em contraposição à etnia dominante.

A Antropologia, assim como as outras ciências sociais, servem para questionar o óbvio e as regras sociais. Nossas identidades são desenvolvidas a partir do meio em que vivemos e das nossas escolhas. Políticas eugênicas no Brasil influenciaram no que somos hoje, mas podemos reorientá-las. Essa finalidade das Ciências Sociais de desnaturalizar os padrões repetidos inconscientemente, nos leva a analisar atentamente elementos do nosso cotidiano. Por meio de jogos inocentes como a dança das cadeiras, são reproduzidos e naturalizados padrões individualistas, excludentes e machistas, que dificultam a cooperação para a mudança. Isso explica porque muitas pessoas acham que a mulher tem uma tendência natural inquestionável para ceder e o homem para a disputar, mesmo sendo construções históricas e sociais bastante claras quando analisamos a diversidade cultural. Assim, nem mesmo uma brincadeira é neutra, quanto mais uma ciência. A neutralidade é impossível, pois somos influenciados pelo meio e o influenciamos. Mesmo assim, o cientista deve procurar fazer uma análise responsável, de modo a produzir algo para além da mera opinião que já tem. O antropólogo deve dialogar com experiências distintas, buscando e respeitando a alteridade. Jamais suas respostas científicas serão a verdade única, última, inquestionável ou imutável. Ela será uma verdade contextual, útil a determinado contexto. Por outro lado, o recurso de estranhar o conhecido, desconstrói analiticamente preconceitos do senso comum. Isso pode ser útil a qualquer um que quiser ampliar sua percepção da realidade. Métodos sistemáticos para testar hipóteses podem ser muito úteis ao cidadão comum. Projetos de pesquisa no ensino médio devem servir para muito além da mera expressão da opinião cotidiana dos alunos. Esses precisam se apropriar do rigor metodológico da antropologia urbana, que estuda temas próximos ao pesquisador. As pesquisas atuais das ciências sociais utilizam muito o conceito de identidade, que tem sentido bastante diferente do de personalidade. A primeira é fundamentada em grupos sociais, mesmo havendo alguma margem para escolha pessoal enquanto reconhecimento de si como pertencendo ao grupo. Já a segunda refere-se às características psicológicas pessoais, mesmo sofrendo alguma influência do meio. Ambas podem ser alteradas seja por vetores do meio, seja por decisões individuais.


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