Vamos lá!

Acredito em um livro como creio nos sonhos ,

dedico-me à troca de pensamentos como às pessoas que amo



sábado, 26 de novembro de 2016

Revisão final para a VE

Estudantes do meu coração,

Nesta segunda teremos VE de humanas e como a revisão em sala de aula sempre falha em alguma coisa, escreverei aqui mais detalhes do que cairá na minha parte da prova. Das minhas 8 questões 4 dialogam com o Carícia Essencial, tanto nas turmas de 2º quanto 3º anos. Comecemos analisando as seguintes passagens:

- “ O que acontece na socialização é que o mundo social é internalizado pela criança. (...) Apenas uma compreensão da internalização dá sentido ao fato incrível de que a maioria dos controles externos funcionem durante a maior parte do tempo para a maior parte das pessoas de uma sociedade.(...) Somos aprisionados com nossa própria cooperação.” (Perspectiva Sociológica - A Sociedade no Homem, P. Berger)

Já estou cheio de me sentir vazio
Meu corpo é quente e estou sentindo frio
Todo mundo sabe e ninguém quer mais saber
Afinal amar ao próximo é tão demodê” (Renato Russo)

Nós somos o que fazemos do que fizemos de nós” (Sartre)


Ao longo do ano, procurei trazer problematizações acerca da sociedade na qual vivemos e dos padrões que internalizamos e reproduzimos. Entendo que o maior objetivo do ensino médio é instrumentalizá-los para ser pessoas conscientes, críticas, mais autônomas e empoderadas. A reflexão radical dos padrões sociais que nos formaram é condição básica para mudarmos nossa prática e ambiente social, o qual tem levado ao isolamento, exclusão e violência. As vezes tentamos evitar o questionamento e o confronto, porém criamos um sistema de medo do outro e de isolamento, ao nos esquivarmos de refletir sobre os padrões pré-determinados na dinâmica das relações sociais. Nossa identidade e personalidade têm a ver com a sociedade capitalista que nos forma, mesmo tendo alguma liberdade para construirmos o que somos e onde vivemos. A situação de exploração, exclusão, isolamento, violência e alienação social, que vive grande parte de nossa população, não pode ser analisada simplesmente como escolhas ou incapacidades individuais. Todas estas questões são fatos sociais, que só podem ser entendidos dentro do contexto histórico, econômico, cultural e político em que se desenvolveram. O redirecionamento das crenças é um instrumento eficaz na recuperação da autoestima e no fortalecimento da identidade de grupo dos atores sociais oprimidos. Os resistentes do Paranoá (filme Batalhas pela História – 3º ano), ou os Incansáveis da Ceilândia (filme Conterrâneos Velhos de Guerra - 2º), reconstroem crenças positivas sobre si , quando se posicionam a respeito dos fatos que produziram seu contexto de exclusão. É injusto e contraproducente culpabilizar as vítimas, achando que as pessoas se deixam abater ou escravizar-se pelo sistema social, porque já nasceram fracas e não querem impor sua vontade. Precisamos entender os mecanismos de reprodução social que as jogam em situações degradantes e nos fazem estigmatizá-los por isso. As instituições ideológicas (escola, estado, família, igreja) e a mídia, corroboram com a reificação, o individualismo, a economia de carícia, a competição excludente, a alienação. Somos treinados desde pequenos a receber mais carícias condicionais ou de plástico, desenvolvendo dificuldades de se entregar a relações de forma espontânea e autêntica. O conceito de filtro de carícia nos ajuda a entender, no âmbito microssocial, como os padrões relacionais estabelecidos tendem a ser reproduzidos. Se recebemos em nossa formação somente determinado tipo de carícias, tendemos a “filtrar” as que estiverem fora do padrão aprendido. Isso ocorre também com as auto carícias. Elas são aprendidas socialmente, mas podemos alterá-las se formos capazes de questionar o processo de internalização de crenças e mitos que fomos submetidos em nossa formação. O ser humano vive também em pensamento, por isto devemos manter diálogos internos saudáveis, que nos estimule positivamente e criticamente, facilitando nossas relações sociais. Nesse sentido, uma das funções da sociologia na escola é estimular a reflexão crítica frente a nossa formação psicossocial, nos possibilitando maior leque opções para escolhas mais autônomas. No filmes Estamira e The Wall contem críticas à alienação na educação e no consumo. Todos filmes vistos nas aulas de sociologia, assim como o livro Carícia Essencial, fazem críticas a elementos estruturais da sociedade capitalista, entre eles a desigualdade, mantida com a mesquinharia para se dar carícias positivas incondicionais. Por isso vivemos em um mundo doente. A resistência em mudar os hábitos nocivos à autonomia e à saúde emocional das pessoas na sociedade de massas, acaba substituindo necessidades individuais por de mercado. Tenta-se supri a falta de carícia incondicional através de bens de consumo, mas isto não resolve o problema e acaba mascarando a situação gerando alienação e isolamento. Essas carícias de plástico vão contra uma construção saudável da personalidade hoje. O filme “The Wall” faz essa crítica e mostra como a violência pode é potencializada por meio da alienação e da repressão. A delinqüência juvenil, assim como diversos vícios, são desenvolvidos em meios sociais repletos de competitividade, monetarismo e violência, que deseducam para o amor e para a solidariedade.

Considero essa parte a mais simples da prova, por trazer elementos do cotidiano. A única dificuldade será manter a atenção ao que está sendo dito, sem distorcer a leitura pelo o que você acha que deveria estar sendo colocado. Fique atento às sutilezas do vocabulário!
A parte mais complicada são as 4 questões do PAS/UnB, que diferem em cada série. Começarei explicando as do 3º ano:

Relacionando os filmes “ Meu amigo Nietzsche”, “Estamira” e “The Wall”, vemos que em trechos dos três filmes há crítica acerca da educação escolar, um tanto alienada. Também nos três filmes os protagonistas entram em conflito com o ambiente social em que vivem, sendo estigmatizados. Eles foram formados e alguma medida integrados pelos padrões sociais que em determinado momento passam a questionar. Assim, todos fazem críticas sociais e estimulam reflexões sobre as possibilidades de construirmos um contexto melhor, com melhor utilização do que é produzido , uma educação mais consciente e libertadora e mais cuidado/ compreensão entre as pessoas.

Considerando o poema "O apanhador de desperdícios" de Manoel de Barros, o autor critica uma época em que socialmente perde-se o encanto por tudo aquilo que é simples e natural e na qual, por outro lado, valoriza-se o avanço técnico-científico mesmo em sua face mais destrutiva. Valoriza o que é desimportante para o sistema. Ele mesmo se percebe simples e valoriza a poética sensível que dá espaço aos silêncios.  O neologismo “invencionática” é criado a partir de uma analogia com o termo “informática”. Do ponto de vista semântico, as duas palavras se contrapõem, uma vez que a palavra “informática” é ressignificada no poema e se refere as “palavras fatigadas de informar”, enquanto “invencionática” relaciona-se com invenção e criação.


Considerando a animação Man de Steve Cutts,


a personagem central pode representar o potencial de transformação social do homem que afeta tanto os cenários urbanos quanto a natureza de forma negativa. O vídeo apresenta o homem como insensível às questões ambientais incapaz de refletir sobre os impactos causados por sua atuação sobre a natureza. Guarda uma relação inversa com o poema “Apanhador de desperdícios” já que a importância dada às coisas pelos personagens principais é oposta. No entanto, a crítica social das duas obras apontam para a mesma reflexão: precisamos ser mais simples e cuidar da natureza. Porém O vídeo “Man” não apresenta ações que podem ajudar a reduzir o consumo e proteger o meio ambiente, só faz a crítica sarcástica. A obra “Cadeirada” do grupo Barbatuques, guarda relação direta com o poema e inversa ao vídeo, já que produz um belo arranjo musical utilizando apenas o corpo e a interação brincante entre as pessoas do palco e da plateia, quebrando o individualismo, o monetarismo e a opulência.


A partir da análise da animação “This land is mine” de Nina Paley e do que aprendeu neste ano, vemos que

a preocupação da Humanidade com a vida em geral é ausente, assim como no vídeo anterior. A animação “This land is mine” retrata todas as guerras em torno da Terra Santa e leva-nos ao imediato questionamento sobre o quê, de fato, significa a guerra, além do extermínio humano. O estabelecimento da propriedade privada é o elemento gerador da guerra, da disputa de poder e das classes sociais. Nesse sentido, há uma relação com a canção “Banditismo por questão de classe”, na qual a violência ocorre por questão de classe. A violência está cristalizada na história das nações. Vemos na constituição federal que o monopólio da força é do Estado, proibindo qualquer organização paramilitar. Isso controla os ímpetos agressivos das pessoas  dentro de um mesmo país, conferindo identidade nacional, mas sem questionar a violência contra outros estados.



AGORA AS OBRAS DO PAS 2ª ETAPA:
1- A canção Sobradinho, faz menção a remoção de populações de seus territórios de origem em função da construção de represas e de transposições de rios. Tal questão se faz bastante atual e traz consideráveis embates políticos, como aqueles que se referem à construção da usina de Belo Monte e a efetiva construção do setor Noroeste em Brasília. Uma consequência socioespacial dessa construção foi a devastação da memória e do patrimônio histórico da região, sem respeito algum à população ribeirinha. A música foi composta com o objetivo de protestar contra a construção da usina de Sobradinho no interior da Bahia. Como o movimento ecológico ganhou força nas últimas décadas, a pauta de reivindicações contra a construção das usinas ampliou-se, incluindo o debate sobre a utilização de outras fontes renováveis de energia que não causem um impacto tão grande no meio ambiente, como energia eólica e solar. Ainda hoje grupos de pessoas são desenraizadas dos seus locais de nascença e socialização sem consulta às comunidades envolvidas, por projetos alheios a elas, que dificilmente as beneficiaria. Muitos grupos, entre eles pobres, negros e índios, ainda resistem para manter sua identidade , sua história e condição de cidadania em diversos lugares do mundo. Infelizmente, nem sempre os marginalizados tem um suporte de um movimento social ou uma ONG, como aconteceu com a Estamira.

2- A canção “Santuário”, aborda uma questão central que é a vida nas matas sendo afetadas pelo avanço de empreendimentos capitalistas como, por exemplo, o setor imobiliário. Santuário, assim como a canção Sobradinho, traz a crítica sobre a maneira como o homem se relaciona com o meio ambiente e com os outros seres humanos. O título “Santuário” faz menção ao terreno que era tido como sagrado pelos índios, mas esta disputa fundiária e étnica, transcende a questão religiosa. O documentário “Índios do Brasil” mostra que muitos brasileiros desconhecem o que é ser índio, tendo uma visão muitas vezes estereotipada e preconceituosa. Várias pessoas entendem que índio deve viver longe dos brancos. Essa visão corroborou para que perdessem o direito de posse do seu “Santuário” localizado no atual setor Noroeste em Brasília. Como no documentário “Ilha das Flores”, a canção traz a crítica de um sistema alienado, mais voltado ao dinheiro do que a qualidade de vida coletiva.


3- Observando atentamente os elementos da pintura abaixo podemos afirmar:

Mata reduzida a carvão. Félix Émile Taunay, óleo sobre tela, 135 x 195. 

A pintura “Mata reduzida a carvão” mostra um claro contraste entre as duas partes da floresta: uma que fora drasticamente afetada pela ação humana e outra cujos impactos da ação humana não se deram da mesma forma. O ser humano está presente nos dois lados, sempre pequeno frente a grandeza da obra divina que é a natureza. . Este quadro não é um simples registro botânico, trazendo críticas sociais e elementos artísticos de uma época. Esta tela foi pintada no século XIX, por isso podemos perceber elementos do romantismo tais quais: contraste entre o bem e o mal; predomínio do belo, mesmo considerando os erros humanos. A crítica apresentada na tela é ainda atual, por isso ela é cobrada no PAS/ UnB em diálogo com outras obras que trazem a reflexão sobre as interações humanas com a natureza e a necessidade da sustentabilidade.


4- A partir do ensaio fotográfico “Sufocamento” de Pedro Davi ,

Sufocamento – Pedro David
é possível notar como a paisagem natural é modificada pela ação humana a partir da coabitação de diferentes espécies de árvores, algumas das quais plantadas propositalmente para fins de produção de diferentes bens de consumo. Os pinheiros plantados geometricamente alinhados dão a impressão de que as árvores nativas não estão em seu habitat natural. Essa questão pode ser pensada sociologicamente ao considerarmos que tal planejamento (de modificação das paisagens naturais) se deve aos interesses do capital que avança sobre as paisagens naturais por todo o Brasil. O ensaio Sufocamento, de Pedro David, ao fotografar árvores nativas rodeadas por plantações de eucalipto não faz menção ao processo humano de isolamento de pessoas que se encontram fora do padrão. Mesmo assim, podemos fazer algumas analogias sociológicas frente ao processo de produção moderno, extremamente padronizado, que exclui, ou oprime não só plantas nativas, mas também populações de dominados historicamente. Nos filmes “Estamira” e “Índios do Brasil” podemos observar grupos de pessoas que resistem às adversidades de nosso sistema social que os estigmatiza e os sufoca, como as árvores nativas presentes no ensaio fotográfico. A Constituição de 1988, feita com a participação de setores diversos da sociedade civil, traduz o sentimento de liberdade, democracia e cidadania de um país que experimentara cerca de duas décadas de regime autoritário. Ela é um marco na resistência dos direitos sociais, que na prática ainda não se estendem a todos, como visto nos filmes.



Qualquer dúvida façam aqui neste blog, que respondo domingo de noite. Bons estudos.

Qualquer dúvida façam aqui neste blog, que respondo domingo de noite. Bons estudos. 

Ainda farei mais uma postagem na próxima semana de considerações finais e mensagem de final de ano.