Amores,
demorei 15 dias para escrever novamente por conta de um adoecimento que tive após as eleições. Fui convocada para trabalhar como mesária no primeiro turno e fiquei muito abalada física e mentalmente. Fiquei 4 dias de cama e ainda sinto enjoo e dores na barriga. Minha mente só pensava em calamidades públicas ocorrendo por conta da histeria coletiva em torno da polarização ideológica que está ocorrendo. Muitas notícias falsas, misturadas com verdadeiras, deixam todos apreensivos. O medo do outro, do diferente, da alteridade, cresceu muito, junto com a desconfiança. Tive que lidar com pessoas visivelmente alteradas e também fiquei tensa. Essa problemática também apareceu nos trabalhos individuais do primeiro ano, que aproveitei o período de licença para corrigir. Vários estudantes trouxeram preocupação com as polarizações atuais. Outros procuraram apenas expressar uma opinião sobre um assunto, sem se ocupar em pesquisar. Teve ainda os que simplesmente copiaram da internet opiniões e dados sem nenhuma análise ou mediação, como vemos várias vezes nas redes sociais. A abertura para visões diferentes, com postura de pesquisador reflexivo, é fundamental para quebrarmos esses ciclos viciosos de ignorância e violência que reproduzimos há séculos. A internet pode auxiliar na pesquisa ou prejudicar profundamente, dependendo da forma que a usamos. Se tivermos preguiça de ler e buscar várias fontes, estaremos fadados ao fracasso e à prisão em nossas próprias bolhas. O que tento treinar com nossas aulas é ampliar nossa compreensão social, de modo a criarmos soluções mais efetivas e benéficas do que simplesmente embater, renegar o outro que age ou pensa diferente do padrão adquirido por nós. Para tanto, é necessário ler, pesquisar, desenvolver empatia, se expressar de maneira respeitosa, ouvir com abertura e reflexão. Espero que melhoremos isso no quarto bimestre.
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