este é um canal de diálogo e reflexão. Toda semana faço uma postagem comentando os encontros que tivemos. Além de ajudar a sistematização e troca de conhecimentos, é uma forma de dar exemplo daquilo que cobro de vocês. Espero que aproveitem bem nossos espaços de comunicação.
Mais um ano letivo começou bem, com jovens curiosos e com bons sonhos. No acolhimento do primeiro dia a equipe de humanas fez uma dinâmica de reconhecimento dos sonhos estudantis para 2020. A maioria das intenções focavam em passar de ano, no PAS, aprender inglês, tirar boas notas, alcançando sucesso acadêmico e profissional. Alguns trouxeram desejos de lutar contra preconceitos, reconhecer talentos, ganhar competições esportivas, ser feliz para além da escola.
Meu objetivo nesse ano é me dedicar mais a minha família, que ficou bem relegada no ano passado quando trabalhei de manhã. Além disso, quero retomar meus estudos e aprofundar o autoconhecimento. Para tanto, preciso trabalhar de maneira mais cooperativa, principalmente nos projetos. Nesta semana já estamos iniciando dois deles: o projeto cuidar e o trilhando histórias no chão da escola. O primeiro foi adotado por toda a escola na semana pedagógica e procura trabalhar o cuidado psicossocial e a sustentabilidade ecológica. Nesta sexta-feira dia 21/2 teremos duas oficinas:
- 9h às 10h30, com a artista plástica Mary Jo sobre o tema amor;
- 10h30 às 12h, com a Micaela uma facilitadora de São Paulo fará uma roda sobre gratidão;
Já o segundo projeto, ainda está com poucos parceiros, porém está com edital em trâmite de modo a conseguirmos verbas para melhor viabilizá-lo. Hoje de noite teremos uma reunião na câmara dos legislativa para saber detalhes da segunda etapa do processo. Segue o escrito que foi aprovado na primeira instância:
TRILHANDO HISTÓRIAS NO CHÃO DA ESCOLA
DESCRIÇÃO DO PROJETO
Como convencer um aluno, envergonhado de sua localização ou
origem social, de que sua história e suas referências têm valor? Como ampliar
sua visão de coletividade a partir dos seus pares, também oprimidos por um
padrão de sucesso tão restrito? O resgate das trilhas individuais e coletivas
dos estudantes, professores, famílias, escolas e cidades é o ponto de partida
deste projeto. Usando o método de pesquisa-ação (união de investigação e
intervenção) os estudantes começarão a olhar, refletir e contar sobre sua
família e vizinhança, construindo uma narrativa a ser trocada entre os colegas
de sala. A partir dessa diversidade, o
projeto começa a questionar sobre o tempo-espaço de diálogo do colégio Paulo
Freire. A escola transmuta-se em objeto-sujeito do estudo interventivo. Quando
adquiriu esse nome? Por quê? Que significado tem isso hoje? Antes de se tornar
Paulo Freire, que escola era essa? Caminhadas, incursões, entrevistas,
registros fotográficos e audiovisuais, fóruns, feiras, oficinas e produções
escritas serão os instrumentos básicos que utilizaremos. Trilhando as histórias
no chão da escola, encontraremos caminhos para ampliação das vozes e ações
transformadoras. Almejamos assim, a constituição de uma comunidade mais
integrada, consciente, ativa e empoderada.
APRESENTAÇÃO DOS PROPONENTES
Professora de filosofia, formada pela Universidade de
Brasília e Mestrado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, atuo no
Ensino Médio da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal desde o
ano de 2003. Cheguei ao Centro de Ensino Médio Paulo Freire por concurso de
remoção no ano de 2013 e, desde então, permaneço em sala de aula, formando
adolescentes oriundos das diversas regiões administrativas do Distrito Federal.
Neste colégio, sempre tive como parceira a professora Shirlei Daudt, licenciada
em Ciências Sociais e Educação Física pela UnB, com mestrado em Sociologia.
Juntas fizemos fóruns e projetos sobre Democracia, Política, Educação,
Sustentabilidade, Arte, Resistência e Cuidado. Neste ano, começamos uma
parceria com o professor de história Luis Guilherme Baptista, recém-aposentado
do Centro de Ensino Médio Setor Leste e coordenador geral do projeto
Re(vi)vendo Êxodos desde 2001. A partir desse encontro, pensamos em canalizar
nossas diversas iniciativas dentro da perspectiva desse bem sucedido projeto,
adaptando à nossa realidade e trazendo novas contribuições. Segue os blogs com
fotografias mais detalhes das trilhas percorridas pelos projetos:
https://revivendoexodos2001.wordpress.com
http://dialogosnaescola.blogspot.com/
Objetivos e resultados esperados:
Nossa escola recebe pessoas das diversas regiões do DF e
entorno. Trabalhamos com cerca de 900 adolescentes em 28 turmas. Mais da metade
dos professores são efetivos e está há algum tempo no colégio, o que facilita a
constituição de projetos coletivos mais perenes. Por outro lado, como as
famílias dos alunos permanecem poucos anos, muitos moram longe das cercanias da
escola e têm tempo escasso para o envolvimento, os projetos comunitários são inexistentes.
As demandas estudantis geralmente são desconsideradas. A reclamação básica é a
de não serem ouvidos e acreditados. O grêmio estudantil subsiste com apoio de
professores e realiza alguns eventos, mas sempre com críticas dos colegas e de
alguns docentes. Aliás, a crítica ao outro, descompromissada com a solução
efetiva dos problemas, é um costume pernicioso presente. Isso dificulta o
diálogo saudável entre os setores. O conhecimento da comunidade se dá só por
dados institucionais frios, pouco compartilhados e sem reflexão. A reprovação
estudantil fica dentro dos níveis gerais (cerca de 35%), porém, precário
conhecimento obtemos sobre o quanto os jovens estão efetivamente aprendendo. As
doenças psicossociais são cada vez mais frequentes no meio escolar e os métodos
tradicionais são ineficazes para o enfrentamento dessa problemática atual. Por tudo isso, segue nossos objetivos e
metas:
Focar o processo de aprendizagem no percurso do estudante;
Valorizar a diversidade de histórias e vozes;
Habilitar os alunos para produzirem suas próprias narrativas
e ações;
Incrementar a capacidade de diálogo e mediação de conflitos;
Desenvolver senso de pertencimento e integração comunitária;
Ampliar a compreensão dos diferentes contextos sociais;
Perceber detalhes das relações entre o micro e o macro
social;
Produzir material fotográfico, audiovisual e escrito da
pesquisa-ação;
Realizar eventos dialogais (6) incluindo todos os segmentos
da comunidade.
Apropriar-se coletivamente dos espaços públicos internos e
externos.
No dia 29/2 (sábado após a semana de carnaval), iremos à Pirenópolis em uma exposição do projeto Êxodos. Será uma boa oportunidade para fazermos as pesquisas qualitativas que iniciaremos nesta semana. Nas aulas passadas começamos a mostrar técnicas quantitativas associada com o tema geral de cada série. Segue abaixo dois gráficos produzidos com dados extraídos a partir das dinâmicas:
A partir disso, formamos grupos para produzir uma redação analisando a questão geral do ano, que é diferente em cada série. No primeiro ano a questão é: "Como nos tornamos quem somos". No segundo é : "Onde estamos". As apresentações dos textos serão na próxima aula.
A partir disso, formamos grupos para produzir uma redação analisando a questão geral do ano, que é diferente em cada série. No primeiro ano a questão é: "Como nos tornamos quem somos". No segundo é : "Onde estamos". As apresentações dos textos serão na próxima aula.
Sejam todos bem-vindos!
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