chegamos ao final do primeiro mês e já estou bastante cansada. Me imponho muitas demandas, inclusive a de escrever aqui todo fim de semana, mesmo sabendo que poucos estão lendo. Mas como opto por aulas abertas, pautadas no que vocês trazem, acaba que fica diferente em cada turma, por isso sinto necessidade de dar mais unidade com este blog.
Comecei a semana exibindo trecho do filme "NO", baseado no plebiscito contra o ditador Pinochet no Chile em 1988. Nas primeiras turmas expliquei muito sobre o fim da guerra fria e os detalhes das articulações políticas do contexto. Porém, percebi que era mais auspicioso problematizar e deixar vocês irem trazendo as questões mais pertinentes. Isso deixou as últimas aulas mais leves e participativas. Segue abaixo vídeos que encontrei na internet sobre o filme:
Ele cairá na VG até porque traz temas em comum com o que espanhol também está trabalhando: CIDADANIA E DEMOCRACIA. Passei a parte entre os min 25 e 1h05, na qual mostra as dificuldades da campanha e como foi superada. Trabalhamos os conteúdos: carisma, tradição, mediação de conflitos, recursos de manutenção e transformação do status quo.
Na segunda aula da semana, relacionamos tudo visto com as redações em grupos a partir das questões do texto "A fábula dos porcos assados" (postagem anterior). Selecionei duas redações que gostei muito para mostrar aqui como exemplo:
REDAÇÃO DE SOCIOLOGIA
SOBRE A “FÁBULA DOS PORCOS ASSADOS”
Grupo 5 3º ano “G”
“A Fábula dos Porcos Assados” é
um texto áspero. Por meio de uma ironia muito bem colocada, faz críticas sutis
porém penetrantes ao pensamento conservador não só da época em que foi escrito,
mas também a nossa sociedade atual. Utilizando-se da narração, o autor
demonstra questionamentos sobre a efetividade de instituições já bem
consolidadas e permite uma reflexão acerca da necessidade de mudanças nos
ideais vigentes, o que pode ser visto também em canções como “Apesar de Você” e
“Todos Juntos”, de Chico Buarque, onde essa necessidade se mostra alcançável a
partir do uso de diversos recursos, como a união das partes afetadas.
João Bom Senso, como bem o nome
demonstra, pode estar representando o pensamento crítico e mesmo a ciência em
si. Ele, procurando métodos mais eficazes para a obtenção da carne suína,
propõe a uma autoridade mudanças drásticas nos procedimentos vigentes. Como
leitores da fábula, vemos a ideia de João não apenas como a mais eficaz, mas
também como a mais óbvia, tal visão não vai de acordo com o pensamento Diretor
Geral do Assado, o qual apresenta barreiras questionáveis contra a tentativa de
mudança do senhor Bom Senso.
As diversas agências,
instituições, os congressos, respectivos funcionários e especialistas compõem o
que se pode chamar de uma dominação burocrática sobre a produção da carne de
porco. Tal dominação, no contexto da fábula, prejudica e até inibe o
florescimento de ideias criativas e inovadoras, como as propostas por João. Mas
certamente, mesmo vivendo em um ambiente que não preza pela mudança, as pessoas
que consomem e produzem se mostrariam interessadas em propostas inovadoras que
diminuíssem custos e riscos. Porém, para isso seria necessária a divulgação e
difusão das novas ideias, seria necessário um poder de influência por parte do
criador, João, e tal poder não é observado no personagem da fábula, de modo que
esse se sente reprimido e retrai sua ideia. Lhe falta carisma, que seria
possivelmente seu único meio de espalhar influência, afinal as dominações
tradicional e burocrática servem de barreiras ao criador.
Decerto, a proposta do Senhor Bom Senso poderia
se tornar uma política pública caso esse permitisse envolver-se na
administração do local onde vive, de modo a encontrar pessoas influentes que
promoveriam suas ideias. Além disso, o criador poderia realizar uma pesquisa de
campo, onde coletaria dados referentes à produção de carne, os quais poderiam
assegurar efetividade ao que ele defende. Dessa maneira, apresentando uma
pesquisa sólida e confiável, João seria capaz de convencer um público chave a
investir em seu projeto, assim criando espaço para mudanças que visassem à
eficácia nos processos e que consequentemente promovessem melhorias nos
resultados de maneira integral.
GRUPO 2 3ºA
Em todo lugar há um João Bom Senso
Mas sem dinheiro e poder tudo fica tenso
As ideias não vão para frente
E mais pessoas vão ficando descrente
O que sempre sofre é o ecossistema
Onde o verde que importa é o do sistema
Ideia de pessoa simples é necessário
Mas não podem ser melhor que a do senhor empresário
Na democracia elegemos o comparsa
que cresce na vida com dinheiro da massa.
No meu país falta médico e professor,
mas ai de quem falar mal do opressor.
Na massa, fortes somos todos juntos
Porém os verdadeiros fortes se dividem em subconjuntos
Nos fortes vê-se desamparo
"Onde esquerda e direita são duas asas do mesmo pássaro"
"Me fizeram decorar
Mas jamais amaram o hino." (Brasil colônia)
Não quero ver nenhum João se desamparar
Estudar ainda é a maior revolução contra o sistema suíno.
Vários grupos ficaram ainda de apresentar suas redações na próxima aula na qual continuaremos o debate relacionando tudo como revisão para a VG de quarta. Receberei também mais trechos de filmes ou músicas trazidas pelos grupos para incrementar as relações. A ideia é estarmos sempre partindo das
influências que vocês já trazem para ancorarmos o que estamos aprendendo
em sala no cotidiano de vocês. Informações todos nós já temos muitas, o
que nos falta é relacioná-las de maneira útil e saudável a nós. Também entrará na discussão os eventos que tivemos extraclasse nessa semana:
Mesa no ICS- UnB: Militarização das Escolas
Teatro Sesc: peça Furação Carmem
Os eventos foram ótimos! Muito ricos para o debate e quem foi me deu orgulho. Ampliando nosso capital cultural, nossa rede de apoio, nosso espaço de atuação, teremos mais recursos para podermos construir a sociedade que queremos. Assim, teremos mais eventos nesta semana, valendo inclusive pontos para a Gincana Cuidar:
Segunda 2/9 às 14h30 no auditório da nossa escola:
Quarta (4/9) no eixo monumental depois da VG:
Sexta-feira 6/9 na nossa escola de 14h30 às 18h:
OFICINA DE BIOCONSTRUÇÃO (área da educação física)
Bom, tudo isso fertilizará nossas aulas desta semana de modo a termos bons debates articulando todos os conteúdos dados até aqui que será cobrado na VG. Segue a revisão mais sistematizada para ajudá-los na prova:
A
canção "Imagine" (postagem anterior) nos convida a imaginar um outro mundo. A partir dela e
do que foi explicado em sala, podemos
afirmar que
Utopias
são sonhos coletivos,
que apesar de inicialmente serem impossíveis
na
realidade que foram sonhadas podem tornarem-se
invenções ou
auxiliar nesse sentido.
Assim,
utopias
são necessárias, já que viáveis quando
colocadas em prática,
incrementando
o diálogo
criativo.
Imaginar
é base de grandes invenções, que podem melhorar nossa qualidade de
vida. Grandes
invenções surgem e são implementadas por indivíduos como
nós, ou seja de todo o tipo e situações.
Cada
um tem algo de bom que possa contribuir para o coletivo e só ampliar
nossa percepção.
Dessa
maneira, não precisamos
estarmos sempre em consenso para as invenções terem progresso.
Respeitar
o dissenso dá maior espaço para existir grandes invenções
alternativas. Os
consensos são transitórios e dificilmente são totais, mas é assim
que avançamos. Imaginar
livremente e buscar apoio em nossas invenções são direitos no
Brasil hoje.
De acordo com "a fábula dos porcos assados" e o que você aprendeu sobre poder e dominação, é correto afirmar: O poder consiste em relações de influências, que sempre depende de todos os envolvidos. Podemos acionar e desenvolver diversos recursos para levarmos nossas invenções adiante. A dominação carismática tende a inovar, enquanto os outros tipos tendem a manter a ordem vigente. Elementos de dominação tradicional com burocrática fizeram o João desistir da sua invenção
Por
outro lado,
é ERRADO
afirmar:.O
diretor era detentor de todo o poder, sendo impossível para o João
levar sua invenção adiante(?) Existem
pessoas, como o João, desprovidas de poder que só podem se submeter
a ordem vigentes(?) A
dominação carismática é a crítica central do texto, mostrando
como ela pode impedir inovações (?) Weber
era um cientista inventor, portanto queria que acabasse todo tipo de
poder e dominação (?)
Sobre
grandes invenções, podemos
dizer que as
influências que recebemos nos possibilita ou nos dificulta a
inventar ou aceitar invenções. Nem
todas
as invenções da humanidade foram benéficas à qualidade de vida de
todos do planeta. Exemplo
disso é a bomba atômica.
Sociedade
desiguais e violentas usam as invenções de modo a manter seu padrão
e o status quo. O conhecimento e a tecnologia podem ser apropriadas
por qualquer partido, ideologia ou causa. As
tecnologias de informação foram invenções que influenciaram o
mundo e as relações sociais, porém
nem
sempre positivamente, gerando muitas
vezes
desunião,
desrespeito
e desvalorização
da educação
escolar.
Portanto, devemos aprender
a lidar melhor com as
invenções digitais. As invenções e tecnologias estão à
disposição da humanidade para o bem comum ou para guerra, depende
das nossas escolhas, ideologias, recursos sócio-emocionais e
políticos. O
carisma também, apesar de ter um elemento inovador, pode ter
aspectos negativos.
A dominação colocada a partir da figura de Hitler na segunda
guerra, era predominantemente carismática, mesmo que misturada com
elementos de tradição e burocracia. Esse tipo de dominação tem
sua força calcada na promessa de renovação por meio do indivíduo
questionador, inventivo, brilhante e articulador. Assim, nem sempre a
dominação carismática, com suas “inovações”, contribui para
a qualidade de vida de todos.
Sobre
a necessidade e o poder de abrir novos caminhos, relacionando com o
filme
“NO”, é
correto afirmar:
Artistas e publicitários podem
ser
considerados inventores, na
medida em que recriam
o aprendido, questionando
o estabelecido, apontando alternativas ao que está posto.
Invenção
e
criações
diversas
minimizaram
os anos de ditadura durante a Guerra Fria. Discursos
criativos e inovadores, são
carismáticos,
podendo
transformar
a ordem vigente. Com
a campanha inventiva e carismática do “NO”, Pinochet teve
que deixar de ser
ditador do
Chile no final dos anos 80.
No
filme “NO” vimos que foram feitas pesquisas de opinião para
embasar a campanha que se mostrou exitosa. Assim, podemos ver que
para lançar um produto novo no mercado, ou qualquer inovação é
preciso fazer uma pesquisa antes se quisermos ter sucesso. Mesmo boas
ideias, como a do João Bom Senso, podem ser descartadas sem pesquisa
e articulação consistente. Até tecnologias bem presentes em nossas
vidas como a energia elétrica ou a internet, precisaram de pesquisas
e articulações políticas para sua implantação e disseminação.
Mesmo assim, seu acesso a ainda carece de ser ampliado e melhorado,
por isso continuarão as pesquisas nessas áreas.
BOA PROVA E BOA SEMANA A TODOS!
boa noite professora! obrigada por não desistir daqueles que, assim como eu, tem o maior carinho pelo seu trabalho nesse blog.
ResponderExcluirte desejo forças para continuar sendo a educadora incrível que a senhora é! e pode deixar que mesmo quando eu terminar o terceiro ano, vou continuar vindo aqui pra aprender com você! ❤
Obrigada pelo carinho e atenção! Isso é o que mais nos anima para continuarmos em nossa profissão. Beijos.
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