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sábado, 25 de novembro de 2017

Revisão anual, PAS e VE

Amores,

nessa semana terminamos nossas aulas regulares. Agora virão as provas e atendimentos. Então aqui estou fazendo a última revisão escrita para auxiliar em seus estudos. Como as provas do PAS serão no próximo sábado (3/12), vou dar um aulão para quem quiser nesta segunda (27/11) no auditório externo, ao final das provas. Este será um momento bom para vocês tirarem dúvidas para a VE que será no dia seguinte. Os temas chaves da prova são temas também abordados no PAS- UnB como mostram os gráficos abaixo:




Os gráficos acima foram produzidos por pesquisas feitas pelo professor Bruno Borges junto às provas do PAS/UnB nos últimos 6 anos.

Segue então a revisão anual focada nas questões da VE deste 4ºbimestre:



REVISÃO ANUAL CONTRIBUINDO PARA O PAS E PARA A VE DO 4º BIMESTRE 

 " Como nos tornamos quem somos?" é a questão central colocada neste ano em Sociologia e presente no PAS/UnB. O contexto social no qual o indivíduo está inserido condicionará seus hábitos e influenciará suas escolhas. Entender cada vez mais aprofundadamente esses condicionamentos e influências é um dos objetivos das Ciências Sociais, com o intuito de ampliar as possibilidades de decisões e intervenções.  Assim, analisaremos algumas obras cobradas no PAS/UnB, à luz das Ciências Sociais:

"(...) ao homem todas as coisas parecem naturais, nas quais é criado e nas quais se habitua (...)" ( Discurso sobre a servidão voluntária - La Boétie)

Para questionarmos a servidão de qualquer pessoas precisamos desnaturalizar padrões opressores. Uma função primordial das ciências sociais no Ensino Médio é desnaturalizar o que aprendemos como óbvio. Começamos o ano desnaturalizando inclusive os padrões de estudo utilizando um texto do pedagogo Paulo Freire sobre "o ato de estudar". Paulo Freire dizia que o hábito de estudar é construído e contextualizado, sendo necessário esforço de reflexão e diálogo sistemático para que ele seja efetivo e libertador. A capacidade humana de refletir e questionar é treinada culturalmente e inicia-se com o hábito de imaginar e planejar. Pode ser intensificada por meio da filosofia, das artes e da ciência. A Antropologia urbana estuda temas próximos ao pesquisador, exigindo rigor metodológico, utilizando o recurso de estranhar o conhecido, desconstrói analiticamente preconceitos do senso comum. Apesar de ser um conhecimento útil na adaptação social, o senso comum é permeado de preconceitos que reproduzem opressões históricas, como as de raça e gênero. Assim, fomentamos o contato de vocês com técnicas científicas de produção de conhecimento. A ideia é que métodos sistemáticos para testar hipóteses não fiquem restritos à universidade. Projetos de pesquisa e fóruns no ensino médio devem servir para além da expressarem sua opinião cotidiana, devem ser um momento de reflexão profunda dessa, abrindo para diversas possibilidade.

" Eu nasci!
Há dez mil'anos atrás
E não tem nada nesse mundo
Que eu não saiba demais... "(trecho canção Raul Seixas)

 A canção fala de dez mil anos de legado cultural da humanidade que faz parte de nossa formação e identidade.  Os acontecimentos históricos podem influenciar na socialização mesmo das pessoas nascidas muito depois.  Em termos simbólicos, culturais, todos nós nascemos há cerca de dez mil anos, tendo consciência ou não disso. Assim, o velhinho da canção traz  sabedoria e conhecimento em sua fala, que muitas vezes passa despercebidos ou é mal interpretada.
 A Sociologia também é um conhecimento construído por meio de um longo legado histórico e cultural. Porém, não  podemos dizer que o sociólogo existe há mais de dez mil anos, nem que ele sabe mais que os outros.  Apesar de integrada ao legado cultural humano, a Sociologia surge somente no século XVIII / XIX na Europa. Além disso, saber "demais" é uma sensação , por isso não implica de fato, nem necessariamente, saber mais que os outros. Quando nos achamos donos da verdade estamos reproduzindo um etnocentrismo aprendido.

"O homem nasceu, pelado e ateu
Levou um tapa na bundinha e um boné recebeu
Nem nome ele tinha, deixaram a audiência escolher
Acessando seu site, seu e-mail ou ICQ
Depois de longa votação, elegeram João
Um nome simples, bonito, simboliza a nação" (trecho canção Móveis Coloniais de Acaju)

 Socialização significa aprender e internalizar padrões sociais nos quais se é inserido.  A tecnologia as vezes nos leva a uma socialização fragmentada, desestimulando relações e reflexões profundas.  Em diversos grupos sociais há socialização permeada por ideologias racistas, classistas e individualistas. Temos uma sociedade de diversidades e várias contradições. Assim, muitas vezes os preconceitos e violência estão na base da nossa formação. Neste ano, tentamos evidenciar esses padrões para refletirmos e pensarmos em alternativas mais inclusivas e pacíficas. Assim, saber lidar com conflitos é uma aprendizado social importante em nações diversas como a nossa.

"Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL."(Trecho inicial da Constituição Brasileira)

Relacionando  o trecho acima com o filme "Pro dia Nascer feliz, podemos reconhecer a  valorização da igualdade e do bem comum como algo que vem sendo construído pela história e cultura brasileira, pelo menos em tese. Observamos também o reconhecimento e respeito à pluralidade, o que possibilita o aprendizado com a alteridade. Infelizmente, concretamente no Brasil os jovens carecem de condições igualitárias de educação escolar, para que haja paz, amor e união. Valorizar a diversidade e superar as desigualdades é fundamental para construirmos uma escola melhor.

"Você ri da minha roupa
Você ri do meu cabelo
Você ri da minha pele
Você ri do meu sorriso...
A verdade é que você
(Todo brasileiro tem!)
Tem sangue crioulo
Tem cabelo duro
Sarará crioulo..."(trecho canção Sandra de Sá)


A partir dos textos acima, relacionando com o filme "Atlântico Negro", podemos dizer que temos matrizes culturais diferentes formando nossa identidade, que nem sempre valorizamos. Existem contradições em nossa nação que influenciam nossas escolhas, mesmo que inconscientemente. Compreender nossa formação contraditória nos permite refletir e questionar os preconceitos aprendidos. Para a solução pacífica das controvérsias precisamos reconhecer as diferenças, respeitando inclusive a diversidade religiosa. Jorge Amado acreditava na miscigenação e no sincretismo como base da identidade nacional. Percebia as influências racistas mas apostava em sua superação para  a construção de um país melhor. O sincretismo cultural como elemento da identidade nacional, também é evidenciado em algumas obras do PAS.

"Ela ia morrer mesmo. Eu só adiantei"(fala de entrevistada no filme "Pro dia nascer feliz")

 A fala acima é uma alerta para a condição de anomia que vários jovens estão em sociedades como a nossa. Durkheim criou o conceito de anomia para definir a doença social que degradava as relações em sua época.  A exclusão está na base da anomia, que para Durkheim pode ser superada reforçando-se as instituições sociais. Contextos de solidariedade orgânica são mais suscetíveis à anomia, construção social típica da modernidade.  A diversidade gera ambiente mais rico e criativo, porém precisamos aprender a lidar com conflitos decorrentes. As ciências sociais trazem a diversidade de pensamento e de teorias como representações da realidade. Nas aulas procuramos trabalhar diversidades, contradições e conflitos de maneira construtiva. Para tanto, fomentamos  trabalhos de grupos com pessoas diferentes, inclusive com aquelas que nem sempre temos afinidade. Tirando os estudantes da sua zona de conforto, procuramos incentivar a inclusão, o engajamento na luta por justiça e a superação da violência social, desnaturalizando na prática seus padrões de relações sociais.

 


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