Vamos lá!

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dedico-me à troca de pensamentos como às pessoas que amo



sexta-feira, 27 de abril de 2012

Tristeza profunda

   Queridos,

quando perdemos a esperança, ou a fé, caímos em tristeza profunda. Quem chega a tal situação pode morrer ou viver como zumbi. Para não chegar nesse estado, as vezes os professores recorrem ao instrumento da greve. Precisam buscar apoio em seus iguais, naqueles que sentem o peso da sociedade em suas costas. Sentem necessidades de serem ouvidos, considerados. Querem ser priorizados pelas políticas públicas. No entanto, quando não são atendidos, recebidos ou são tratados de maneira hostil pelos gestores públicos, percebem que sua causa ainda é inglória. 
   Parece que a sociedade entende que o professor deve ser  mais valorizado e apoiado, mas dificilmente quer pagar o preço de priorizar isso. Esse impasse lembra a luta histórica das mulheres para receberem salários iguais aos dos homens (ver filme Revolução em Dagenham). Em tese,  todos acham justa a reivindicação, porém implementá-la implica mudanças profundas nas relações econômicas e culturais, que a maioria não está realmente disposta a se incomodar. É preferível estigmatizar e culpabilizar quem não aceita as coisas como são.  É mais fácil tentar caracterizar a greve como ilegal, imoral, insana do que chegar a um acordo mínimo. Afinal de contas: "elas tem que compreender e se sacrificar pelo bem de todos".
   Não é a falta de compreensão que nos impede de exercer bem nossa profissão e missão social. É justamente a  sensibilidade aguçada, a percepção das contradições e a experiência em lidar com problemas sociais profundos, que nos adoece, se não estamos empoderados para tratá-los. Nesse sentido, o movimento nos dá força emocional e política para continuarmos nossa profissão. Porém, como fato coletivo,   não temos controle individual sobre ele. As vezes tomam proporções e caminhos indesejáveis para muitos. Mas o que fazer? Desistir da luta, abandonar nossos colegas, nos abandonar? Viver ou morrer de exaustão e tristeza? Mudar é difícil, por outro lado, sozinhos será impossível. 

"Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas."  (Carlos Drummond de Andrade - trecho poema mãos dadas)

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