Segundo semestre

Amores, tive muitos contratempos pessoais nesse mês de agosto, iniciado com a internação do meu sogro no tratamento de cancer e terminado com uma virose que pegou a mim e a minha família. Então, tenho muito o que relatar das nossas aulas de Sociologia e Projeto de Vida, dando o exemplo, para em seguida cobrar os relatos escritos de vocês.

Na primeira aula de Sociologia, tivemos o apoio dos estagiários aplicando o exercício do texto "O ato de estudar" do nosso patrono Paulo Freire. Sabemos que é um escrito de nível mais alto do que estão acostumados, porém, além de possibilitar a ampliação do vocabulário de vocês, traz dicas importantes sobre a leitura e o processo de aprendizagem. Diálogo, curiosidade e criticidade, são a base para a contrução do conhecimento como instrumento de autonomia. Para tanto, é necessário contextualização, pesquisa, diversidade de fontes, escrita, sistematização e abertura de consciência, se colocando como sujeito, construtor ativo do processo, sem se prender à mera obrigação de memorização simples de informações.

Nas aulas seguintes relacionamos a ideia de CONHECIMENTO e MEMÓRIA com a questão central do ano "COMO NOS TORNAMOS QUEM SOMOS?". Citamos as diferentes formas de conhecimentos para caracterizarmos a CIÊNCIA, categoria na qual a SOCIOLOGIA se enquadra. Fizemos dinâmicas para elucidarmos na prática como são usadas as TÉCNICAS DE PESQUISAS tanto QUANTITATIVAS quanto QUALITATIVAS nas ciências sociais. A partir disso, tivemos diagnósticos sobre as turmas e começamos a analisar mais aprofundadamente o formam os PADRÕES e as DIVERSIDADES. Chegamos inevitavelmente no conceito de FATO SOCIAL (elaborado por Durkheim - GERAL, EXTERIOR, COERCITIVO), objeto de estudo da Sociologia. Nos tornamos quem o meio social nos possibilita ser, porém, como esse meio é cada vez mais diverso e mutante, nossas escolhas podem ir se ampliando ao longo de nossa história. Essa tensão entre INFLUÊNCIAS X ESCOLHAS foram trazidas em vários textos de vocês e até em debates acalorados pontuais. O fato é: quanto mais conhecimento tivermos do que nos formou enquanto pessoas e coletivos, maior alternativas teremos para escolher. Nesse sentido, a memória coletiva é um instrumento fundamental de poder, bem explicado no vídeo do Átila Iamarino, passado em aula na semana do patrimônio cultural: A partir disso, fizemos discussões sobre o que nos faz perder a memória de longo prazo e quem define o que é importante de ser lembrado. Falamos dos maus usos da internet e das mídias, porém demos ênfase na discussão da DOMINAÇÃO E RESISTÊNCIA CULTURAL. Na última aula de Sociologia, analisamos a obra do PAS 1 "O Perigo da história única": Essa explanação da Chimamanda Adichie é sensacional! Analisada pelos estagiários e relacionada com outro vídeo, ficou mais interessantes: Gostei da participação de vocês e facilitou para a entrada da dinâmica do MAPA MUNDI, de modo a evidenciar nossa formação EUROCÊNTRICA arraigada, em contraposição às inúmeras perspectivas possíveis e complementares, muitas vezes desprezadas.

As aulas de Sociologia são um convite a nos repensarmos e recriarmos-nos, com escolhas mais conscientes e ampliadas, a partir da compreensão do que nos formou e nos forma constantemente. Nesse sentido, casam muito bem com Projeto de Vida, que acaba sendo uma continuação prática do que está sendo trabalhado na teoria na formação geral básica. Por exemplo: na semana do Patrimônio Cultural, aproveitamos para trazer ex-estudantes de nossa escola para contarem um pouco da caminhada deles, de modo a conectar, criar identidade e ampliar recursos pessoais e sociais.

A ideia era ampliar a percepção de recursos materiais e imateriais que estão disponíveis para além da sala de aula. Diversos espaços escolares, da circuvizinhança e redes de apoio muito mais amplas do que se vê no cotidiano. Isso é trabalhado em cada visitação guiada que fazemos. A primeira deste semestre foi ao CINECULTURA:

Só de sair coletivamente da escola para ocupar novos espaço, já traz novas perpectivas para estudantes e comunidade. Porém, o filme Pureza, que vimos no Cinecultura, é de uma riqueza cultural e de memória coletiva impressionante. Estudantes aplaudiram, se emocionaram e se envolveram, superando minhas expectativas. A narrativa do fato verídico em contexto de escravidão contemporânea é levada de maneira bela e motivadora. Aproveitamos a discussão do filme para apresentar um projeto parceiro nosso com a AMATRA: o TJC (TRABALHO, JUSTIÇA E CIDADANIA). Entregamos revistinhas sobre essas temáticas e trouxemos o professor "Papi" para contar como ele vivenciou esse trabalho quando estava em sala de aula.

Ainda daremos continuidade a esse projeto. Dia 16/9 às 10h teremos visita de uma juíza do trabalho e dia 21/9 faremos uma visitação ao fórum pela manhã. Quem tiver interesse me procure com urgência para garantir sua vaga. Faremos mais discussão das revistinhas, após terminarmos o período de inscrição do PAS, que acaba dia 12/9. Por conta disso e da semana universitária, passamos a dar ênfase às pautas voltadas para a universidade. Assim, na semana passada fizemos visitas à UnB e nesta discutiremos o PAS.

Ao vivenciarmos a universidade podemos incorporar a percepção de que ela é realmente pública e acessível a nós! Na realidade toda a sociedade é, desde que tenhamos abertura para novos conhecimentos e possibilidades, nos libertando de nossos condicionamentos limitantes e as "histórias únicas" que nos contaram. É nessa perspectiva que também trouxemos os projetos de yoga e a mentoria on-line de TI (https://extraordinarioteam.com.br/marketplace_login) nas aulas de PV:

Enfim, todo projeto que aparecer, e for gratuito, colocaremos à disposição nas aulas de PV de modo a oportunizar mais escolhas e recursos a todos nós. Damos o exemplo trabalhando em conjunto, em rede, por isso, me sinto tranquila em cobrar o mesmo de vocês. As vezes será prazeiroso, outras terão que sair da zona de conforto. De qualquer maneira, será uma aventura incrível!!