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domingo, 24 de março de 2019

Semana da água e VG

Essa semana era oficialmente para trabalharmos a questão do uso sustentável da água. Porém, em função do adoecimento meu e da minha filha nas semanas anteriores nosso cronograma atrasou um pouco. Então acabei trabalhando aprofundadamente trechos dos filmes "Os Miseráveis" e "Revolução em Dagenham", já colocado em postagens anteriores. Os conteúdos relacionados foram: contexto de formação e evolução do Capitalismo; disputas históricas entre capital e trabalho; mais valia e exército industrial de reserva; o Estado como opressor ou mediador; evolução dos direitos trabalhistas e sociais; consciência de classe e sororidade; ideologia e reprodução social; conflitos e transformação social. A semana terminou com o passeio do CCBB e o sábado temático. Tinha muito mais alunos no primeiro evento (90) do que no segundo (30). De fato a exposição era bem interessante e interativa, sobre tema que estamos trabalhando: Realismo. Por outro lado, o sábado mesmo com menos participantes gerou bastante interação descontraída o que permitirá avanços nos projetos da escola. Pessoalmente ando bem cansada e esqueci das fotos. O excesso de problemas nas relações interpessoais no colégio intensificam meu esgotamento. Estou buscando ajuda profissional e tenho fé que vou superar as dificuldades e o desânimo que as vezes aparece.
Nesta semana, teremos na quarta feira 27/3 uma palestra/debate sobre água, cerrado, sustentabilidade e tragédias ambientais com facilitadores da UnB. A ideia é cumprir a semana temática regulamentada e ajudá-los com o tema da VG. Como toda atividade, valerá décimos tanto coletivos quanto individuais. Será no auditório externo das 13h30 às 16h30.
Por fim, segue abaixo a revisão sociológica para a VG:


REVISÃO VG 1º BIMESTRE 2º ANO
A prova começa com os textos em espanhol. Utilizei dois deles para fazer questões de Sociologia. Segue trechos iniciais do primeiro:
Ni un paso atrás
Lo extendido del movimiento feminista y su poder para llegar a cualquier rincón de planeta produce pavor en sectores conservadores. El problema, para ellos, es que el cambio ya empezó y es imparable (CLAUDIA PIÑEIRO – El País 9 MAR 2019 –)

Tanto no texto, quanto no filme Revolução em Dagenham, é evidente que a luta feminista luta contra privilégios históricos dos homens sobre às mulheres, que geraram desigualdade e ordem social opressora e muitas vezes violenta.

Traçando relações do texto acima e com os filmes “Revolução Industrial”, “Ilha das Flores”, “Revolução em Dagenham” e “Os Miseráveis”, podemos reflitir sobre tragédias cotidianas que muitas vezes somos insensíveis em contraste com a evolução da discussão sobre direitos coletivos.
A exclusão e vários tipos de violência são antigas mas são construções sociais que se modificam de acordo com as estruturas e conjunturas sociais em questão. Por isso, podem ser superadas. Nas diversas obras há menção à opressão de mulheres e crianças. Isso indica um fato social de nossa estrutura que está sendo analisado para sua superação. Opressões geram tragédias coletivas por vezes silenciosas, nas quais os movimentos e obras tentam denunciar, para conscientizar, com vistas a mudanças ou ajustes. A mobilidade social ampliada em nossa estrutura social, em comparação às anteriores, permite compreensão do trabalho como fonte de riqueza, da liberdade e mais organização para conquistas de direitos coletivos.
No texto 2: La escuela de Arturo Barea en el Madri de principios del siglo XX, prestem atenção aos seguintes trechos:
Lo primero que se aprende es a estar en fila, en silencio (...) Antes que aprender la letra A se aprende a estar en fila, callado. Luego se aprende a leer. Tan estúpidadmente como se leen al passar por la calle los anuncios luminosos de forma mecánica, sin saber lo que dicen, igual que se coge un puesto en la fila de la vida y mecánicamente se sigue detrás de los que van delante y delante de los que van detrás sin rebelarse (...)
No filme "Ilha das Flores" há crítica à alienação educacional que dialoga com esse texto, quando a menina é treinada apenas a decorar a matéria ao invés de entende-la de maneira articulada, com vistas à intervenção para superação das mazelas sociais construídas historicamente. Se isso fosse feito tragédias sociais e ambientais poderiam ser evitadas.
Texto 3
SUSTENTABILIDADE:
Sustentabilidade é a capacidade de sustentação ou conservação de um processo ou sistema.A palavra sustentável deriva do latim sustentare e significa sustentar, apoiar, conservar e cuidar. O conceito de sustentabilidade aborda a maneira como se deve agir em relação à natureza. Além disso, ele pode ser aplicado desde uma comunidade até todo o planeta.A sustentabilidade é alcançada através do Desenvolvimento Sustentável, definido como:
"o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem suas próprias necessidades".
O desenvolvimento sustentável tem como objetivo a preservação do planeta e atendimento das necessidades humanas. Isso quer dizer que um recurso natural explorado de modo sustentável durará para sempre e com condições de também ser explorado por gerações futuras.
O chamado tripé da sustentabilidade é baseado em três princípios: o social, o ambiental e o econômico. Esses três fatores precisam ser integrados para que a sustentabilidade de fato aconteça. Sem eles, a sustentabilidade não se sustenta.
·         Social: Engloba as pessoas e suas condições de vida, como educação, saúde, violência, lazer, dentre outros aspectos.
·         Ambiental: Refere-se aos recursos naturais do planeta e a forma como são utilizados pela sociedade, comunidades ou empresas.
·         Econômico: Relacionado com a produção, distribuição e consumo de bens e serviços. A economia deve considerar a questão social e ambiental.


A partir dos textos e imagens acima, os filmes “Ilha das Flores” e “Tempos Modernos”, reflita sobre a alienação em nossa estrutura social responsável por tragédias tanto coletivas quanto individuais.

A base da alienação em nossa sociedade está na fragmentação das relações e percepções, o que dificulta a ação coletiva consciente e responsável.O individualismo estrutural dificulta a compreensão do todo e de como nossas ações podem prejudicar o meio ambiente e grupos sociais historicamente oprimidos. A sustentabilidade só ocorre quando consideramos todos os aspectos do tripé e os articulamos. Provas interdisciplinares surgiram para estimular o pensamento e o estudo de soluções mais integradas, sustentáveis e efetivas, selecionando pessoas mais capazes de evitar tragédias coletivas.

Texto 4 - A atividade física tem sido apresentada diariamente como uma grande solução para muitos dos males de saúde que atingem as diversas camadas da população. No entanto, e apesar desta frequente propaganda, percebe-se que muitas pessoas não conseguem se manter na prática por longos períodos, e a abandonam após pouco tempo, sem experimentar os reais benefícios de um programa continuado de exercício físico.

Quando internalizamos a ideologia “tempo é dinheiro”, dedicamos pouco tempo para nossa saúde e a qualidade de vida coletiva, tornando a vida menos sustentável.

Para cuidarmos da nossa saúde devemos olharmos para nós mesmo enquanto indivíduos com necessidades biológicas, sociais, ambientais e econômica. Conciliando integralmente todas essas dimensões equilibradamente.

Podemos associar atividades físicas ao contato com a natureza e em relações saudáveis com os outros, contribuindo para saúde e conscientização pessoal e coletiva.
O estudo ecológico, sociológico e econômico levará à sustentabilidade e evitará tragédias coletivas. Todas as diversas disciplinas e conhecimentos são indispensáveis nesse sentido, devemos aproveitar todos nossos recursos por diferentes olhares de maneira complementar.
Estudo e atividade física são complementares, assim como indivíduo e sociedade, ou economia e meio ambiente. Ou seja, devemos escolher estimular todos equilibradamente de maneira em que um jamais cresça em detrimento do outro.

TEXTO 4

Raio-x dos crimes: um comparativo entre os impactos de Brumadinho e Mariana
Leia um resumo das consequências socioambientais do rompimento das duas barragens da Vale em Minas Gerais
Três anos após o crime ambiental da Samarco, de propriedade da Vale e da BHP Billiton, mais um desastre envolvendo a mineradora Vale assolou o país, no último dia 25 de janeiro. O rompimento da barragem da Mina do Feijão, em Brumadinho (MG), deixou, até o momento, 99 mortos e 261 desaparecidos.
A dimensão da catástrofe ainda é inestimável, mas sabe-se que o volume de rejeitos é 50 vezes menor que o da barragem de Fundão, em Mariana – 1 milhão de m³, contra 50 milhões de m³.
A lama tóxica da Samarco percorreu 663 km até encontrar o mar, no Espírito Santo. A da barragem de Brumadinho, por sua vez, percorreu cerca de 205 km até agora, de acordo com a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), e deve chegar à bacia hidrográfica do rio São Francisco, que abastece 550 municípios do país, atingindo 9,6% da população brasileira.
(....)
Até hoje, ninguém foi responsabilizado pela tragédia de Mariana, que deixou 19 mortos. A Samarco, dona da barragem e propriedade da Vale, foi multada em R$ 610 milhões por órgãos ambientais, R$ 346 milhões pelo Ibama, e R$ 370 milhões pela Secretaria do Meio Ambiente de Minas Gerais (Semad). Desse valor, apenas R$ 41 milhões foram pagos.
(....)
No caso de Brumadinho, a Vale também começa a acumular multas: R$ 250 milhões pelo Ibama, R$ 99 milhões pelo governo de Minas Gerais, R$ 100 milhões pela prefeitura de Brumadinho e R$ 50 milhões pela Prefeitura de Juatuba, pela contaminação do Rio Paraopeba. Os números, no entanto, são baixos em comparação com os rendimentos da Vale. A mineradora fechou o terceiro trimestre de 2018 com lucro líquido de quase R$ 5,8 bilhões.
Para Oliveira, é necessário que os órgãos da União e dos estados estejam capacitados para assistir as famílias atingidas, e que elas sejam protagonistas nos processos de decisão daqui para frente – e não apenas o Estado e a empresa. “A gente entende que, se as empresas tivessem investido em segurança nesse processo, e não só nos lucros, isso tudo poderia ter sido evitado.”
(....)
O número de mortes, decorrentes do rompimento da barragem em Brumadinho, é cinco vezes maior do que em Mariana. A Vale estima que havia mais de 300 empregados no local no momento em que a barragem se rompeu. A Mina Córrego do Feijão tem 613 empregados diretos e 28 terceirizados, que trabalhavam em 3 turnos de 24 horas nos 7 dias da semana.
Publicado por Bruna Caetano, em 31 de Janeiro de 2019 às 08:37, site Brasil de Fato | São Paulo (SP),
https://www.brasildefato.com.br/2019/01/31/raio-x-dos-crimes-um-comparativo-entre-os-impactos-de-brumadinho-e-mariana/

Tipo B sociologia: “A Mina Córrego do Feijão tem 613 empregados diretos e 28 terceirizados, que trabalhavam em 3 turnos de 24 horas nos 7 dias da semana.” Supondo que a mais-valia nessas relações de trabalho seja de 80%, qual será o número de pessoas que sairá da condição de exército industrial de reserva se a mesma produção fosse realizada cooperativamente sem mais-valia, mantendo-se o mesmo salário para todos. (para marcar no gabarito, divida o resultado obtido e despreze casas decimais, se houver)
resposta: novos empregados 641 x 4 = 2564 dividido 10 = 256,4 = marcação 256

Em estruturas sociais onde há grupos sem trabalho ou papel social, nas quais os indivíduos são mais treinados a disputar do que a cooperar, as tragédias tendem a ser recorrentes.
O desemprego em massa nem sempre existiu em todas as estruturas sociais, por isso as disputas individualistas, que geram a cegueira social e as tragédias coletivas, são evitáveis, desde que possamos compreende-las em suas construções sociais e reorientarmos nossas ações.
texto 5 - TRAGÉDIA EM BRUMADINHO
“Meu coração batia no peito dele e parou, diz mãe de morto em Brumadinho”
Quase três semanas após a tragédia de Brumadinho (MG), uma reunião na Câmara local com o MPT (Ministério Público do Trabalho) na noite de ontem, serviria, a princípio, para familiares de vítimas debaterem a reivindicação de direitos e reparações. Mas o principal direito que parentes dos desaparecidos sob a lama da Vale exigiram é o de dar um enterro digno aos seus.
Depois das falas de procuradores e representantes de sindicatos, o microfone ficou aberto. Parentes e amigos de vítimas reuniram forças para se revezar na dor e na indignação, vivendo o luto em público, para muitos ali, um luto ainda incompleto. Até ontem, segundo a Defesa Civil, eram 155 desaparecidos.
O relato de Andresa Rodrigues acabou servindo como um resumo e uma catarse do sentimento de todos aqueles que ainda esperavam dar um funeral aos que ainda não foram encontrados sob a lama. Ela se apresentou como “mãe de um único filho que a Vale assassinou”: Bruno, de 26 anos. Leia abaixo um trecho da fala de Andresa.
“Eu gostaria de dizer que nenhum valor proposto por essa assassina da Vale cobre a vida do meu filho e dos nossos familiares. Nenhum dinheiro.
Acompanho os meios de comunicação todos os dias, na esperança de ver que ali o corpo do meu filho foi encontrado, porque até agora nós estamos tratando que morreram tantos, mas outros 155 estão lá debaixo daquela lama que eles enterraram vivos.
A vale desmonta montanhas, cava crateras em busca do bem mais precioso dela, que é o minério. O nosso bem mais precioso são os nossos entes queridos, os nossos familiares. É o meu filho, o marido, o pai, a mãe de tantos que estão aqui. E é disso que nós queremos resposta. Nós não aceitamos que nenhum corpo daquele fique debaixo daquela lama.”
Foi acidente, não. Acidente é acontecimento casual, fortuito, inesperado, diz o dicionário. Lá eles sabiam do risco que corriam.
Bernardo Barbosa
do UOL, em Brumadinho (MG)
14/02/2019

Todos os trechos abaixo denunciam a reificação subjacente à tragédia de Brumadinho.  Marque a frase que MAIS SE OPÕE a ideologia estrutural a qual o termo se refere:
A.                 “Eu gostaria de dizer que nenhum valor proposto por essa assassina da Vale cobre a vida do meu filho e dos nossos familiares. Nenhum dinheiro.”
B.                  “A gente entende que, se as empresas tivessem investido em segurança nesse processo, e não só nos lucros, isso tudo poderia ter sido evitado.”
C.                “Foi acidente, não. Acidente é acontecimento casual, fortuito, inesperado, diz o dicionário. Lá eles sabiam do risco que corriam.”
D.                “A vale desmonta montanhas, cava crateras em busca do bem mais precioso dela, que é o minério.”

Reificação significa coisificação, ou seja, tudo vale enquanto coisa, mercadoria a ser vendida, trocada, para obter lucro, benefícios pessoais. Nessa perspectiva o ter acaba tendo mais valor do que o ser. Essa é a alienação típica da nossa sociedade porque o capital ao organizar todas as relações acaba por monetarizá-las e reificá-las. Porém, críticas a isso ocorrem desde o sec. XIX, bem evidentes no filme Os Miseráveis e nos textos acima. 
Tragédias são documentadas, representadas por obras artísticas  ou passadas por tradição oral desde tempos remotos, porém têm contornos distintos de acordo com os elementos estruturais de cada modo de produção e conjunturais de cada contexto. A reificação está na base das nossas tragédias.


2 comentários:

  1. Professora,li seu blog e gostei muito sei que me enriqueceu e me ajudou muito.A única parte que não entendi bem ,foi Àquele cálculo sobre mais valia. Não entendi bem ,que o 4 se multiplicava pelo 641 sendo que não sei de onde saiu àquele 4 nem a divisão pelo 10 se puder me explicar,Agradeço. Atenciosamente João Pedro do 2C.

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  2. Querido, quando reduzo a 0 a mais valia que era de 80%, mantendo o mesmo salário, diminuo as horas de trabalho do trabalhador em 80%. Para manter a mesma produção vou precisar contratar trabalhadores, no caso 4 vezes mais. A divisão por 10 era explicada na questão como forma de marcar no gabarito já que o resultado chega a milhar.
    Posso explicar pessoalmente na escola se preferir.

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