Nesta semana, teremos na quarta feira 27/3 uma palestra/debate sobre água, cerrado, sustentabilidade e tragédias ambientais com facilitadores da UnB. A ideia é cumprir a semana temática regulamentada e ajudá-los com o tema da VG. Como toda atividade, valerá décimos tanto coletivos quanto individuais. Será no auditório externo das 13h30 às 16h30.
Por fim, segue abaixo a revisão sociológica para a VG:
REVISÃO VG 1º BIMESTRE 2º ANO
A prova começa com os textos em espanhol. Utilizei
dois deles para fazer questões de Sociologia. Segue trechos iniciais do
primeiro:
Ni un paso atrás
Lo extendido del movimiento feminista y su poder
para llegar a cualquier rincón de planeta produce pavor en sectores
conservadores. El problema, para ellos, es que el cambio ya empezó y es
imparable (CLAUDIA
PIÑEIRO – El País 9 MAR 2019 –)
Tanto no texto, quanto no filme Revolução em Dagenham, é evidente que a
luta feminista luta contra privilégios históricos dos homens sobre às mulheres,
que geraram desigualdade e ordem social opressora e muitas vezes violenta.
Traçando relações do texto acima
e com os filmes “Revolução Industrial”, “Ilha das Flores”, “Revolução em
Dagenham” e “Os Miseráveis”, podemos reflitir sobre tragédias cotidianas que
muitas vezes somos insensíveis em contraste com a evolução da discussão sobre
direitos coletivos.
A exclusão e vários tipos de
violência são antigas mas são construções sociais que se modificam de acordo
com as estruturas e conjunturas sociais em questão. Por isso, podem ser
superadas. Nas diversas obras há menção à opressão de mulheres e crianças. Isso
indica um fato social de nossa estrutura que está sendo analisado para sua
superação. Opressões geram tragédias coletivas por vezes silenciosas, nas quais
os movimentos e obras tentam denunciar, para conscientizar, com vistas a
mudanças ou ajustes. A mobilidade social ampliada em nossa estrutura social, em
comparação às anteriores, permite compreensão do trabalho como fonte de
riqueza, da liberdade e mais organização para conquistas de direitos coletivos.
No
texto 2: La escuela de Arturo Barea en el Madri de
principios del siglo XX, prestem atenção aos seguintes trechos:
Lo primero que se aprende es a estar en fila,
en silencio (...) Antes que aprender la letra A se aprende a estar en fila,
callado. Luego se aprende a leer. Tan estúpidadmente como se leen al passar por
la calle los anuncios luminosos de forma mecánica, sin saber lo que dicen,
igual que se coge un puesto en la fila de la vida y mecánicamente se sigue
detrás de los que van delante y delante de los que van detrás sin rebelarse
(...)
No filme "Ilha das
Flores" há crítica à alienação educacional que dialoga com esse texto,
quando a menina é treinada apenas a decorar a matéria ao invés de entende-la de
maneira articulada, com vistas à intervenção para superação das mazelas sociais
construídas historicamente. Se isso fosse feito tragédias sociais e ambientais
poderiam ser evitadas.
Texto 3
SUSTENTABILIDADE:
Sustentabilidade é a capacidade de sustentação ou
conservação de um processo ou sistema.A palavra sustentável deriva do latim
sustentare e significa sustentar, apoiar, conservar e cuidar. O conceito de
sustentabilidade aborda a maneira como se deve agir em relação à natureza. Além
disso, ele pode ser aplicado desde uma comunidade até todo o planeta.A
sustentabilidade é alcançada através do Desenvolvimento Sustentável, definido
como:
"o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do
presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem suas
próprias necessidades".
O desenvolvimento sustentável tem como objetivo a
preservação do planeta e atendimento das necessidades humanas. Isso quer dizer
que um recurso natural explorado de modo sustentável durará para sempre e com
condições de também ser explorado por gerações futuras.
O chamado tripé da sustentabilidade é baseado em três princípios:
o social, o ambiental e o econômico. Esses três fatores precisam ser integrados
para que a sustentabilidade de fato aconteça. Sem eles, a sustentabilidade não
se sustenta.
·
Social: Engloba as
pessoas e suas condições de vida, como educação, saúde, violência, lazer,
dentre outros aspectos.
·
Ambiental: Refere-se
aos recursos naturais do planeta e a forma como são utilizados pela sociedade,
comunidades ou empresas.
·
Econômico: Relacionado
com a produção, distribuição e consumo de bens e serviços. A economia deve
considerar a questão social e ambiental.
https://www.todamateria.com.br/sustentabilidade/ visitado em 22/2/2019
A partir dos textos e imagens acima, os filmes “Ilha das Flores” e
“Tempos Modernos”, reflita sobre a alienação em nossa estrutura social
responsável por tragédias tanto coletivas quanto individuais.
A base da alienação em nossa sociedade está na fragmentação das relações
e percepções, o que dificulta a ação coletiva consciente e responsável.O
individualismo estrutural dificulta a compreensão do todo e de como nossas
ações podem prejudicar o meio ambiente e grupos sociais historicamente oprimidos.
A sustentabilidade só ocorre quando consideramos todos os aspectos do tripé e
os articulamos. Provas interdisciplinares surgiram para estimular o pensamento
e o estudo de soluções mais integradas, sustentáveis e efetivas, selecionando
pessoas mais capazes de evitar tragédias coletivas.
Texto 4 - A atividade física tem sido
apresentada diariamente como uma grande solução para muitos dos males de saúde
que atingem as diversas camadas da população. No entanto, e apesar desta
frequente propaganda, percebe-se que muitas pessoas não conseguem se manter na
prática por longos períodos, e a abandonam após pouco tempo, sem experimentar
os reais benefícios de um programa continuado de exercício físico.
Quando internalizamos a ideologia “tempo é dinheiro”, dedicamos pouco
tempo para nossa saúde e a qualidade de vida coletiva, tornando a vida menos
sustentável.
Para cuidarmos da nossa saúde devemos olharmos para nós mesmo
enquanto indivíduos com necessidades biológicas, sociais, ambientais e
econômica. Conciliando integralmente todas essas dimensões equilibradamente.
Podemos associar atividades físicas ao
contato com a natureza e em relações saudáveis com os outros, contribuindo para
saúde e conscientização pessoal e coletiva.
O estudo ecológico, sociológico e
econômico levará à sustentabilidade e evitará tragédias coletivas. Todas as
diversas disciplinas e conhecimentos são indispensáveis nesse sentido, devemos
aproveitar todos nossos recursos por diferentes olhares de maneira complementar.
Estudo e atividade física são complementares,
assim como indivíduo e sociedade, ou economia e meio ambiente. Ou seja, devemos
escolher estimular todos equilibradamente de maneira em que um jamais cresça em
detrimento do outro.
TEXTO 4
Raio-x dos crimes: um
comparativo entre os impactos de Brumadinho e Mariana
Leia um resumo das
consequências socioambientais do rompimento das duas barragens da Vale em Minas
Gerais
Três anos após o
crime ambiental da Samarco, de propriedade da Vale e da BHP Billiton, mais um
desastre envolvendo a mineradora Vale assolou o país, no último dia 25 de
janeiro. O rompimento da barragem da Mina do Feijão, em Brumadinho (MG),
deixou, até o momento, 99 mortos e 261 desaparecidos.
A dimensão da
catástrofe ainda é inestimável, mas sabe-se que o volume de rejeitos é 50 vezes
menor que o da barragem de Fundão, em Mariana – 1 milhão de m³, contra 50
milhões de m³.
A lama tóxica da
Samarco percorreu 663 km até encontrar o mar, no Espírito Santo. A da barragem
de Brumadinho, por sua vez, percorreu cerca de 205 km até agora, de acordo com
a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), e deve chegar à bacia hidrográfica do rio
São Francisco, que abastece 550 municípios do país, atingindo 9,6% da população
brasileira.
(....)
Até hoje, ninguém foi
responsabilizado pela tragédia de Mariana, que deixou 19 mortos. A Samarco,
dona da barragem e propriedade da Vale, foi multada em R$ 610 milhões por
órgãos ambientais, R$ 346 milhões pelo Ibama, e R$ 370 milhões pela Secretaria
do Meio Ambiente de Minas Gerais (Semad). Desse valor, apenas R$ 41 milhões
foram pagos.
(....)
No caso de
Brumadinho, a Vale também começa a acumular multas: R$ 250 milhões pelo Ibama,
R$ 99 milhões pelo governo de Minas Gerais, R$ 100 milhões pela prefeitura de
Brumadinho e R$ 50 milhões pela Prefeitura de Juatuba, pela contaminação do Rio
Paraopeba. Os números, no entanto, são baixos em comparação com os rendimentos
da Vale. A mineradora fechou o terceiro trimestre de 2018 com lucro líquido de
quase R$ 5,8 bilhões.
Para Oliveira, é
necessário que os órgãos da União e dos estados estejam capacitados para
assistir as famílias atingidas, e que elas sejam protagonistas nos processos de
decisão daqui para frente – e não apenas o Estado e a empresa. “A gente entende
que, se as empresas tivessem investido em segurança nesse processo, e não só
nos lucros, isso tudo poderia ter sido evitado.”
(....)
O número de mortes,
decorrentes do rompimento da barragem em Brumadinho, é cinco vezes maior do que
em Mariana. A Vale estima que havia mais de 300 empregados no local no momento
em que a barragem se rompeu. A Mina Córrego do Feijão tem 613 empregados
diretos e 28 terceirizados, que trabalhavam em 3 turnos de 24 horas nos 7 dias
da semana.
Publicado por Bruna
Caetano, em 31 de Janeiro de 2019 às 08:37, site Brasil de Fato | São Paulo
(SP),
https://www.brasildefato.com.br/2019/01/31/raio-x-dos-crimes-um-comparativo-entre-os-impactos-de-brumadinho-e-mariana/
Tipo B sociologia: “A
Mina Córrego do Feijão tem 613 empregados diretos e 28 terceirizados, que
trabalhavam em 3 turnos de 24 horas nos 7 dias da semana.” Supondo que a mais-valia
nessas relações de trabalho seja de 80%, qual será o número de pessoas que
sairá da condição de exército industrial de reserva se a mesma produção
fosse realizada cooperativamente sem mais-valia, mantendo-se o mesmo salário
para todos. (para marcar no gabarito, divida o resultado obtido e despreze casas
decimais, se houver)
resposta: novos empregados 641 x 4 = 2564
dividido 10 = 256,4 = marcação 256
Em
estruturas sociais onde há grupos sem trabalho ou papel social, nas quais os
indivíduos são mais treinados a disputar do que a cooperar, as tragédias tendem
a ser recorrentes.
O
desemprego em massa nem sempre existiu em todas as estruturas sociais,
por isso as disputas individualistas, que geram a cegueira social e as
tragédias coletivas, são evitáveis, desde que possamos compreende-las em suas
construções sociais e reorientarmos nossas ações.
texto 5 - TRAGÉDIA EM BRUMADINHO
“Meu coração batia no
peito dele e parou, diz mãe de morto em Brumadinho”
Quase três semanas após
a tragédia de Brumadinho (MG), uma reunião na Câmara local com o MPT
(Ministério Público do Trabalho) na noite de ontem, serviria, a princípio, para
familiares de vítimas debaterem a reivindicação de direitos e reparações. Mas o
principal direito que parentes dos desaparecidos sob a lama da Vale exigiram é
o de dar um enterro digno aos seus.
Depois das falas de
procuradores e representantes de sindicatos, o microfone ficou aberto. Parentes
e amigos de vítimas reuniram forças para se revezar na dor e na indignação,
vivendo o luto em público, para muitos ali, um luto ainda incompleto. Até
ontem, segundo a Defesa Civil, eram 155 desaparecidos.
O relato de Andresa
Rodrigues acabou servindo como um resumo e uma catarse do sentimento de todos
aqueles que ainda esperavam dar um funeral aos que ainda não foram encontrados
sob a lama. Ela se apresentou como “mãe de um único filho que a Vale
assassinou”: Bruno, de 26 anos. Leia abaixo um trecho da fala de Andresa.
“Eu gostaria de dizer
que nenhum valor proposto por essa assassina da Vale cobre a vida do meu filho
e dos nossos familiares. Nenhum dinheiro.
Acompanho os meios de
comunicação todos os dias, na esperança de ver que ali o corpo do meu filho foi
encontrado, porque até agora nós estamos tratando que morreram tantos, mas
outros 155 estão lá debaixo daquela lama que eles enterraram vivos.
A vale desmonta
montanhas, cava crateras em busca do bem mais precioso dela, que é o minério. O
nosso bem mais precioso são os nossos entes queridos, os nossos familiares. É o
meu filho, o marido, o pai, a mãe de tantos que estão aqui. E é disso que nós
queremos resposta. Nós não aceitamos que nenhum corpo daquele fique debaixo
daquela lama.”
Foi acidente, não.
Acidente é acontecimento casual, fortuito, inesperado, diz o dicionário. Lá
eles sabiam do risco que corriam.
Bernardo Barbosa
do UOL, em Brumadinho
(MG)
14/02/2019
Todos os trechos
abaixo denunciam a reificação subjacente à tragédia de Brumadinho.
Marque a frase que MAIS SE OPÕE a ideologia estrutural a qual o
termo se refere:
A.
“Eu gostaria de dizer que nenhum valor proposto por
essa assassina da Vale cobre a vida do meu filho e dos nossos familiares.
Nenhum dinheiro.”
B.
“A gente
entende que, se as empresas tivessem investido em segurança nesse processo, e
não só nos lucros, isso tudo poderia ter sido evitado.”
C.
“Foi acidente, não. Acidente é acontecimento
casual, fortuito, inesperado, diz o dicionário. Lá eles sabiam do risco que
corriam.”
D.
“A vale desmonta montanhas, cava crateras em busca
do bem mais precioso dela, que é o minério.”
Reificação significa coisificação, ou seja, tudo vale enquanto coisa, mercadoria a ser vendida, trocada, para obter lucro, benefícios pessoais. Nessa perspectiva o ter acaba tendo mais valor do que o ser. Essa é a alienação típica da nossa sociedade porque o capital ao organizar todas as relações acaba por monetarizá-las e reificá-las. Porém, críticas a isso ocorrem desde o sec. XIX, bem evidentes no filme Os Miseráveis e nos textos acima.
Tragédias são documentadas, representadas por obras artísticas ou passadas por tradição oral desde tempos remotos, porém têm contornos distintos de acordo com os elementos estruturais de cada modo de produção e conjunturais de cada contexto. A reificação está na base das nossas tragédias.
Tragédias são documentadas, representadas por obras artísticas ou passadas por tradição oral desde tempos remotos, porém têm contornos distintos de acordo com os elementos estruturais de cada modo de produção e conjunturais de cada contexto. A reificação está na base das nossas tragédias.
Professora,li seu blog e gostei muito sei que me enriqueceu e me ajudou muito.A única parte que não entendi bem ,foi Àquele cálculo sobre mais valia. Não entendi bem ,que o 4 se multiplicava pelo 641 sendo que não sei de onde saiu àquele 4 nem a divisão pelo 10 se puder me explicar,Agradeço. Atenciosamente João Pedro do 2C.
ResponderExcluirQuerido, quando reduzo a 0 a mais valia que era de 80%, mantendo o mesmo salário, diminuo as horas de trabalho do trabalhador em 80%. Para manter a mesma produção vou precisar contratar trabalhadores, no caso 4 vezes mais. A divisão por 10 era explicada na questão como forma de marcar no gabarito já que o resultado chega a milhar.
ResponderExcluirPosso explicar pessoalmente na escola se preferir.