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dedico-me à troca de pensamentos como às pessoas que amo



domingo, 2 de setembro de 2018

Parte 2 de Matrix, Ex África e revisão para a VG

Boa noite.

Nessa semana vimos a segunda parte do filme Matrix, na qual fica evidente o confronto ideológico e as diversas escolhas dentro do embate. Coloco abaixo algumas cenas importantes:






Relacionamos essas partes com conteúdos diferentes em cada série, que tratarei mais abaixo nos textos de revisão das VGs de cada ano. Agora quero relatar e traçar relações com outra obra que trabalhamos em todas as turmas: a exposição do CCBB - EX ÁFRICA na qual visitamos nessa quarta. Seguem as fotos:


A exposição é de artistas africanos contemporâneos com mais dois afrobrasileiros.




 A obra acima é um monumento ao trabalho dos marginalizados deste mundo globalizado.


Essa nos aproxima da perversidade que foi o tráfico negreiro, misturando elementos de opressão com objetos das culturas dos povos escravizados.

Na mesma galeria, há uma série de quadros retratando o acordo de iluminista inglês com líder africana, com intuito de "modernização". Evidencia a dominação cultural eurocêntrica.





Os quadros acima, estavam na galeria 2, onde mostram um olhar diferente sobre a diáspora africana, antiga e atual.
Esse vídeo, retrata assimilação infantil dos padrões de dominação na qual estão submetidos.

Nessa galeria, há fotos de penteados criados na mesma época das libertações dos países africanos, onde uma nova estética é valorizada enquanto identidade nacional.



Essa galeria (4), traz elementos musicais sincréticos de música pop atuais da Nigéria.


Bom, foi um passeio fantástico! Já havia visto a exposição duas vezes, mas ver com estudantes atentos, curiosos e críticos, me acrescentou mais. Isso fez valer meu esforço na organização, me animando para futuros eventos.


Agora irei passar as questões da VG em forma de texto, para vocês poderem pesquisar o vocabulário desconhecido e me trazer dúvidas até esta quarta-feira.


REVISÃO PARA A VG – 1º ANO

Imagina Como Seria - Fabio Brazza

Imagina como seria
O nosso querido Brasil
Se na matéria estudantil
Se incluísse a poesia
Se nosso prato do dia
Fosse o verso dum poeta
Uma dieta seleta
Pra deixar a mente sadia
(...)
Pra que a molecada aprenda
Com graça e curiosidade
O quanto aprender é bom
(...)
Imagina como seria se ao invés de celulares
Nossos jovens se distraíssem
Lendo livros aos milhares
Seriam suas mentes mais lúdicas
(...)
Mas é que sabotaram
A Educação Brasileira
É perda de tempo ouvir Hip Hop
Pois o que não dá ibope é besteira
A mídia nos entope
Com o lixo do POP
E não com Manuel Bandeira
A mídia nos Dopa
De novela e Copa
E o povo feito tropa
Caminha alienado
(...)
Eu sei que este mundo que tenho imaginado
Não passa de uma utopia
Mas no meu ponto de vista
Acredito que ele exista
Pois tudo existe aonde existe a poesia
Por isso tento fazer minha parte
Pra disseminar sabedoria
Pra que ao menos nossa arte
Não se transforme em mera mercadoria
Cada verso é um resgate
Em nome da poesia
Pra que essa sociedade vazia
Pouco a pouco não lhe mate

O poema “Imagina como seria” nos leva a pensar que os jovens deveriam ler mais e ter acesso à arte, à poesia, para ampliar seu capital simbólico. Assim como Paulo Freire, o autor pensa que a educação escolar oferecida precisa melhorar. O texto critica a alienação e a cultura de massa disseminada como mercadoria pela mídia. Mas é contra a ideia do dinheiro ser a única coisa que vale neste mundo, por isso devemos valorizar a poesia, a arte, a reflexão ao invés de nos conformar com o vazio social. O filme Matrix também faz críticas à alienação em paradigma vazio que desumaniza.


Texto: CONSIDERAÇÕES EM TORNO DO ATO DE ESTUDAR – Paulo Freire
(…) Estudar é, realmente, um trabalho difícil. Exige de quem o faz uma postura critica, sistemática. Exige uma disciplina intelectual que não se ganha a não ser praticando-a.
Isto é, precisamente, o que a “educação bancária” não estimula. Pelo contrário, sua tônica reside fundamentalmente em matar nos educandos a curiosidade, o espírito investigador, a criatividade. Sua “disciplina” é a disciplina para a ingenuidade em face do texto, não para a indispensável criticidade.
Este procedimento ingênuo ao qual o educando é submetido, ao lado de outros fatores, pode explicar as fugas ao texto, que fazem os estudantes, cuja leitura se torna puramente mecânica, enquanto, pela imaginação se deslocam para outras situações. O que se lhes pede afinal, não é a compreensão do conteúdo, mas a sua memorização. (...)
Não se mede estudo pelo número de páginas lidas numa noite ou pela quantidade de livros lidos num semestre.
Estudar não é um ato de consumir idéias, mas de criá-las e recriá-las.

Nesse texto, Paulo Freire defende que ao ler um texto jamais devemos apenas memorizar o conteúdo dele. O que importa para Paulo Freire é a compreensão, independente da quantidade de páginas lidas. O autor entende que o estudante tem luz, conhecimento, jamais o vê como um mero “a-luno” que não sabe nada. O estimula a questionar, dialogando com o estudo. O autor critica a “educação bancária”, termo criado por ele, pois ela aliena os estudantes. Esse termo faz uma analogia a depósitos em contas vazias de banco e estratos para conferir o saldo, como se os educandos fossem objetos inertes. Em momento algum Paulo Freire é contra os bancários, nem faz menção à comercialização como alienação do povo.


É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal forma que, num dado momento, a tua fala seja a tua prática.” Paulo Freire

Dialogar nunca é bobagem para Paulo Freire, mesmo ele acreditando que precisamos agir. Acredita que ao refletirmos e discutirmos mais, nos instrumentalizamos para superar nossa inércia. Para tanto, o estudo só é útil quando o relacionamos com a nossa vida e contribui em nossa prática. Nesse sentido ele deu exemplo: Paulo Freire lutou por uma educação mais justa e libertária. Hoje colhemos seus frutos. Dialogar é uma prática fundamental para construirmos relações mais saudáveis e igualitárias. Precisamos ser coerentes com o que pregamos, dando exemplo em nossas ações cotidianas.

Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo.”
Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda.”
Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão”
PAULO FREIRE

Paulo Freire, assim como Chimamanda Adichie, entendia que existem conhecimentos diversos e não melhores que outros. Por tanto, jamais devemos obedece cegamente nossos mestres e os autores dos textos. Quanto mais conhecimento diverso temos, mais empoderados em diferentes situações estaremos, pois compreendemos melhor o mundo e as relações. Conhecimento não é sinônimo de informação. Os jovens de dominarem mais a internet, precisam da escola para ajudá-los a refletir, dialogar e utilizar melhor as inúmeras representações que recebem diariamente. Vivemos em um mundo com muita informação, mas sem diálogo, reflexão e ação ela dificilmente se tornará conhecimento útil às pessoas. Precisamos treinar atitudes contra o preconceito e os estereótipos, naturalizados em nosso paradigma hegemônico, para ampliarmos nossos horizontes e melhorarmos nosso meio social. Exposições artísticas, dinâmicas, contemplação, análise de filmes, a organização coletiva, são relevantes para uma educação de qualidade, já que estudamos para muito mais do que simplesmente passarmos em provas que nos incluam e nos mantenham na matrix.


Ao longo da história da humanidade, sempre foram usados diferentes pontos de referência e portanto mapas diversos. Assim, o mapa-múndi usado hoje pode ser considerado uma verdade contextual e provisória. A Europa está no centro e em cima em nosso mapa-múndi porque ela dominou culturalmente por séculos, nos quais impôs o eurocentrismo como representação universal. Chimamanda Adichie em seu discurso sobre “O Perigo da História Única”, relativiza os olhares sobre a história e a geografia. Questiona a dominação cultural por disseminar esteriótipos. Assim, reforça que as representações da realidade, mesmo não oficiais ou científicas, são importantes e devem ser consideradas para ampliarmos nossa compreensão. A “EX ÁFRICA”, exposição vista no CCBB, dialoga com o discurso de Chimamanda Adichie ao questionar a história eurocêntrica que adquirimos como paradigma sobre a África. 



VG 2º ANO 2º SEMESTRE 3º BIMESTRE 


"O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro que, tendo cercado um terreno, lembrou-se de dizer isto é meu e encontrou pessoas suficientemente simples para acreditá-lo. Quantos crimes, guerras, assassínios, misérias e horrores não pouparia ao gênero humano aquele que, arrancando as estacas ou enchendo o fosso, tivesse gritado a seus semelhantes: Defendei-vos de ouvir esse impostor; estareis perdidos se esquecerdes que os frutos são de todos e que a terra não pertence a ninguém" (Rousseau, França, 1755)

 A partir do texto acima, do livro "Capitalismo para principiantes" e do filme "Ilha das Flores", vemos que a propriedade privada é vista como fundamento da desigualdade e mazelas decorrentes. Rousseau via a igualdade e a liberdade como elementos originais e naturais do humano. Assim, nem todo mundo entende que a propriedade é algo natural e legítimo da pessoa humana, mesmo ela estando no centro da ideologia liberalista hegemônica atualmente.  As criança na Ilha das Flores comiam depois dos porcos porque eram desprovidas de posses. O livro e o filme ironizam o conceito de liberdade evidenciando os contrastes sociais.

    "O grande chefe de Washington mandou dizer que quer comprar a nossa terra. O grande chefe assegurou-nos também da sua amizade e benevolência. Isto é gentil de sua parte, pois sabemos que ele não necessita da nossa amizade. Nós vamos pensar na sua oferta, pois sabemos que se não o fizermos, o homem branco virá com armas e tomará a nossa terra. (...) Como pode-se comprar ou vender o céu, o calor da terra? Tal idéia é estranha. Nós não somos donos da pureza do ar ou do brilho da água. Como pode então comprá-los de nós? Decidimos apenas sobre as coisas do nosso tempo. Toda esta terra é sagrada para o meu povo. Cada folha reluzente, todas as praias de areia, cada véu de neblina nas florestas escuras, cada clareira e todos os insetos a zumbir são sagrados nas tradições e na crença do meu povo.
    Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele um torrão de terra é igual ao outro. Porque ele é um estranho, que vem de noite e rouba da terra tudo quanto necessita. A terra não é sua irmã, nem sua amiga, e depois de exaurí-la ele vai embora. Deixa para trás o túmulo de seu pai sem remorsos. Rouba a terra de seus filhos, nada respeita. Esquece os antepassados e os direitos dos filhos. Sua ganância empobrece a terra e deixa atrás de si os desertos. Suas cidades são um tormento para os olhos do homem vermelho, mas talvez seja assim por ser o homem vermelho um selvagem que nada compreende (
1855, trecho inicial da carta do cacique Seattle, da tribo Suquamish, do Estado de Washington, enviada ao presidente dos Estados Unidos (Francis Pierce), depois de o Governo haver dado a entender que pretendia comprar o território ocupado por aqueles índios.)

A partir da análise carta do cacique e das transformações sociais ocorridas desde então, podemos afirmar que:
 Os índios não são todos selvagens e podem nos ensinar visões alternativas de mundo. Os índios questionaram os termos colocados pelos colonizadores. Propriedade privada dos meios de produção era inexistentes naquela tribo. No fim, sabemos que a Revolução Industrial foi realizada a partir de uma acumulação primitiva de capital advinda de colonização conflituosa, violência ou exploração. Os africanos tiveram um destino parecido com o dos ameríndios nesse processo de expropriação.

A sede de inovações, que há muito tempo se apoderou das sociedades e as tem numa agitação febril, devia, tarde ou cedo, passar das regiões da política para a esfera vizinha da economia social. Efectivamente, os progressos incessantes da indústria, os novos caminhos em que entraram as artes, a alteração das relações entre os operários e os patrões, a influência da riqueza nas mãos dum pequeno número ao lado da indigência da multidão, a opinião enfim mais avantajada que os operários formam de si mesmos e a sua união mais compacta, tudo isto, sem falar da corrupção dos costumes, deu em resultado final um temível conflito.(...) (trecho CARTA ENCÍCLICA  - PAPA LEÃO XIII - Roma, 1891)
A partir do trecho acima e da análise dos filmes "A Revolução Industrial", "Tempos Modernos" e "Os Miseráveis" , vimos que a Revolução Industrial não melhorou a qualidade de vida de toda a população. O sistema de distribuição desigual dos frutos da indústria geraram conflitos profundos. "Tempos Modernos" satiriza a desumanização dos operários após a Revolução Industrial. A obra "Os Miseráveis" evidencia de maneira romântica a ideologia posta na carta encíclica.  A evolução dos fatores de produção influenciam e são influenciados pelos costumes e ideias.

TEXTO
A História da África nos bancos escolares. Representações e imprecisões na literatura didática
                                                       Anderson Ribeiro Oliva

[Em seu livro Nova História Crítica, p. 83, Mario Furley Schmidt] procura chamar a atenção dos alunos para as representações dos africanos feitas pelos europeus. A mudança da fisionomia dos africanos, de seus gestos, roupas e comportamentos, que recebem feições européias, é destacada pelo autor.
Imagem
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IMAGEM
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A partir das imagens acima *, da exposição EX ÁFRICA (CCBB) e do filme "Matrix", observamos que as pessoas muitas vezes são dominadas sem perceber, por conta das ideologias sociais.
Dominantes disseminam e naturalizam suas narrativas acerca dos fatos e relações sociais. Instituições passam ideias e valores dominantes, acomodando pessoas ao padrão vigente. Por causa disso foi possível justificar e consolidar a expropriação e escravidão de africanos e ameríndios,  servindo para a acumulação primitiva de capital necessária à revolução industrial e manutenção do domínio europeu.
Alienação significa perda. A sociedade atual aliena muitos de sua plenitude humana. O que temos hoje é resultado de todo um processo histórico. Como construção humana, pode ser desconstruída ou reorientada por nós.Analisando os diversos olhares sobre a história,  somos capazes de perceber e ressignificar os padrões da estrutura que nos dominam. Estudar história significa muito mais do que simplesmente decorar fatos, nomes e datas que aconteceram. Ela exige reflexão dos discursos divergentes, das opressões subjacentes e das conexões entre as representações contraditórias, para compreensão dos processos de reprodução e transformação social.


*Infelizmente não consegui colocar aqui as imagens que estarão na VG. Mas elas dialogam bem com as outras imagens apresentadas.









 



 









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