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sábado, 10 de setembro de 2016

Revisão para a VG e orientações para o trabalho de pesquisa

Amores, 
segue, como combinado a revisão para a VG, relacionando tudo visto até agora ao tema ALIENAÇÃO. Os textos da VG que usei para elaborar questões colocarei no moodle agora. Além disso, ao final segue orientações acerca na próxima aula de debate das pesquisas. Qualquer dúvida postem aqui até amanhã, pois responderei antes de segunda a todos. 


REVISÃO PARA VG

O QUE É ALIENAÇÃO?
    Alienação tem um sentido de perda, seja da autonomia, seja da consciência, da relação com pessoas, da identidade, da saúde, dos bens... A mais valia pode ser considerada uma forma de alienação, na medida em que o trabalhador perde, por meio da exploração, parte do que produziu com seu trabalho. Já as ideologias tendem a alienar os indivíduos quando generalizam e naturalizam uma situação contextual construída socialmente, como a exploração do trabalho por exemplo. Assim, o trabalhador é alienado tanto materialmente quanto simbolicamente. Essas ideologias são aprendidas por meio das instituições ideológicas (Estado, família, escola, igreja, mídia, empresas). Buscando integrar o indivíduo à sociedade, muitas vezes justificam, reproduzem, ou camuflam mazelas sociais inclusive indesejadas pelos padrões morais vigentes, como a exclusão, a violência e a discriminação. As ideologias tendem a anestesiar e acomodar aos padrões hegemônicos, dificultando pensamentos e ações questionadoras da ordem vigente. Elas minimizam os conflitos abafando-os, dificultando a discussão dos problemas e sua superação. Aprendemos a ver os conflitos como coisas ruins e acabamos por perder seu potencial transformador, aceitando a violência e a dominação como inevitáveis. Associado a isso, temos um sistema competitivo e individualista ampliado pela evolução tecnológica. Em decorrência, vivemos em um mundo em que nos aliena cada vez mais do contato presencial com os outros, com a natureza e nos deixa confusos sobre nossas reais necessidades. Nos passam cotidianamente ideologias de que “é preciso ficar só para ser feliz”, por isso nos convencem de que “estamos na escola apenas para desenvolver nossa independência emocional, financeira e social”, sem precisarmos desenvolver nosso senso crítico, nossa capacidade de organização coletiva e mediação de conflitos. Assim, seguimos alienados, isolados e mais susceptíveis ao consumismo, outra forma de alienação, estimulado massivamente por uma indústria cultural voltada aos interesses do capital internacional. Podemos observar esses mecanismos de alienação por meio dos filmes vistos neste ano. O documentário “Ilha das Flores” faz críticas à alienação social reforçadas pelas instituições sociais, como a escola, a família e a igreja. O filme “Que horas ela volta” pode ser relacionado com “Os miseráveis” na questão das injustiças sociais reproduzidas alienadamente por séculos. Todos os filmes vistos, questionam ideologias as quais reforçam que os excluídos da ordem vigente (tidos como marginais), “devem ser extirpados da sociedade, porque bandido bom é bandido morto”. Eles contribuem na compreensão da alienação enquanto um fato social (geral, exterior e coercitivo) construído socialmente, passível de ser estudado pelas ciências e transformado por meio de intervenções sociais. Atividades de organização coletivas, como realizadas na semana cultural, tem como um dos objetivos combater a alienação, estimulando a união, a proatividade, a mediação de conflitos e o empoderamento dos grupos.



Reflexões do jornalista Celso Vicenzi em torno de poema de Brecht, no século 21

         Este texto atualiza o poema do dramaturgo alemão Bertold Brecht (1898 – 1956) intitulado “analfabeto político”, um clássico na reflexão acerca da alienação política. Segue o poema:

O pior analfabeto
é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala,
nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe o custo de vida,
o preço do feijão, do peixe, da farinha,
do aluguel, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.
O analfabeto político
é tão burro que se orgulha
e estufa o peito dizendo
que odeia a política.
Não sabe o imbecil que,
da sua ignorância política,
nasce a prostituta, o menor abandonado,
e o pior de todos os bandidos,
que é o político vigarista,
pilantra, corrupto e lacaio
das empresas nacionais e multinacionais
Celso traz esta discussão associada à dominação das mídias na intensificação da alienação. A mídia, que deveria combater a alienação social presente em nossa sociedade, acaba por ser hegemonicamente fazer o contrário. Ela simplifica problemas complexos como a corrupção como se fosse problema apenas de indivíduos com má formação de caráter, sem trazer as relações com o sistema capitalista global. Reforça a ideia elitista de que a alienação política só ocorre porque existem pessoas iletradas, incapazes de ler jornais, revistas e livros, para escolher bem, escondendo o fato de que esses recursos muitas vezes contribuem na desinformação e acomodação. Enfim, ambos os autores criticam o comodismo como base da alienação política, extremamente interessante à elite que domina, por meio do capital, a sociedade. Nesta reflexão, podemos relacionar tanto o filme “NO” quanto o “Encontro com Milton Santos” no que se refere ao poder das mídias oficiais e alternativas para influenciar a opinião pública e os resultados políticos, seja alienando, seja conscientizando. Já o filme “7 minutos” faz uma crítica à alienação do público (perda de concentração, reflexão, conhecimento, educação, criticidade) em função de uma crescente cultura digital. Nos filmes “Erin Brockovich” e “Meu amigo Nietzsche” vemos a pesquisa e a leitura como instrumentos necessários para superar a alienação e empoderar coletivos. Além disso, ir a exposições de arte, principalmente com outras pessoas, podem ajudar no combate da alienação. Primeiro porque estimula um contato presencial e perene entre indivíduos, recursos materiais e simbólicos da sociedade, possibilitando empoderamento individual e coletivo. Segundo, pode trazer excelentes reflexões como vistas na exposição Zeitgeist no CCBB acerca de como o espírito do tempo pode ser captado de alguma maneira por meio de câmeras, trazendo a consciência das transformações rápidas que por vezes nos alienam. Assim, os recursos da cultura digital podem ser muito úteis para a conscientização, pesquisa, conhecimento, principalmente se os associarmos às diversas formas de produção cultural artística e literárias. A questão é aproveitar todo os recursos de maneira consciente e equilibrada sem se prender a somente uma fonte nem descartar completamente outras. Por exemplo: nos filmes “Conterrâneos Velhos de Guerra”, “Batalhas pela História”, Ilha das Flores” e “Erin Brochivich”, as pesquisas foram feitas usando tanto recursos de mídia, quanto de observação e entrevistas de campo. Toda informação carrega a parcialidade da localização que a produziu, por isso precisamos buscar sempre diversas fontes e instrumentos de conhecimento para desenvolvermos visão ampla, compreensão, empatia e termos mais alternativas para escolher e intervir conscientemente. Nesse intuito, sempre trabalho com pesquisas com meus estudantes.
Nesta semana estaremos debatendo o resultado das leituras e pesquisas individuais feitas pelos integrantes dos grupos 1, 2 e 3. Cada um deverá levar em uma pasta transparente dois textos opostos sobre seu tema pessoal, dados estatísticos, os autores acadêmicos que tratam da temática, opiniões de estudantes e funcionários da escola acerca do assunto e 2 questões para debate. Cada aluno terá de 1 a 2 minutos para apresentar à turma o que viu, aprendeu e refletiu sobre este trabalho. Então toda a turma debaterá sobre os diversos temas. Quem conseguir traçar relações com aulas, filmes, dinâmicas, exposições trabalhadas até agora ganhará pontos de prova oral. A mera opinião sem fundamentação será desconsiderada da avaliação formal.
Boas leituras e pesquisas!

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