Amores,
segue, como combinado a revisão para a VG, relacionando tudo visto até agora ao tema ALIENAÇÃO. Os textos da VG que usei para elaborar questões colocarei no moodle agora. Além disso, ao final segue orientações acerca na próxima aula de debate das pesquisas. Qualquer dúvida postem aqui até amanhã, pois responderei antes de segunda a todos.
REVISÃO
PARA VG
Alienação
tem um sentido
de perda,
seja da autonomia, seja da consciência, da relação com pessoas,
da identidade, da saúde, dos bens... A
mais
valia
pode ser considerada uma forma de alienação, na medida em que o
trabalhador perde, por meio da exploração, parte do que produziu
com seu trabalho. Já as ideologias
tendem a alienar os indivíduos quando
generalizam e naturalizam
uma situação contextual construída socialmente, como a exploração
do trabalho por exemplo. Assim, o trabalhador é alienado tanto
materialmente quanto simbolicamente. Essas ideologias são
aprendidas por meio das instituições ideológicas (Estado,
família, escola, igreja, mídia, empresas). Buscando integrar o
indivíduo à sociedade, muitas vezes justificam,
reproduzem,
ou camuflam mazelas sociais inclusive indesejadas pelos padrões
morais vigentes, como a exclusão, a violência e a discriminação.
As ideologias tendem a anestesiar
e acomodar
aos padrões hegemônicos, dificultando pensamentos e ações
questionadoras da ordem vigente. Elas minimizam os conflitos
abafando-os, dificultando a discussão dos problemas e sua
superação. Aprendemos a ver os conflitos como coisas ruins e
acabamos por perder seu potencial
transformador,
aceitando a violência e a dominação como inevitáveis. Associado
a isso, temos um sistema
competitivo e individualista
ampliado pela evolução
tecnológica.
Em decorrência,
vivemos em um
mundo em que nos
aliena cada vez mais do contato presencial
com os outros, com a natureza e nos deixa confusos sobre nossas
reais necessidades. Nos passam cotidianamente ideologias de que “é
preciso ficar só para ser feliz”, por isso nos convencem de que
“estamos na escola apenas para desenvolver nossa independência
emocional, financeira e social”, sem precisarmos desenvolver nosso
senso crítico, nossa capacidade de organização coletiva e
mediação de conflitos. Assim,
seguimos alienados, isolados e mais
susceptíveis ao consumismo, outra forma de
alienação, estimulado massivamente por uma indústria cultural
voltada aos interesses do capital internacional. Podemos observar
esses mecanismos de alienação por meio dos filmes vistos neste
ano. O documentário “Ilha das Flores” faz críticas à
alienação social reforçadas pelas instituições sociais, como a
escola, a família e a igreja. O filme “Que horas ela volta”
pode ser relacionado com “Os miseráveis” na questão das
injustiças sociais reproduzidas alienadamente por séculos. Todos
os filmes vistos, questionam ideologias as quais
reforçam que os excluídos da ordem vigente (tidos como marginais),
“devem ser extirpados da sociedade, porque bandido bom é bandido
morto”. Eles contribuem na compreensão da alienação enquanto um
fato social (geral, exterior e coercitivo) construído
socialmente, passível de ser estudado pelas ciências e
transformado por meio de intervenções sociais. Atividades de
organização coletivas, como realizadas na semana cultural,
tem como um dos objetivos combater a alienação, estimulando a
união, a proatividade, a mediação de conflitos e o empoderamento
dos grupos.
Reflexões
do jornalista Celso Vicenzi em torno de poema de Brecht, no século
21
Este
texto atualiza o poema do dramaturgo alemão Bertold Brecht (1898 –
1956) intitulado “analfabeto político”, um clássico na reflexão
acerca da alienação política. Segue o poema:
O pior analfabeto
é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala,
nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe o custo de vida,
o preço do feijão, do peixe, da farinha,
do aluguel, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.
é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala,
nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe o custo de vida,
o preço do feijão, do peixe, da farinha,
do aluguel, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.
O analfabeto político
é tão burro que se orgulha
e estufa o peito dizendo
que odeia a política.
é tão burro que se orgulha
e estufa o peito dizendo
que odeia a política.
Não sabe o imbecil que,
da sua ignorância política,
nasce a prostituta, o menor abandonado,
e o pior de todos os bandidos,
que é o político vigarista,
pilantra, corrupto e lacaio
das empresas nacionais e multinacionais
Celso traz esta discussão
associada à dominação das mídias na intensificação da
alienação. A mídia, que deveria
combater a alienação social presente em nossa sociedade, acaba por
ser hegemonicamente fazer o contrário. Ela simplifica problemas
complexos como a corrupção como se fosse problema apenas de
indivíduos com má formação de caráter, sem trazer as relações
com o sistema capitalista global. Reforça a ideia elitista de que a
alienação política só ocorre porque existem pessoas iletradas,
incapazes de ler jornais, revistas e livros, para escolher bem,
escondendo o fato de que esses recursos muitas vezes contribuem na
desinformação e acomodação. Enfim, ambos os autores criticam o
comodismo como base da alienação política, extremamente
interessante à elite que domina, por meio do capital, a sociedade.
Nesta reflexão, podemos relacionar tanto o filme “NO”
quanto o “Encontro com Milton Santos” no que se refere ao poder
das mídias oficiais e alternativas para influenciar a opinião
pública e os resultados políticos, seja alienando, seja
conscientizando. Já o filme “7 minutos” faz uma crítica
à alienação do público (perda de concentração, reflexão,
conhecimento, educação, criticidade) em função de uma crescente
cultura digital. Nos filmes “Erin Brockovich” e “Meu
amigo Nietzsche” vemos a pesquisa e a leitura como instrumentos
necessários para superar a alienação e empoderar coletivos.
Além disso, ir a exposições de arte, principalmente com outras
pessoas, podem ajudar no combate da alienação. Primeiro porque
estimula um contato
presencial e perene
entre indivíduos,
recursos materiais e simbólicos da sociedade, possibilitando
empoderamento individual e coletivo. Segundo, pode trazer excelentes
reflexões como vistas
na
exposição
Zeitgeist
no CCBB acerca
de como o
espírito do tempo pode ser captado de alguma maneira por meio de
câmeras, trazendo
a consciência das transformações rápidas que por vezes nos
alienam. Assim,
os recursos da cultura digital podem ser muito úteis para a
conscientização, pesquisa, conhecimento, principalmente se os
associarmos às diversas formas de produção cultural artística e
literárias. A questão é aproveitar todo os recursos de maneira
consciente e equilibrada sem se prender a somente uma fonte nem
descartar
completamente outras. Por exemplo: nos
filmes “Conterrâneos
Velhos de Guerra”,
“Batalhas
pela História”, “Ilha
das Flores”
e “Erin Brochivich”, as pesquisas foram feitas usando
tanto
recursos
de
mídia, quanto de observação e entrevistas de campo. Toda
informação carrega a parcialidade
da localização que a produziu, por isso precisamos buscar
sempre diversas fontes
e instrumentos de conhecimento para desenvolvermos visão
ampla, compreensão, empatia e termos mais alternativas para escolher
e intervir conscientemente.
Nesse
intuito, sempre trabalho com pesquisas com meus estudantes.
da sua ignorância política,
nasce a prostituta, o menor abandonado,
e o pior de todos os bandidos,
que é o político vigarista,
pilantra, corrupto e lacaio
das empresas nacionais e multinacionais
Nesta
semana
estaremos debatendo o resultado das leituras
e pesquisas individuais
feitas pelos integrantes dos grupos 1, 2 e 3. Cada
um deverá levar em uma pasta transparente dois textos opostos sobre
seu tema pessoal, dados estatísticos, os autores acadêmicos que
tratam da temática, opiniões de estudantes e funcionários da
escola acerca do assunto e 2 questões para debate. Cada aluno terá
de 1 a 2 minutos para apresentar à turma o que viu, aprendeu e
refletiu sobre este trabalho. Então toda
a turma debaterá sobre os diversos temas.
Quem conseguir traçar
relações
com aulas, filmes, dinâmicas, exposições trabalhadas até agora
ganhará pontos
de prova oral.
A
mera opinião sem fundamentação será desconsiderada da avaliação
formal.
Boas
leituras e pesquisas!
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