sábado de aleluia me dou o direito de deixar a postagem para a noite. Foi um dia bem legal aqui em casa. Recebi parentes e amigos ( entre eles o professor Aurélio e a Andréia de Filosofia). Pintamos ovinhos e os enchemos com amendoim açucarado (tradição de família). Nem peguei em diários ou trabalhos de vocês e por isso estou renovada. Nessa semana fiquei tão cansada com esse fechamento de notas que cheguei a ficar deprimida, pensando em largar a profissão. Não é a primeira vez que isso acontece, então acabo arranjando formas de continuar. Uma delas é escrever. Assim, na quarta aproveitei a angústia para terminar um trabalho do curso do PNEM que estou fazendo. Aproveito o momento para compartilhar meus pensamentos com vocês (no final dessa postagem segue o texto).
Bom feriado a todos.
PNEM
MÓDULO 1 - ENSINO MÉDIO NO BRASIL.
DESAFIOS QUE PERMANECEM ATÉ HOJE E COMO EXPLICÁ-LOS:
A
semana de fechamento de notas é a mais massacrante em minha vida como
professora. Além de termos muitas turmas com estudantes que as vezes nem
conseguimos aprender os nomes, nos deparamos com um rendimento muito aquém do
que esperávamos. Então fico pensando e repensando o porquê deles não aprenderem
ou não estudarem ,se dedicarem. Nesse momento me questiono se o que eu ensino é
importante para eles, se faz sentido nos contextos em que vivem e para os
planos que têm. Assim, começo a fazer um paralelo com o que estamos aprendendo
neste curso do PNEM.
A
educação formal por muito tempo foi privilégio da elite. Atualmente há um
acesso amplo da população, mas com uma qualidade questionável. A escola acaba
por reter, rotular e desestimular os mais desprovidos, reproduzindo e
justificando as condições sociais vigentes. O acesso das classes mais baixas
iniciou-se na educação para o trabalho. Por estar atrelada historicamente a
regimes ditatoriais para formação de mão de obra barata, a educação
profissional foi mal vista e não está bem resolvida no ensino médio até hoje. O
academicismo é o foco: espera-se que o
estudante tenha condições de ascender socialmente por meio da universidade. Mas
muitos não têm esse perfil e esse sonho, o que não é ruim, porque a sociedade
brasileira precisa de técnicos, não só doutores. A educação média é ainda
enciclopédica: muito conteúdo e pouca prática. O estudante fica cerca de 5
horas sentado lidando com assuntos que tem dificuldade de ver relações em sua
realidade.
Várias
discussões e iniciativas surgiram com o intuito de reverter esse quadro, mas
ainda não são amplamente bem sucedidas. Percebemos a importância de se
estimular competências e habilidades transdisciplinares, aproveitando e estimulando
a diversidades de saberes e sujeitos. No entanto, fazer isso com elevada carga
de trabalho, turmas e alto nível de desestruturação social em que vive boa
parte dos estudantes é quase missionário. O professor precisa de maior suporte
da família, do Estado e outras instituições sociais. Todos acreditamos que a
educação é a solução para a maioria dos problemas sociais, mas não investimos a
contento nesta aposta. Desde os primórdios os subsídios para o ensino eram
intermitentes. Por mais que isso tenha melhorado significativamente, ainda é um
ponto crucial para o avanço das propostas pedagógicas.
Não
quero aqui me eximir da responsabilidade de buscar melhoras em minhas aulas.
Sei que o professor faz diferença na vida das pessoas. Só reconheço que não dou
conta sozinha de tudo o que gostaria de fazer. As vezes me deprimo e tenho
vontade de desistir dessa profissão. Por isso, preciso estar em constante diálogo
com pares, universidade e estudantes. Nesta perspectiva que faço este curso. Quero melhorar, buscando a excelência, sem
sucumbir ao desespero quando não atinjo os resultados necessários.
Shirlei Daudt
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