Vamos lá!

Acredito em um livro como creio nos sonhos ,

dedico-me à troca de pensamentos como às pessoas que amo



terça-feira, 1 de março de 2011

Exercícios semanas do Carnaval

Queridos estudantes,

espero que aproveitem bem estas semanas de carnaval, com diversão e estudos. Abaixo, seguem os exercícios referentes a estas duas semanas, um individual, o outro em grupo:

INDIVIDUAL:
A partir da leitura do texto referente à sua série, responda individualmente , em seu caderno, as questões que o seguem. Procurem dar respostas claras e completas, sendo que cada uma deverá ter no mínimo 5 linhas.

EM GRUPO:

Fazer trabalho de grupo e preparar a apresentação que será na próxima aula. Vocês terão no máximo 5 minutos para realizarem a apresentação de todos do grupo. O trabalho deve conter a discussão dos exercícios realizados em todas as aulas, inclusive o indicado acima. Os critérios de avaliação serão: 0,2 conteúdo; 0,2 criatividade e expressividade; 0,1 articulação do grupo. Para cada série o tema geral do trabalho difere da seguinte forma:

1 ano – Pedagogia do Oprimido
2 ano – Por que as coisas mudam?
3 ano – Ação política

Bom trabalho e aprendizado!

TEXTOS E QUESTÕES PARA OS EXERCÍCIOS:

1 ANO:

TEXTO DE PAULO FREIRE – 1 anos
CONSIDERAÇÕES EM TORNO DO ATO DE ESTUDAR

Toda bibliografia deve refletir uma intenção fundamental de quem a elabora: a de atender ou a de despertar o desejo de aprofundar conhecimentos naqueles ou naquelas a quem é proposta. Se falta, nos que recebem, o ânimo de usá-la, ou se a bibliografia, em si mesma, não é capaz de desfiá-los, se frustra então, a intenção fundamental referida.
A bibliografia se torna um papel inútil, entre outros, perdido nas gavetas das escrivaninhas.
Esta intenção de quem faz a bibliografia lhe exige um triplo respeito: a quem ela se dirige, aos autores citados e a si mesmos. Uma relação bibliográfica não pode ser uma simples cópia de títulos, feita ao acaso, ou por ouvir dizer. Quem a sugere deve saber  o que está sugerindo e por que o faz. Quem recebe, por sua vez, deve ter nela, não uma prescrição dogmática de leituras, mas um desafio. Desafio que se fará mais concreto na medida em que comece a estudar os livros citados e não a lê-los por alto, como se folheasse, apenas.
Estudar é, realmente, um trabalho difícil. Exige de quem o faz uma postura critica, sistemática. Exige uma disciplina intelectual que não se ganha a não ser praticando-a.
Isto é, precisamente, o que a “educação bancária” não estimula. Pelo contrário, sua tônica reside fundamentalmente em matar nos educandos a curiosidade, o espírito investigador, a criatividade. Sua “disciplina” é a disciplina para a ingenuidade em face do texto, não para a indispensável criticidade.
Este procedimento ingênuo ao qual o educando é submetido, ao lado de outros fatores, pode explicar as fugas ao texto, que fazem os estudantes, cuja leitura se torna puramente mecânica, enquanto, pela imaginação se deslocam para outras situações. O que se lhes pede afinal, não é a compreensão do conteúdo, mas a sua memorização. Em lugar de ser o texto e sua compreensão, o desafio passa a ser a memorização do mesmo. Se o estudante consegue fazê-lo, terá respondido ao desafio.
Numa visão crítica, as coisas se passam diferentemente. O que estuda se sente desafiado pelo texto em sua totalidade e seu objetivo é apropriar-se de sua significação profunda.
Esta postura crítica, fundamental, indispensável ao ato de estudar, requer de quem a ela se dedica:
a)      Que assuma o papel de sujeito deste ato
Isto significa que é impossível um estudo sério se o que estuda se pões em face do texto como se estivesse magnetizado pela palavra do autor, à qual emprestasse uma força mágica. Se se comporta passivamente, “domesticadamente”, procurando apenas memorizar as afirmações do autor. Se se deixar “invadir” pelo que afirma o autor. Se se transforma numa “vasilha” que deve ser enchido pelos conteúdos que ele retira do texto para pôr dentro de si mesmo.
Estudar seriamente um texto é estudar o estudo de quem, estudando, o escreveu. É perceber o condicionamento histórico-sociológico do conhecimento. É buscar as relações entre o conteúdo em estudo e outras dimensões afins do conhecimento. Estudar é uma forma de reinventar, de recriar, de reescrever – tarefa do sujeito e não de objeto. Desta maneira, não é possível a quem estuda, numa tal perspectiva, alienar-se ao texto, renunciando assim á sua atitude crítica em face dele.
A atitude crítica no estudo é a mesma que deve ser tomada diante do mundo, da realidade, da existência. Uma atitude do adentramento com a qual se vá alcançado  a razão de ser dos fatos cada vez mais lucidamente.
Um texto estará tão melhor estudado quanto, na medida em que dele se tenha uma visão global, e ele se volte, delimitando suas dimensões parciais. O retorno ao livro para esta delimitação aclara a significação de sua globalidade.
Ao exercitar o ato de delimitar os núcleos centrais do texto que em interação, constituem sua unidade, o leitor crítico irá surpreender todo um conjunto temático, nem sempre explicitado no índice da obra. A demarcação destes temas deve atender também ao quadro referencial de interesse do sujeito leitor.
Assim é que, diante de um livro, este sujeito leitor pode ser despertado por um trecho que lhe provoca uma série de reflexões em torno de uma temática que o preocupa e que não é necessariamente a de que trata o livro em apreço. Suspeitada a possível relação entre o trecho lido e sua preocupação, é o caso, então de fixar-se na análise do texto, buscando o nexo entre seu conteúdo e o objeto de estudo sobre que se encontra trabalhando. Impõe-se-lhe uma exigência: analisar o conteúdo do trecho em questão, em sua relação com os precedentes e com os que a ele se seguem, evitando, assim trair o pensamento do autor em sua totalidade.
Constatada a relação entre o trecho em estudo e sua preocupação, deve separá-lo de seu conjunto, transcrevendo-se em uma ficha com um título que o identifique com o objeto específico de seu estudo. Nestas circunstâncias, ora pode deter-se, imediatamente, em reflexões a propósito das possibilidades que o trecho lhe oferece, ora pode seguir a leitura geral do texto, fixando outras que lhe possam aportar novas meditações.
Em última análise, o estudo sério de um livro como de um artigo de revista implica não somente numa penetração crítica em seu conteúdo básico, mas também numa sensibilidade aguda, numa permanente inquietação intelectual, num estado de predisposição à busca.
b)      Que o ato de estudar no fundo, é uma atitude em frente ao mundo.
Esta é a razão pela qual o ato de estudar não se reduz à relação leitor-livro, ou leitor-texto.
Os livros em verdade refletem o enfrentamento de SUS autores com o mundo. Expressam este enfrentamento. E ainda quando os autores fujam da realidade concreta estarão expressando a sua maneira deformada de enfrentá-la. Estudar é também e, sobretudo pensar a prática, e pensar a prática é a melhor maneira de pensar certo. Desta forma, quem estuda não deve perder nenhuma oportunidade em suas relações com os outros, com a realidade, para assumir uma postura curiosa: a de quem pergunta, a de quem indaga, a de quem busca.
O exercício desta postura curiosa termina por torná-la ágil, o que resulta um aproveitamento maior da curiosidade mesma.
Assim é que se impõe o registro constante das observações realizadas durante uma certa prática; durante as simples conversações. O Registro das idéias que se tem e pelas quais se é “assaltado”, não raras vezes quando se caminha só por uma rua. Registros que passam a constituir o que Wright Mills chama de “fichas de idéias”.
Estas idéias e estas observações, devidamente fichadas, passam a constituir desafios que devem ser respondidos por quem os registra.
Quase sempre, ao se transformarem na incidência da reflexão dos que as anotam, estas idéias os remetem a leituras de texto com que podem instrumentar-se para seguir em sua reflexão.
C) Que o estudo de um tema específico exige do estudante que se ponha, tanto quanto possível, a par da bibliografia a que se refere o tema ou ao objeto de sua inquietude.
d) Que o ato de estudar é assumir uma relação de diálogo com o autor do texto, cuja mediação se encontra nos temas de que ele trata. Esta relação dialógica implica na percepção de condicionamento histórico-sociológico e ideológico do autor, nem sempre o mesmo do leitor.
e) Que o ato de estudar demanda humildade.
Se o que estuda assume realmente uma posição humilde, coerente com atitude crítica, não se sente diminuído se encontra dificuldades, às vezes grandes, para penetrar na significação mais profunda do texto. Humilde e crítico, sabe que o texto, na razão mesma em que é um desafio, pode estar mais além de sua capacidade de resposta. Nem sempre o texto se dá facilmente ao leitor.
Neste caso, o que deve fazer é reconhecer a necessidade de melhor instrumentar-se para voltar ao texto em condições de entendê-lo. Não adianta passar a página de um livro se sua compreensão não foi alcançada. A compreensão de um texto não é algo que se recebe de presente. Exige trabalho paciente de quem por ele se sente problematizado.
Não se mede estudo pelo número de páginas lidas numa noite ou pela quantidade de livros lidos num semestre.
Estudar não é um ato de consumir idéias, mas de criá-las e recriá-las.

Responda as questões com suas próprias palavras:

1)      Qual a crítica central que Paulo Freire faz no texto? Por que ele faz esta crítica?

2)      Na visão do autor, o que é fundamental para uma leitura ser útil? Por que?

3)      Que dicas Paulo Freire nos dá para que o estudo seja mais efetivo e libertador? Dê exemplos dentro dos 5 passos que ele sugere.

4)      Qual a opinião de vocês sobre este texto? Quais os pontos positivos e negativos em sua visão pessoal? Ele é útil para suas vidas? Justifique.


2 ANO

TEMA: TRABALHO - 2 anos
 
VISÃO FILOSÓFICA
Trabalho: ação transformadora da realidade que se distingue da ação animal porque é dirigida por um projeto (antecipação da ação pelo pensamento), é deliberada, intencional. Pelo trabalho é estabelecida uma relação dialética entre teoria e prática, o que possibilita o aperfeiçoamento dos meios de trabalho e do próprio homem. Estabelecem-se relações mutáveis que alteram a maneira humana de perceber, pensar e de sentir, gerando um processo histórico. Isto tudo só é possível porque o homem possui a linguagem, pois é por meio dela que é capaz de representar simbolicamente o mundo, torná-lo presente no pensamento e comunicar-se com outros homens. Assim, o trabalho só pode ser entendido como uma atividade essencialmente coletiva, situada em um contexto histórico-cultural.

VISÃO HISTÓRICO-CULTURAL:
Sociedades tribais: A idéia de trabalho como coisa separada não existe nessas sociedades. Ele não tem um valor em si do tipo “O trabalho dignifica o Homem”. As atividades vinculadas à produção estão associadas aos ritos, mitos, ao sistema de parentesco, às festas, às artes, enfim a toda vida social, política, religiosa e econômica. Não há uma separação cronológica do tipo: “hora de trabalhar, hora de festejar, hora de descansar”.
A divisão social do trabalho é baseada em fatores biológicos (sexo, idade) não existindo classes sociais. Não existe a idéia de produzir mais para poupar/ acumular riqueza. Para eles a riqueza está na vida e na forma como passam os dias. Ela é uma dádiva da natureza e não uma conquista do homem.
Sociedade Greco-Romana: A etimologia da palavra trabalho vem do vocábulo latino “tripalium”: aparelho de tortura formado por 3 paus. Daí verifica-se a associação do conceito de trabalho com pena, sofrimento. Os gregos faziam uma distinção clara entre o trabalho braçal de quem labuta na terra (dos escravos e camponeses), o trabalho manual do artesão e a atividade do cidadão que discute e procura, através do debate, resolver os problemas da sociedade. Esta última não era vista propriamente como trabalho. Assim, nesta cultura, o trabalho era visto como indigno ao ser humano por cercear sua liberdade, autonomia e virtudes (intelectual e contemplativa).
Sociedade Feudal: Na concepção feudal, baseada na igreja católica, o trabalho era uma maldição (mito de Adão e Eva) e deveria acontecer somente na quantidade necessária à sobrevivência. Como era a salvação individual que importava, o trabalho era desqualificado, uma vez que impedia, a quem o executava, uma constante meditação e contemplação (formas de se chegar mais perto de Deus).
Idade Moderna: Somente com a ascensão da burguesia que o trabalho (manual ou intelectual) passa a ter um valor positivo. Os pilares, moral e teórico, que legitimaram esta nova visão foram:
Reforma Protestante: Max Weber considerava que nela estava contido “o espírito do capitalismo”. Nesta concepção o trabalho passa a ser valorizado como fundamento de toda a vida, constituindo uma virtude e o principal caminho para a salvação. A profissão se torna vocação e a preguiça perniciosa, contrária à ordem natural. A acumulação de riqueza é valorizada na medida em que é reinvestida gerando mais emprego. Ela só é condenada se levar ao desfrute ostentatório e à ociosidade
            Ditos populares incorporados na nossa cultura: “Deus ajuda quem cedo madruga” / “A ociosidade é mãe de todos os males”/ “Mente vazia oficina do diabo”/ “De grão em grão a galinha enche o papo”.
Iluminismo: Com o desenvolvimento tecnológico e científico que começa a surgir desde o Renascimento, o homem deixa de ser visto como um animal meramente teórico para ser também sujeito ativo, construtor e criador do mundo. A partir do séc. XVIII os iluministas exaltam o domínio do homem sobre a natureza e pela primeira vez na história ocidental Adam Smith enxerga no trabalho humano a fonte de toda a riqueza social e de todo valor.
Bibliografia consultada:
·         Iniciação a Sociologia – Nelson Dacio Tomazi
·         O que é trabalho – Suzana Albornoz – Coleção Primeiros Passos
·         Filosofando – M. L. Aranha e M. H. Martins – Ed. Moderna

Responda usando suas próprias palavras:
1)      Em que reside a diferença entre a atividade animal e o trabalho humano?
2)      Por que os seres humanos são capazes de transformar?
3)      Por que o trabalho só pode ser compreendido dentro de um contexto histórico-cultural?
4)      Por que o trabalho era desvalorizado nas sociedades greco-romana e feudal?
5)      Compare a visão de trabalho nas sociedades tribais com a nossa. O que esta comparação pode nos ensinar um pouco mais sobre onde estamos?

3 ANO

TEXTO PARA O 3 ANO

A FÁBULA DOS PORCOS ASSADOS
 Original de G. Cirigliano - Trad. e Adaptação Silvio Laganá

Uma das possíveis variantes do velho conto sobre a origem do churrasco é esta: Certa vez aconteceu um incêndio em uma floresta onde havia porcos. Naturalmente ficaram assados. Os homens, acostumados a comer carne crua, provaram e os acharam muito gostosos. A partir daí, todas as vezes que queriam comer porcos assados ateavam fogo numa floresta... Até que descobriram um novo método. O que eu quero contar aqui, no entanto, é o que aconteceu quando tentou-se modificar o SISTEMA, para implantar um novo.
Já fazia algum tempo que as coisas não andavam bem; os animais muitas vezes se carbonizam, outras ficavam parcialmente crus, outras vezes ficavam de tal maneira queimados que se tornava impossível utilizá-los na alimentação.Considerando que era um procedimento montado em grande escala preocupava muito a todos, pois se o Sistema falhava tanto, as perdas eram muito grandes. Milhares de pessoas alimentavam-se desta carne assada, e também eram milhares os que tinham ocupações ligadas a esta atividade. Consequentemente o SISTEMA não deveria falhar. Curiosamente, no entanto, à mediada que a escala aumentava, mais parecida falhar e maiores perdas causava. Em função das deficiências, aumentavam as queixas. Já era um requisito geral a necessidade de reformar profundamente O SISTEMA. Tanta era esta necessidade que todos os anos se realizavam Congressos, Seminários, conferências, Jornadas para achar a solução. Apesar disso, parece que não se conseguia achar uma forma para melhorar o mecanismo, porque no ano seguinte voltavam a acontecer os Congressos, seminários, Conferências, Jornadas etc.
As causas do fracasso do SISTEMA, de acordo com os especialistas, deviam atribuir-se ou à Indisciplina dos porcos ou à inconstante natureza do fogo (tão difícil de controlar), às arvores excessivamente verdes, ou à umidade da terra, ou ainda ao Serviço de Informações Meteorológicas que não acertava com o lugar, o momento ou a quantidade de Chuvas, ou...As causas eram – como se vê – difíceis de determinar porque na verdade O SISTEMA para assar porcos ora muito complexo: havia-se montado uma grande estrutura; uma grande maquinaria com inumeráveis variáveis, havia-se institucionalizado. Havia Indivíduos encarregados de acender: os Igníferos, que por sua vez eram especialistas setoriais. Acendedores de zona norte, de zona oeste, etc., acendedor noturno, diurno com especialização matinal ou vespertina, acendedor de verão, de inverno (com várias disputas sindicais sobre as jurisdições do outono e da primavera). Havia especialistas em vento: os anemotécnicos. Havia um Diretor Geral de Assamento e Alimentação Assada, um Diretor de Técnicas Ígneas (com seu Conselho Geral de Assessores), um administrador Geral de Florestamento Incendiável, uma Comissão Nacional de treinamento Profissional em Porcologia, um Instituto superior de Cultura e Técnicas Alimentares (I.S.C.T.A.) e a AGORIO (Agencia Orientadora de Reformas Ígneo-Operativas).
A AGORIO era tão grande que tinha um Inspetor de Reformas por Ca 7.000 porcos, aproximadamente. Era precisamente a AGORIO quem proporcionava anualmente os congressos, Seminários, Conferencias e Jornadas. No entanto estas ações pareciam só aumentar a burocracia da AGORIO. Havia-se projetado e se achava em pleno desenvolvimento a formação de novos bosques e selvas, seguindo as últimas orientações técnicas (em regiões especialmente escolhidas, em função de determinadas orientações, onde os ventos não sopravam mais que três horas seguidas, onde era reduzido o percentual de umidade, etc.). Havia milhares de pessoas trabalhando na preparação destes bosques que deveriam estar prontos para incendiar em determinadas datas. Havia especialistas da Europa e dos Estados Unidos, estudando a Importação dos melhores arbustos, árvores, madeiras e sementes; de melhores e mais potentes fogos; estudando idéias operativas – (ex.: como fazer poços para que caíssem os porcos), etc. Além disso, havia grandes instalações para conservar os porcos antes do incêndio, mecanismos para deixá-los sair no momento preciso técnicos em sua alimentação.
Havia especialistas na construção de estábulos para os porcos; professores formadores de especialistas na construção de estábulos para os porcos; universidades que preparavam os professores formadores dos especialistas em construção de estábulos para os porcos; pesquisadores que oferecem o fruto do seu trabalho as universidades que preparam os professores formadores dos especialistas em construções de estábulos para os porcos, fundações que apoiavam os pesquisadores que ofereciam o fruto do seu trabalho às universidades que preparavam os professores formadores dos especialistas em construção de estábulos para os porcos, etc.
As soluções que os Congressos sugeriam eram exemplos: aplicar triangularmente o fogo de V a-1 pela velocidade do vento sul; soltar os porcos quinze minutos antes que o fogo médio do bosque alcance os 47oC; outros diziam que era necessário instalar grandes ventiladores que serviram para orientar a direção do fogo.  E outras sugestões similares. Nem precisa dizer que pouquíssimos especialistas estavam de acordo entre si, e cada um deles tinha pesquisas e dados para comprovar suas afirmações.
Certo dia o Ignífero categoria SO/D-M/V-Ch (ou seja, acendedor de bosques com especialidade sudoeste, diurno-matinal, especializado em verão-chuvoso) chamado de João Bom Senso, disse que o problema era muito fácil de resolver. Tudo se resumia, segundo ele, que em primeiro lugar se matasse o porco escolhido, se limpasse e cortasse adequadamente e em seguida o dispusesse numa grelha metálica ou armação sobre umas brasas até que por efeito do calor e não de chama, cozinhasse e assasse ao ponto.
 – MATAR? - exclamou indignado o Administrador de Florestamento. - Como vamos conseguir que as pessoas matem? Hoje em dia quem mata é o fogo! Nós matarmos? Nunca!!!
Informado, o Diretor Geral de Assado, mandou-o chamar. Perguntou-lhe que coisas estranhas andava falando por aí e depois de escutá-lo, disse-lhe:
 – O que o Senhor diz está correto, mas só na teoria. Não irá nunca funcionar na prática, na verdade é impraticável. Vejamos, o que fará o senhor com os Anemotécnicos se por acaso se acatar a sua sugestão?
– Não sei. - Respondeu o João.
– Onde vão trabalhar os acendedores das diferentes especialidades?
– Não sei.
– E os especialistas em sementes, em madeiras? E os planejadores de estábulos de sete andares, com suas novas máquinas limpadoras e as pulverizadoras automáticas de perfume?
– Não sei
– E os indivíduos que foram ao exterior para aperfeiçoar-se durante anos. E cuja formação custou tanto ao país, - vou colocá-los a limpar porquinhos?
– Não sei.
– E os que se especializaram na participação e organização de Congressos, Seminários, Jornadas para a Reforma e o Melhoramento do Sistema, seu resolve tudo, que faço com eles?
– Não sei.
– O senhor se dá conta agora que a sua não é a solução que todos necessitamos? O senhor não acha que se tudo fosse tão simples os nossos especialistas já não teriam sugerido esta solução? Vejamos – quais os autores que dizem isto? Quais as autoridades que podem apoiar a sua sugestão? O senhor deve imaginar que eu não posso chegar para os Engenheiros em Anemotécnica e dizer que tudo é uma questão de colocar umas brasas sem chamas. Que é que eu faço com os bosques que foram preparados e estão prontos para serem queimados? Que só dispõem de madeira apta para o fogo e cujas árvores não produzem frutos, cuja escassez de folhas não serve para fazer sombra? Que é que eu faço? Diga-me!
– Não sei.
– Que é que eu faço com a Comissão Redatora do Programa do Assado, com seus Departamentos de classificação e Seleção de Porcos, Arquitetura Funcional de Estábulos, estatística e População, etc.?
– Não sei.
– Diga-me uma coisa. O Engenheiro em porcopirotecnia, o Professor Doutor J.C. da Grande Figura é uma personalidade científica extraordinária?
– É parece que sim.
– Bom o simples fato de contar com valiosos e extraordinários engenheiros em porcopirotecnia já indica que O SISTEMA é bom. Que é que eu faço com Indivíduos tão valiosos?
– Viu? O que o senhor tem que me trazer é uma solução para melhor utilizar os anemotécnicos, como conseguir mais rapidamente acendedores do oeste que é nossa maior dificuldade, como fazer melhores estábulos de oito andares em vez de somente sete como agora. DEVE-SE MELHORAR O QUE JÁ TEMOS E NUNCA MUDÁ-LO. Traga-me uma proposta para que nossos bolsistas na Europa custem menos, ou como fazer uma boa revista para estimular uma analise profunda do problema da reforma do Assado. É isto o que necessitamos. É isto que o país necessita. O que lhe falta é sensatez, meu caro Senhor Bom Senso. Diga-me, por exemplo, que é que eu faço com meu bom amigo (e parente) o Presidente da Comissão para o estudo do Aproveitamento Integral dos Resíduos dos Ex-Bosques?
– Na verdade, estou perplexo. – Disse João Bom Senso.
– Bom. Agora que conhece bem o problema, não vá por aí dizendo que o senhor resolve tudo. Agora o senhor vê que o problema é muito mais sério e não tão simples como imaginava. Uma pessoa de baixo e de fora diz. – “Eu ajeito tudo.”, deve-se estar dentro para conhecer o problema e as dificuldades. Cá entre nós, recomendo que não insista na sua idéia porque poderá trazer-lhe dificuldades com o seu cargo. Não é por mim! Falo Isto para seu bem, porque eu até entendo seu plano, mas poderá encontrar outro superior menos compreensivo, o Senhor sabe como são às vezes, não é?
O pobre João Bom Senso não abriu mais o bico. Sem despedir-se, entre assustado e aparvalhado, com a sensação de estar andando cabisbaixo, saiu e nunca mais foi encontrado. Não se sabe para onde foi.
Por isto que se diz que nas tarefas de reforma e melhoramento do Sistema, falta BOM SENSO.

ROTEIRO PARA ANÁLISE DO TEXTO:
1) Que críticas esta sátira faz a nossa sociedade?
2) Por que a proposta do João Bom Senso não foi aceita? Cite pelo menos 2 motivos.
3) O que João Bom Senso poderia fazer para levar sua idéia adiante? Detalhe passo a passo como sua ação política poderia ter efetividade. (pelo menos 4 passos)
 

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